terça-feira, 13 de dezembro de 2011

CONVERSA DE BOTEQUIM


O Macário Batista estava em Sobral e resolveu subir a Serra Grande. Na volta trouxe esta foto e a história  sobre um remédio para esquecer. O que ele ouviu em Ubajara:




Raimundo Mendes foi vereador em Ubajara. Depois de três meses longe dos copos, sentou à mesa e pediu um copo grande. Alto. Mandou botar pinga. Faltando três dedos, pediu pra completar com conhaque de alcatrão. Espremeu um limão e preparou-se. 

Um curioso, e sempre tem um numa bodega, perguntou: Raimundinho, que receita é esta? – O conhaque com limão  é pra matar minha gripe. O resto é pra esquecer minhas dívidas. E virou.

Gordurinha e seu conjunto - Praça do Ferreira



Por luciano Hortêncio


A Praça do Ferreira, ponto mais central de Fortaleza, é afamada, dentre outras coisas, pelo forte vento que, quando as moças e senhoras ainda usavam saias rodadas e com muito pano, as levantava fatalmente, para alegria e brincadeira da moçada que ficava plantada no cruzamento da rua Guilherme Rocha e Major Facundo, conhecida como a esquina do pecado. 

Gordurinha, compositor baiano e seu parceiro Nelinho, utilizaram esse fato conhecido por todos os fortalezenses e compuseram o divertido baião Praça do Ferreira, em 1961. 

A interpretação é de Gorturinha e seu conjunto. Passados cinquenta anos, Fortaleza, invadida por gigantescos edifícios, já não tem aquele "ventinho bom" que caracterizava toda a cidade e fazia peraltices na Praça. Mesmo assim o local é frequentado por incontáveis fortalezenses, sobretudo ao final da tarde, onde se encontra o pessoal da terceira idade e os aposentados, a fim de bater papo e " tomar uma fresca".

NO TEMPO DOS CORONÉIS

Mais de uma semana antes de ser lançado, o livro de J. Ciro Saraiva," No Tempo dos Coroneis", ja provocou a primeira polemica:

Um filho do ex-secretario de Polícia, cel. Clovis Alexandrino, nega, através de jornais, que seu pai tenha perseguido os deputados cassados pela Assembléia, em 1964.  Para ele, isso não ocorreu. O livro, entretanto, está apoiado em depoimentos inquestionáveis, feitos polos ex-deputados Aquiles Peres Mota e Blanchard Girão.

Segundo o texto do livro, que chega ao público a partir do proximo dia 15, na longa e penosa espera para que se praticasse o ato de cassação, o Secretário de Polícia aproximou-se do deputado Aquiles Peres Mota e falou sem rodeios:

- Ou voces cassam esses deputados até as 23 horas ou nós entramos nessa m..."
       
Aquiles - conta Ciro Saraiva, atento a todos os detalhes - procurou de imediato Barros dos Santos, líder do Governo Virgilio Tavora  e lhe transmitiu a intimação. Sempre de branco e com a frieza que jamais perdeu em toda sua vida, Barros dos Santos foi incisivo e obediente na resposta: 

- Vamos cassar, vamos cassar....

CEARENSES ILUSTRES


Dois cearenses estão na lista eleita  pela revista Época  das cem personalidades mais influentes do ano no Brasil. São pessoas que se destacaram durante o ano pelo poder, pelo talento, pelas realizações, pela capacidade de mobilizar. 

Entre os líderes está o Procurador Geral da República Roberto Gurgel. Ele exerce sólida liderança no Ministério Público Federal. Esse cearense, segundo a revista, transmite ao país um exemplo de honestidade e profunda formação intelectual.

Roberto Gurgel e Wilson Ibiapina

O outro cearense que está na lista dos Cem brasileiros mais influentes de 2011 é Ivens Dias Branco, o maior fabricante de massas e biscoitos do país e da América Latina. Quarto do mundo. São 12 fábricas em sete estados. 

Suas empresas têm um dossiê de certificações de qualidade e geram cerca de 17 mil empregos diretos. Ele é um dos mais sólidos capitães de industria do país, sensível à realidade que o cerca. O detalhe é que o texto da Revista Época, apresentando Ivens Dias Branco, é assinado pelo Governador do Estado, Cid Gomes.
Ivens Dias Branco recebendo título de Cidadão de Salvador

FORTALEZA SEM MEMÓRIA: O CASTELO DO PLÁCIDO




O comerciante Plácido de Carvalho era proprietário de muitos terrenos no centro da Cidade de Fortaleza. 


