domingo, 3 de abril de 2016

UM MAIAKÓVSKI NO CAMINHO DO POETA

Fluminense Eduardo Alves da Costa - Um engano imperdoável


"Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada".

Durante anos apresentei, li e divulguei o  poema como sendo do russo Vladimir Maiakóvski. Nem é também de Brecht. A confusão deve ter surgido por causa do título que o fluminense de Niterói  Eduardo Alves Costa deu a seu poema "Caminho com Maiakóvski", que é também o título do livro que publica o poema. 

Soares Feitosa escreve no Jornal de Poesia que a situação foi resolvida graças à novela das oito, da Rede Globo,  uma confusão de 30 anos. Escrito nos anos 60 pelo poeta fluminense Eduardo Alves da Costa, 67, o poema "No Caminho, com Maiakóvski" era (quase) sempre creditado ao russo Vladimir Maiakóvski (1893-1930).

Em "Mulheres Apaixonadas", Helena (Christiane Torloni) leu um trecho do poema, dando o crédito correto. Foi o suficiente para reavivar a polêmica -resolvida dois capítulos depois, em que a autoria de Costa foi reafirmada- e, de quebra, fazer surgir uma proposta de reeditar o poema, para aproveitar a exposição no horário nobre.

Livro combinado, a noite de autógrafos será na novela. "Pedi que apresse e me mande até o dia 10. Quero lançar aqui", diz Manoel Carlos, autor de "Mulheres". 

Eduardo Alves da Costa falou ao jornal Folha de S.Paulo:


Folha - Durante mais de 30 anos acreditaram que o poema era de Maiakóvski. Isso não o incomoda?
Costa - Era uma enxurrada muito grande. Saiu em jornais com crédito para Maiakóvski. Fizeram até camisetas na época das Diretas-Já. Virou símbolo da luta contra o regime militar.

Folha - Como surgiu o engano?

Costa -O poema saiu em jornais universitários, nos anos 70. O psicanalista Roberto Freire incluiu em um livro dele e deu crédito ao russo e me colocou como tradutor. Mas já encomendei da França a obra completa do Maiakóvski. Quando alguém me questionar, entrego os cinco volumes e mando achar o poema lá.

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