
Sente aí, vamos conversar. O blog é pra gente se aproximar, trocar idéias, divulgar crônicas, contos, reportagens, poesias. Alguma coisa desse material que inunda a Internet e roda pelo mundo, será mostrada aqui, também, a título de curiosidade. Portanto, vamos ter material pra ler e pra ver. Essa conversa fiada seria, a princípio, entre amigos, mas quem controla essa coisa?. E já que você chegou até aqui, se aveche, não . Pode ficar à vontade. Lembre que você está em casa.
quinta-feira, 28 de outubro de 2010
A CULTURA DE BRASÍLIA ESTÁ DE LUTO

segunda-feira, 25 de outubro de 2010
DEU NO MACÁRIO: PIABA NA REALEZA

RÁDIO IRACEMA - A VOZ DO MAR

"São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual - uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e filhos ao saber das estações.
Sim, são doces as rotas que reconduzem o homem à sua pátria, e tão mais doces quanto mais ele teve, viu e conheceu outras pátrias de outros homens. Assim eu, ausente pela segunda vez de uma ausência de muitos anos quando, dentro da noite a bordo, os dedos a revirar o dial do ondas-curtas, aguardava o primeiro balbucio de minha pátria como um pai à espera da primeira palavra do seu filho. O coração batia-me como batera um dia, à poesia sonhada, ou como um outra vez, diante de uns olhos de mulher.
- O Sr. Tem certeza de que isso é mesmo um ondas-curtas?
O camareiro norueguês, grande e tranqüilo, limitou-se a sorrir misteriosamente. Depois, humano, inclinou-se sobre o aparelho, o ouvido atento, e pôs-se a tentar por sua vez. As ondas sonoras iam e vinham verrumando a minha angústia.
Onde estava ela, a minha pátria que não vinha falar comigo ali dentro do mar escuro?
E de repente foi uma voz que mal se distinguia, balbuciando bolhas de éter, mas pensei no meio delas distinguir um nome: o nome de Iracema. Não tinha certeza, mas pareceu-me ouvir o nome de Iracema entre os estertores espásmicos do aparelho receptor.
Deus do céu! Seria mesmo o nome de Iracema?
Era sim, porque logo depois chegou a afirmar-se, mas quase imperceptível, como se pronunciado por um gnomo montado em minha orelha. Era o nome de Iracema, da Rádio Iracema, de Fortaleza, a emissora dos lábios de mel, que sai mar afora, enfrentando os espaços oceânicos varridos de vento para trazer a um homem saudoso o primeiro gosto de sua pátria.
Adorável prefixo noturno, nunca te esquecerei! Foste mais uma vez essa coisa primeira tão única como o primeiro amigo, a primeira namorada, o primeiro poema. E a ti eu direi: é possível que o Padre Vieira esteja certo ao dizer que a ausência é, depois da morte, a maior causa da morte de amor. Mas não do amor à terra onde se cresceu e se plantou raízes, à terra a cuja imagem e semelhança se foi feito e onde um dia, num pequeno lote, se espera poder nunca mais esperar.
Agosto de 1953. Vinicius de Moraes, Para uma menina com uma flor.
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
REFLEXÕES SOBRE O JORNALISMO
Marcelo Canellas
Estudantes secundaristas vivem querendo me arrancar uma fórmula de farmácia sobre o jornalismo. É que tenho 44 anos e estou, supostamente, na idade de dar conselhos. Qualquer besteira que eu diga tem a atenuante da experiência. Mesmo assim fico constrangido em dizer a um adolescente o que ele tem de fazer para ser jornalista. Eu não tenho a mínima ideia se o que serviu para mim servirá para ele. Eu sou muito indeciso, e precisei fazer um ano de agronomia para ter certeza de que queria mesmo ser jornalista. Não vou aconselhar um garoto a fazer o que fiz; a faculdade de agronomia é importante demais para ser pista de testes de vocações sob suspeita.
Simplifiquemos: quanto você lê? Se você lê muito, pode ser jornalista. Jornalistas que não leem ou leem pouco costumam ser profissionais medíocres, porque a língua é a grande ferramenta de nossa profissão. Para viver da escrita é preciso dominá-la. Mas nem todo mundo que gosta de ler precisa ser jornalista. Então pergunto: você tem uma vontade irresistível de elucidar um acontecimento obscuro, de revelar um fato curioso, de entender o que se passa a sua volta transformar isso tudo em relato inteligível? Então pode ser que você seja um bom jornalista um dia. Embora isso também não baste.
Você é inquieto, curioso, crítico? Você tem apreço pelas minúcias, pelos detalhes que passam despercebidos? Você desconfia das aparências? Se a resposta for sim, você está quase habilitado a se tornar um repórter. Digo quase porque há outra exigência decisiva: a independência intelectual. Jornalista é um sujeito de pensamento livre. Essa nossa profissão não é para vacas de presépio. As redações saudáveis são aquelas em que as divergências de seus profissionais são discutidas abertamente até que a força jornalística de um fato ou de uma cobertura se imponha por si própria. O jornalismo é insubmisso, não aceita encilhamento ideológico. Reportagem com interesse político ou econômico por detrás costuma ser desmascarada pelo próprio leitor, ouvinte ou telespectador, que reconhece o embuste quando há proselitismo demais e reportagem de menos.
Por fim, a pergunta fundamental: você quer mudar o mundo mas tem humildade para saber que não pode fazê-lo sozinho? Você acredita que o ser humano nasceu para ser livre? Então, boa faculdade de jornalismo. Nos veremos por aí um dia nas pautas da vida.
JORNALISTAS
- O presidente está muito bem, tem completo controle das Forças Armadas e reina a calma em todo o país.
No dia seguinte, Jânio renunciou.
JORNALISTAS: Ossos do ofício
O jornalista Odalves Lima, primo do Fernando César Mesquita, era do tempo do jornalismo boêmio. Tomava todas, mas a bebida nunca lhe prejudicou no trabalho. Chegou a passar meses brigando com ele mesmo, quando nos anos 50 escrevia os editorais dos jornais O Povo e Estado, de Fortaleza. Pela manhã, ele atacava o governo, no matutino Estado, que fazia oposição. À tarde, defendia o governo nas páginas do vespertino O Povo, que pertencia ao então governador Paulo Sarasate.
terça-feira, 5 de outubro de 2010
A FEIRA DE FORTALEZA