Em uma de suas viagens a Europa, conheceu na Itália a jovem Pierina Giovanni, a quem propôs casamento e vinda para o Brasil. Como insistiu muito, a jovem condicionou sua vinda à construção de um palácio para residência do casal.

Plácido adquiriu a planta de um castelo na Itália e o fez construir em Fortaleza, por João Sabóia Barbosa, na Avenida Santos Dumont, entre as ruas Carlos Vasconcelos e Rua Monsenhor Bruno, volta de 1912.

Pierina e Plácido se casaram e viveram juntos até a morte de Plácido, em 1935. Em 1974 o castelo do Plácido foi vendido para o grupo Romcy, que construiu um supermercado.


Na iminência de seu tombamento, o Castelo foi demolido da noite para o dia. 


Passaram-se os anos e o terreno ficou abandonado até que o governo o desapropriou e nele construiu a Central de Artesanato Luiza Távora.






sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

SOBRAL POR MARCONDES SAMPAIO


Porque me ufano da minha aldeia.



Marcondes Sampaio homenageando Sobral:


Cosmopolita, nova rica, a minha aldeia.

Tem torres gêmeas, isculbus, arco do triunfo.

E francês e inglês é o que fala todo mundo.

Nas águas frias, muito salmão, trutas a mãos cheias.

E, se duvidarem, avista-se alguma perdida baleia.

Lazer é o golf, o cricket, o polo, o vôlei de areia.

E olimpica piscina que o grande rio margeia,

Onde, sem escamas, nadam as mais belas sereias.

Na serra azulada, sua periferia, a aldeia veraneia.




HALMALO SILVA NA CAPITAL




O fotógrafo e amigo Hermínio Oliveira registrou meu encontro, no Ki-filé,  com o famoso narrador esportivo Halmalo Silva, que durante anos trabalhou na imprensa crearense. 


Quando eu fui trabalhar na Rádio Tupy, do Rio, no começo dos anos 70,  ele estava se desligando para ir para Fortaleza. Foi editor de esporte do jornal Diário do Nordeste e narrou futebol na Ceará Rádio Clube, Rádio Iracema, Dragão do Mar, Uirapuru Rádio Povo e na Tv Ceará. De volta ao Rio, comandou as jornadas esportivas da Rede Manchete de Televisão.

Quem pensa que ele pendurou as chuteiras, se engana. Atualmente trabalha na assessoria de comunicação do governo do Rio de Janeiro. Halmalo esteve em Brasilia visitando seus irmãos que moram na Capital, entre eles, Hailton Silva, diretor de Programação da TV Globo.

Hailton, conhecido na intimidade por Tostão, também  tem um vozeirão que usou no rádio paulista e brasiliense, inclusive como noticiarista da rádio Nacional, ao lado de Carlos Campbel.

O SAL DA BARRIGA DO DEFUNTO



No Comitê de Imprensa da Assembléia Legislativa do Ceará, quando não tem sessão, os jornalistas matam o tempo contando causos e relembrando fatos inusitados que aconteceram com eles ou com amigos. O jornalista José Maria, hoje Jomar Campos, que foi um grande animador cultural em Ubajara nos anos 60, e um exímio dançarino, sempre tem uma pra contar. 

Essa aí que você vai ler o Macário Batista anotou e mandou aqui pro blog:

"Jomar Campos, Raimundão da Barra e Pedro Chico, primo do Wilson Ibiapina, andavam bebericando de a pé na estrada de Ibiapina pra Ubajara. Na ponte sobre o Jaburu, na saída de  Ibiapina conseguiram com um pescador, cinco piabas que assariam na primeira trempe.

Neblina baixa que escurecia ainda mais a noite, deixou passar uma luzinha lá no fundo. Na casinha de taipa, uma sentinela. Três parentes puxavam “inselências” pro defunto entrar no céu. Os três chegaram, deram os pêsames, perguntaram de que morreu a morta e, sem qualquer maior cuidado deixaram ver o litro de cachaça que haviam ganho do Mano Portela, na Ibiapina. Zelosos perguntaram pra dona da casa e da defunta, se havia como assar aqueles peixinhos, que era pra tirar o gosto. A mulher só disse que não tinha sal. Mas o sal apareceu pelas mãos do Pedro Chico. 

