Wilson ibiapina
Kiwi |
Um dia perguntei ao teatrólogo B de Paiva se ele queria provar Kiwi, uma fruta que veio da China cheia de vitaminas A e E, que pode diminuir o risco de doenças cancerígenas e circulatórias. Melhora o sistema imunológico além de contribuir para equilibrar a tensão arterial. Em meio a tamanha propaganda, B de Paiva pergunta se tem no Ceará.
Diante da resposta negativa, ele rejeita a fruta que é uma delicia até para fazer caipirinha. Alega que está velho para andar experimentando novos sabores. Também, sem esses rigores do José Maria Bezerra de Paiva, não sou muito chegado a andar por aí provando novas frutas. Fui criado no Ceará chupando cana-de-açúcar, comendo jaca, mamão, chupando manga, caju, siriguela e pitomba que são indispensáveis como tira-gosto.
Siriguela |
Ainda adolescente, de férias em Ubajara, na Serra da Ibiapaba, nosso programa era invadir sítios para se deliciar com as frutas. Nossas famílias tinham propriedades com pomares, mas a aventura era justamente o perigo que corríamos. Florival Miranda, Milton, Aristides, Tozim, Rubens, geralmente éramos flagrados pelos empregados dos sítios que nos perseguiam com espingardas de sal. Só faltávamos desmaiar com o ardor provocado pelo tiro de sal. Depois íamos tomar banho de rio e beber refresco de maracujá ou laranja no bar do Pedro, duas bebidas que ele servia, também, como tira-gosto.
A ata, tangerina, abacate, banana e graviola faziam a nossa alegria junto com o ananás, uma espécie de abacaxi que se desenvolve em clima frio, como o da Serra Grande. No sertão cearense é comum a macaúba, que aparece de maio a janeiro. Tem jenipapo e jatobá que a gente fazia de conta que era boi nas nossas brincadeiras de criança. O Pequi aparece no Cariri, mas foi em Brasília que fui provar essa fruta de cheiro forte e cor amarela que surge entre novembro e fevereiro. O goiano é alucinado por Pequi, que tem caroço cheio de espinhos, um perigo para quem não tem costume de saboreá-lo.
Uva, maçã e pera eram frutas raras e caras. Lá em casa só eram consumidas por quem estivesse doente.
As frutas exóticas, como abacaxi do cerrado, araticum, baru, araçá, buriti, cagaita que a gente só encontra no cerrado do centro oeste são transformadas em deliciosos sorvetes que são oferecidos na Sorbê, que fica na 405 Norte em Brasília. A dona da sorveteria, Rita Medeiros, que é jornalista, já escreveu um livro "Gastronomia do Cerrado, onde ensina o passo-a-passo de alguns pratos e indica o contato de algumas cooperativas e associações. O Site Cerratinga diz que o "resultado de seu trabalho é a valorização e conservação do bioma, geração de renda e inclusão social de famílias que fornecem a matéria-prima, produtos com rico valor nutricional, sem falar em um cardápio para além de gostoso."
Uma outra fruta daqui do centro-oeste é a Jabuticaba. É encontrada em toda a região. Em Hidrolândia, município goiano que fica a 236 quilômetros de Brasília, existe um sitio com 43 mil pés de jabuticaba. Você paga uns 30 reais e chupa jabuticaba o dia inteiro, enquanto aguentar. Aliás, o dono do sitio, lança um desafio: se você conseguir chupar uma jabuticaba de cada pé, ele passa o sitio para o seu nome.
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