terça-feira, 2 de julho de 2013

O ADEUS AO REI DA NOITE



Jorge Ferreira não tinha nem 60 anos.Trabalhava feito doido e começava a ver o resultado de seu esforço. Casa em Brasília, apartamento no Rio, viagens ao exterior, compondo, escrevendo, diversificando os negócios. 

No auge da vida, feliz com a família, com os negócios. com os amigos, com ele mesmo. Aí vem  a morte e corta o destino, tudo.  

Lá se foi o Jorjão, seus sonhos, sua verve, sua vida. Aos que  ficamos só resta lamentar. Uma porrada que derrubou a família, os amigos. Parece feitiço.


“Eu vim para Brasília, 25 anos atrás, por amor. E hoje continuo amando a mesma mulher, Denise, que foi a causa de minha mudança de Juiz de Fora para cá. E, claro, amo também a cidade que adotei.” 

O comentário é de Jorge Ferreira, sociólogo, professor e líder sindical. Nascido em Cruzília (MG), virou um brasiliense da mais pura cepa. Hoje, é mais conhecido como o Jorjão do Feitiço Mineiro, o bar e restaurante de cozinha mineira, instalado na Asa Norte e que, desde 1989, tornou-se ponto de referência de boa comida, bebida e, sobretudo, música ao vivo.

Na verdade, hoje ele é bem mais do que o Jorjão do Feitiço. Seu “império” agrega nada menos que dez bares e restaurantes, com sócios diferentes.

Em 1985, contratado como professor durante a gestão do jornalista Pompeu de Souza na Secretaria de Educação de Brasília, no governo José Aparecido, Jorjão foi o responsável pela reintrodução do ensino de Sociologia na rede pública. Sua vida começou a mudar no começo de 1988. Demitido por ter liderado uma greve de professores, aceitou a proposta de um primo para ficar sócio de uma pizzaria na Asa Norte. No ano seguinte, abriu o Feitiço em uma loja vizinha. “A burguesia não quis que eu continuasse lecionando. E virei empresário meio que no tapa”, ri. No final de 1998, Jorjão, até então ligado à política e às atividades sindicais, decidiu que era a hora de tornar-se empresário em tempo integral. “Conversei com minha mulher e decidimos ir com tudo”, conta. “A Denise, que trabalhava na Câmara Federal, largou o emprego e virou a administradora de tudo.”

No ano passado, Jorjão lançou um livro de contos, com projeto gráfico de Ziraldo e volta e meia promove eventos culturais na cidade que ama. E não se esquece da crise institucional que Brasília vive hoje.

“Temos de expurgar nossa cidade desse grupo que a comanda em benefício de alguns e não de todos nós”, opina. “É preciso passar a limpo e retomar o sonho de JK.”


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