No interior quando o morto tá com a barriga crescida o costume é botar um pires de sal na altura do umbigo que a barriga baixa. Mas, de repente, um dos que botavam sentido na morta gritou: Roubaram o sal da barriga do defunto! Era o tempero do Pedro Chico."

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

FRANCIS VALLE REPERCUTE O ARTIGO DE NELSON MOTA




Amigos do Conversa Piaba,


Já havia lido esse artigo na Folha. Realmente, é interessante ver a comparação que ele faz entre os orientais e nós, ocidentais. Tem uma questão cultural que vem de longe. No Brasil, os  portugueses, depois de matarem e tomarem as terras dos índios, estupravam as índias e beneficiavam os filhos da violência com privilégios na hora de  preencher cargos públicos.Os portugueses implantaram o que se chama "patrimonialismo". Traduzindo: formação de patrimônio privado, a partir de recursos públicos, sorrateiramente desviados.


A mesma coisa fizeram os "comunistas"do Leste Europeu. Desviaram o patrimônio do Estado Soviético para camaradas bem posicionados no Poder, que se tornaram os novos capitalistas dos diversos países que compunham a antiga URSS. E também nos outros países que os comunistas tomaram dos nazistas na Europa.


Realmente, antes da Lei vem a Ética. Num mundo de alta competitividade e apelos ao consumismo nos meios de comunicação, a praga patrimonialista tende a aumentar. De outra parte, a impunidade. Prendem dezenas, lotam aviões para conduzir a Brasília. Pouco tempo depois, estão soltos. E nada de devolver o que roubaram. Marcha contra a Corrupção? Está fora de foco.


A Grande Marcha deveria ser de apoio à Ministra Eliane Calmon, que foi no foco e colocou o dedo na ferida. Por conta disso, ficou queimada no meio da magistratura.

Quem solta os bandidos por meio de habeas corpus de  fundamentos duvidosos? Não é o Legislativo nem o Executivo. Daí o descrédito no Poder Judiciário, que estimula a violência e o crime, pois as pessoas passam a fazer justiça com as próprias mãos e/ou avançam no patrimônio alheio, sabendo que não serão alcançados, pois sabem da morosidade ou da complacência daquele Poder.


Sem uma faxina nesse Poder, dificilmente alguma coisa mudará. Você conheceu a Justiça do tempo do Ferreirinha. Vê se era igual à de hoje? 

Abraços


Francis

OS DESAVERGONHADOS


A criminalidade e a corrupção aumentam no país. Veja a causa neste artigo do Nelson Mota: 

Clique na foto para ampliar.


PRA QUE SERVE A CLASSE MÉDIA




PERSONAGENS:

Jean Baptiste Colbert - ministro de estado de Luis XIV.
(Reims, 29 de Agosto de 1619 – Paris, 06 de Setembro de 1683)

 Jules Mazarin - nascido na Itália, foi cardeal e primeiro ministro da França.
(Pescina, 14 de julho de 1602 — 9 de março de 1661)


- ColbertPara encontrar dinheiro, há um momento em que enganar (o contribuinte) já não é possível. Eu gostaria, Senhor Superintendente, que me explicasse como é que é possível continuar a gastar, quando já se está endividado até ao pescoço...

- MazarinSe se é um simples mortal, claro está, quando se está coberto de dívidas, vai-se parar à prisão.. Mas o Estado... o Estado, esse, é diferente!!! Não se pode mandar o Estado para a prisão. Então, ele continua a endividar-se... todos os Estados o fazem!

- ColbertAh, sim? O Senhor acha isso mesmo? Contudo, precisamos de dinheiro. E como é que havemos de o obter se já criámos todos os impostos imagináveis?

- MazarinCriam-se outros.

- ColbertMas já não podemos lançar mais impostos sobre os pobres.

- MazarinSim, é impossível.

- ColbertE então...os ricos?

- Mazarin: Os ricos também não. Eles não gastariam mais. Um rico que gasta faz viver centenas de pobres..

- ColbertEntão, como havemos de fazer?

- MazarinColbert! Tu pensas como um queijo, como um penico de um doente! Há uma quantidade enorme de gente situada entre os ricos e os pobres: os que trabalham sonhando em vir a enriquecer e temendo ficarem pobres. É a esses que devemos lançar mais impostos, cada vez mais, sempre mais! Esses, quanto mais lhes tirarmos mais eles trabalharão para compensarem o que lhes tiramos. É um reservatório inesgotável!

