Seu Nestor
bem que não queria aquela mulher na fazenda. Sabia que um dia ia ter problema.
A moça chegou com o marido que ia ser vaqueiro em uma de suas três fazendas
alí, perto de Araxá.
Solteirão
inveterado, tinha uma namorada em cada lugar. Procurava se aproximar de jovens
solteiras, belas e sem compromisso. Mas ali estava Matilde, exuberante, nova,
mas casada com um caboclo forte e destemido.
Matilde
tinha pernas grossas, seios firmes. Uma mulher calipigia, que andava
distribuindo simpatia de leste a oeste, como diria o escritor Durval Aires.
Rosto bonito, pele morena, uma deusa perdida naquele interiorzão de meu Deus.
Sentia seu cheiro de longe, mistura de alfazema, jasmim, cheiro de mulher no
cio. Nunca soube direito o que ela exalava, sabia apenas que o deixava pensando
besteira.
Seu Nestor
passou a visitar a fazenda onde estava Matilde com mais frequência. Ficava mais
de uma semana, o que há muito tempo não fazia nas outras duas que recebiam
visitas rápidas. Só o tempo de pagar o pessoal e deixar algumas orientações.
No
começo, o velho fazendeiro, mostrava-se discreto. Só se aproximava da moça
quando não tinha ninguém por perto. Mas agora, agia como se estivesse
invisível. Cochichava a todo instante, jogava o braço em seu ombro, um chamego
que chamava a atenção de todos. Um dia, numa dessas visitas, foi abordado pelo
vaqueiro, marido de Matilde.
– Seu Nestor, preciso falar a sós com o senhor. E
é urgente.
Pronto, ia acontecer o que ele imaginara
quando ela chegou. O marido descobriu e lá vem confusão. Seu Nestor colocou o
revólver na cintura e chamou o vaqueiro pra conversar. O destemido vaqueiro,
não usou arrodeio nem mediu as palavras, foi logo dizendo:
- Seu Nestor, tô com
a impressão que a Matilde tá nos traindo.
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