Quem não gosta de uma feira livre? Quando menino o que mais curtia, nas férias em Ubajara, interior do Ceará, era acordar ao som dos carros de boi. Eles saiam dos sítios rumo à cidade,na manhã dos domingos, carregados de rapadura, farinha, frutas, chapeus de palha e peças de artesanto. Cantando ou gemendo,como todo bom carro de boi, acordava todo mundo bem cedo. Andar entre as bancas e barracas olhando os produtos à venda, era uma diversão que passava de pai para filho. A origem da feira no Brasil confunde-se com a própria história do país. Chegou com os primeiros portugueses.
A mais antiga feira de que se tem notícia em Portugal, segundo o Google, começou em 1229, e acontecia três vezes ao ano na freguesia de Castelo Mendo, no município de Almeida. Mas este tipo de evento comercial só ganhou força a partir de 1776, com incentivos do governo do Marquês de Pombal, que mais tarde traria o costume para o Brasil.
Hoje, em Lisboa, você tem, entre outras,a feira da Ladra, que me foi apresentada pelo fotógrafo Orlando Brito. As feiras de Cascais e de Carcavelos. Iguais as de Ubajara, e a qualquer feira livre do país, fazem a alegria de qualquer consumidor mais exigente.
Os comerciantes se instalam em barracas, colocam seus produtos em estrados ou pequenos boxes e metem a boca no trombone, anunciando mercadoria e preço. Em plena era da informática, com a economia globalizada, as feiras que representaram papel importante no renascimento do comércio resistem ao tempo.
Em Fortaleza, a feira livre tradicional é que começa a ceder espaço a um novo topo de mercado livre. É uma feira ao contrário. No lugar de você sair andando atrás dos produtos, os feirantes é que acorrem até você. Esse novo tipo de comércio está se desenvolvendo na orla marítima da capital cearense e funciona nas barracas instaladas ao longo das praias.
Você senta debaixo de uma barraca, pede um drinque ou uma água de coco. O cardápio de comidas é extenso. Enquanto você vai saboreando, os vendedores começam a aparecer. Quase aos berros, vão oferecendo, todo tipo de comida (ostra, camarão, rapadura, queijo assado, tapioca, castanha de caju, sardinha, numa concorrência com a barraca estabelecida). Anotei alguns produtos que foram oferecidos em minha mesa: "rede para fazer menino... dormir", canga, camisa de time de futebol, picolés, óculos, salada de frutas, roupas, chapéus,bonés, brinquedos, artesanato, bijuterias, bronzeador, massagens, passeio de barco, saida de praia, tatuagem, sandalias, tenis, pipas, bóias, bilhete de loteria, capa para celular, CDs piratas, DVDs idem, caixinha mágica, cigarros, almofadas para relax, bolsas, panôs, protetor solar e uma infinidade de outros produtos, sem contar com aqueles que os chineses estão vendendo em tudo quanto é canto.
Os turistas estrangeiros são os que mais se encantam com as mercadorias oferecidas ao som da viola de repentistas que cantam versos de improviso enaltecendo os visitantes. Até mulheres desfilam diante dos olhares atentos dos turistas. Por qualquer quantia elas se transformam em agradáveis companhias e até mesmo amantes. É o turismo sexual fazendo parte da feira diferente. Aliás, quando essa prática se estabelece traz consequencias nefastas. Estigmatizadas como paraísos sexuais, essas áreas reduzem a demanda de visitantes que sabem que junto com essa modalidade de turismo vem o uso de drogas,e a violência.
Os camelôs que há anos transformam as ruas de Fortaleza num verdadeiro mercado persa, descobriram essa nova forma de comércio na areia da praia. Como até hoje as autoridades não conseguiram organizar a atividade desses mascates, nas ruas da cidade, parece que eles vão inundar as barracas de praia por muito tempo. O comércio informal, diferente, é interessante, mas tira o sossego de qualquer cristão que só quer bater um papo, tomando um drinque na beira do mar.
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