Extraído de “Diálogos de Estado”

domingo, 4 de dezembro de 2011

Nota divulgada pela Presidência da República sobre a morte de Sócrates

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Notas Oficiais

Nota de pesar da presidente Dilma Rousseff pelo falecimento do jogador Sócrates
04/12/2011 às 12h55

O Brasil perde um de seus filhos mais queridos, o doutor Sócrates. Nos campos, com seu talento e seus toques sofisticados, foi um gênio do futebol, a ponto de ser considerado o melhor jogador sul-americano de 1983, e ser escolhido pela FIFA, em 2004, como um dos 125 melhores jogadores vivos da história. Como jogador do Corinthians, deu muitas alegrias à torcida.

Além de ídolo do futebol, Sócrates foi um campeão da cidadania. Fora dos campos, nunca se omitiu. Foi um brasileiro atuante politicamente, preocupado com o seu povo e o seu país. Procurando o bem-estar de seus companheiros, ajudou  a implantar um sistema democrático no clube em que atuava. Participou também ativamente da campanha pelas Diretas-Já e de outros momentos importantes da redemocratização do país.

Lamento a perda de um grande brasileiro e envio meu abraço solidário a seus parentes, amigos e admiradores.

Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil

Sócrates era filho de cearense, deixou amigos em Fortaleza como o cantor e compositor  Raimundo Fagner e o arquiteto Totonho Laprovitera, que escreveu no blog dele essa nota que transcrevemos abaixo.


Doutor Sócrates

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira


- Totonho, você é um homem sem identidade! - Pegando a deixa, disse o Magrão.

Foi o seguinte. Em mil novecentos e noventa e pouco, Sócrates veio ao Ceará para passar uns dias e, anfitrionado pelo Fagner, o primeiro compromisso do ex-jogador da seleção brasileira não podia deixar de ter sido uma boa pelada de futebol. Pois bem, nos encontramos e combinamos de ir em dois carros: no do Fagner e no meu. Magrão escolheu de ir comigo e eu avisei pra ele que há pouco eu havia perdido a minha carteira com todos os documentos. Foi quando ele fez valer a sua espirituosa veia de filho de cearense que era e me mandou a tirada com a qual eu comecei esta história.

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira e eu, fomos apresentados pelo Fagner e, desde aí, não nos perdemos mais de vista. Quando demorávamos a nos visitar, nos telefonávamos e lembro sempre dele falando de maneira arrastada, caricaturizando o linguajar cearense, ao me cumprimentar:

- Totooonho... Cadê você, meu bichim?...
- Magrãããooo... Tô aqui, mortim de saudade do amigo véi... - Eu respondia.

Aí, dávamos aquela gargalhada e cobrávamos de nos vermos.

Quando o Magrão vinha à Fortaleza, quase sempre era assim: hospedava-se em hotel, mas tomava o café da manhã aqui em casa. Chegava pelas nove, pedia o computador para escrever sua coluna e ficava trabalhando até meio-dia, mais ou menos. Ficava só, à vontade, e ao voltarmos pra casa, na hora do almoço, deparávamos com os vestígios da sua presença na cozinha da casa, pelo deixado castelo metálico bem construído com latinhas vazias.

São muitas histórias com o inesquecível Sócrates. Certa vez, eu inventei de comprar um Puma. Diziam os amigos que o carro me dava status de colecionador de automóveis antigos. A verdade não era bem essa. Na época, liso eu estava e a oportunidade da aquisição do esportivo me caiu baratamente bem. Nele, fomos ao bar do Vaval e quando o Magrão entrou no bólido, grandalhão que só, parecia mais que estava era vestindo o automóvel. Foi engraçado, mas conseguimos ir e voltar tranquilos.

O FAMOSO AZULEJO DE TOLEDO

Este é o famoso azulejo de Toledo!




Para que não tenham dúvidas... Esta é a sua tradução para português:

A SOCIEDADE É ASSIM:
O POBRE TRABALHA,
O RICO EXPLORA-O,
O SOLDADO DEFENDE OS DOIS,
O CONTRIBUINTE PAGA PELOS TRÊS,
O VAGABUNDO DESCANSA PELOS QUATRO,
O BÊBADO BEBE PELOS CINCO,
O BANQUEIRO ESFOLA OS SEIS,
O ADVOGADO ENGANA OS SETE,
O MÉDICO MATA OS OITO,
O COVEIRO ENTERRA OS NOVE,
 E O POLÍTICO VIVE DOS DEZ !

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

MANHÃ CARIOCA






O DIA A DIA DE UM REPÓRTER


Essas considerações estão na Internet sem assinatura do autor. Coisa de jornalista.

Qual o jornalista que nunca perdeu  tempo procurando um telefone num  bloquinho velho de anotações? Que nunca esqueceu o nome de um entrevistado? Trocou o nome de um entrevistado? Nunca prometeu largar o jornalismo por um emprego decente? Acabou a noite num bar para comemorar... para comemorar o que mesmo?

Teve um branco em frente à tela do computador? Perdeu um texto inteiro que tinha esquecido de salvar? Passou a madrugada escrevendo um frila para entregar no dia seguinte bem cedinho?

Qual jornalista nunca disse “mês, faz isso comigo, não, acaba logo, vai, por favor”? Ficou todo babão com uma matéria publicada? Fez uma merda enorme e passou o resto do dia se sentindo mal? Ganhou um elogio e passou o resto do dia se sentindo bem? Pensou em ganhar dinheiro escrevendo um blog? Fez um belo nariz-de-cera? Achou que sabia mais do que realmente sabia? Tomou chá de cadeira de entrevistado? Precisou explicar para um tio que, embora seja jornalista, não trabalha na Globo? Ficou com preguiça de ouvir a gravação de uma entrevista? Saiu frustrado de uma coletiva por não ter tido tempo ou coragem de fazer uma pergunta? Teve dúvida sobre como escrever “exceção”? Cochilou numa aula de Teoria da Comunicação na faculdade? Se arrependeu de aceitar um frila trabalhoso por uma merreca de grana? Caiu de pára-quedas numa pauta? Teve uma pauta que caiu na última hora? Sentiu medo de não conseguir terminar um texto até o deadline? Chegou atrasado a uma pauta? 

Qual o jornalista que nunca foi chamado de jornaleiro na família? Almoçou porcaria na padoca? Deixou de almoçar? Folgou numa terça ou quarta-feira? Contou uma piadinha num velório de famoso? Xingou um assessor de imprensa em pensamento? Teve sensação de poder com uma credencial no pescoço? Ganhou jabá bem chinfrim? Trabalhou até em sonho? Se imaginou escrevendo “a matéria”, daquelas de mudar os rumos do país? Recorreu ao “até o fechamento desta edição fulano de tal não foi encontrado”? Passou um carnaval ou um ano-novo de plantão? Pensou em trocar de editoria? 

Qual jornalista nunca se iludiu? Nunca se desiludiu? Se desiludiu um pouquinho mais? Reclamou do salário? Falou mal de outro jornalista? Comprou rifa com nome de mulher para ajudar algum motorista? Pensou em ganhar um prêmio? Uma menção honrosa? Foi a uma pauta só para paquerar um(a) repórter de outro jornal? Desistiu de trocar o jornalismo por um emprego decente? Qual jornalista nunca se sentiu um pouco bipolar?

NÃO FUI MORRER


Sebastião Neri

Desci em Fortaleza, peguei um taxi :

- Por favor, para o palácio.
- O senhor vai ver o governador Parsifal Barroso?
- Tenho uma entrevista marcada com ele. Sou jornalista.
- Moço, o doutor Parsifal é um homem muito bom, muito serio, muito honrado, muito culto, fala muitas línguas, toca piano, mas, se o senhor permite um palpite, eu acho que o senhor deve falar também com a esposa dele. Quem manda no Ceará é a mulher de Parsifal, dona Olga.
A manchete da matéria já ficou roendo minha cabeça : - Quem manda no Ceará é a mulher de Parsifal.

Precisava conferir, embora eu já soubesse que o melhor repórter de uma cidade é motorista de aeroporto e rodoviária.


PARSIFAL
Fui, conversei longamente com o governador. A cada pergunta ele dava uma resposta de cinco minutos, ela falava vinte, trinta. Depois, passei três dias na cidade, hospedado no velho hotel San Pedro, no centro, ouvindo politicos e jornalistas e conclui que o motorista tinha razão.

Baixinho, calvo, de bigode, Parsifal começou a vida como jornalista, redator do jornal “O Estado”, de Fortaleza. No segundo ano de Direito, fez concurso para professor de Quimica no Liceu, tirou o primeiro lugar com a tese “As Teorias de Geber”, mas não tomou posse por não ter 21 anos. No ano seguinte, nomeado catedrático de alemão no mesmo colégio. Já tinha 21.

Foi professor de Filosofia e Economia da Faculdade de Filosofia e Ciências Econômicas do Ceará. Em 1947, constituinte estadual, em 1950 deputado federal e em 1954 senador, sempre pelo PSD. De 56 a 58, ministro do Trabalho de Juscelino, indicado pela Igreja. Em 58, governador.

(Quando deixou o governo do Estado, foi deputado federal de 1971 a 77 e ministro Conselheiro do Tribunal de Contas do Distrito Federal. Morreu em abril de 1986).      

DONA OLGA
Parsifal era um padrão de simpatia, elegância e honradez, mas na hora de decidir a palavra final era sempre a opinião da primeira dama, dona Olga, inteligente e competente, filha do poderoso coronel Chico Monte.

Voltei a Salvador, “A Tarde” publicou a matéria assinada na primeira pagina (era a primeira vez, nos seus quase 70 anos, que “A Tarde” publicava reportagem assinada na primeira página) :

- “Quem Manda no Ceará é a Mulher de Parsifal”.
Dois dias depois, o jornal “O Povo”, da UDN de Paulo Sarrazate, que comandava a oposição no Ceará, transcreveu minha reportagem na integra, dando-lhe a manchete da primeira pagina, em letras garrafais:

“Jornalista Baiano Comprova: – Quem Manda no Ceará é a Mulher de Parsifal”.

TELEGRAMAS
Mais um dia, entrei no jornal, havia um telegrama para mim:
- “Jornalista Sebastião Nery, jornal “A Tarde”, Salvador :    
“Governador e eu indignados. Venha morrer no Ceará.
(Assinado) Themistocles de Castro e Silva, assessor de imprensa do Governo do Estado do Ceará”.

Desci ao telegrafo, que ficava ao lado do jornal, respondi:
- “Jornalista Themistocles de Castro e Silva, assessor de imprensa do Governo do Ceará: – Não vou”.

(Assinado) Sebastião Nery.
E não fui.


THEMISTOCLES
Não fui, continuei vivo e nunca mais vi o Themistocles. Em janeiro de 1975, estava eu na democrática Assembléia Legislativa do Ceará (eu era um deputado cassado, sem direitos políticos, e os cassados não podiam participar de nenhuma atividade política), lançando meu livro “As 16 Derrotas Que Abalaram o Brasil”, sobre as eleições de 15 de novembro de 1974, em que a oposição, o MDB, tinha acabado de derrotar o governo militar, a Arena, elegendo 16 senadores contra 6 da Arena, quando vejo o Themistocles, alto, elegante, garboso, cabeleira cheia, entrando no plenário.

Pensei no pior. Ele podia, quinze anos depois, querer dar o troco da entrevista de 1960. Continuei autografando os livros para a fila enorme, mas de olho nele. Foi chegando, abriu os braços com um sorriso enorme :

- Que bom, Nery, que você não veio morrer no Ceará.

E me deu um forte abraço. Mais: pegou o microfone e fez um belo discurso, sobretudo sobre meu livro anterior,“Socialismo com Liberdade”.

No fim de semana, estava eu em Jaguaquara, interior da Bahia, meu sempre amigo Paes de Andrade me telefonou de Fortaleza: o Themistocles tinha acabado de morrer. Esta coluna é uma saudade e um abraço pago.

O NOME DOS BRASILEIROS



O Brasil tem mais de 13 milhões de Marias. 7 milhões de Zés
e mais Antônio que João.

O levantamento também traz algumas curiosidades, como o fato de o nome Luiz, com “z”, ser três vezes mais usado do que Luís, com “s”. A lista inclui ao todo os 50 nomes mais utilizados no país. Veja abaixo os dez primeiros do ranking:

1 – Maria – 13.356.965
2 – José – 7.781.515
3 – Antônio – 3.550.752
4 – João – 2.988.744
5 – Francisco – 2.242.146
6 – Ana – 1.996.377
7 – Luiz – 1.541.895
8 – Paulo – 1.416.768
9 – Carlos – 1.384.201
10 – Manoel – 1.334.182

CEDO NA LABUTA


Wilson Ibiapina na redação da TV BRASIL às 5 da manhã. 

Homenagem 80 anos Wilson Ibiapina