Wilson ibiapina
Brasília chega aos 52 anos. Quem está aqui há mais tempo, nota logo que nem parece mais aquela cidade, inocente, dos anos 60. Em artigo na revista Veja, para mostrar a pureza que já caracterizou a Capital da República, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo lembra uma história ocorrida quando a cidade, ainda em construção, abrigava sua população no Núcleo Bandeirante, na época Cidade Livre. Parecia o far west dos filmes americanos. Atraia, como até hoje atraí, gente de tudo quanto é canto.
Uma condessa polonesa, de nome Tarnowska, uma jovem e bela mulher, era a dona do cinema. Um dia, contava ela, ao exibir “ E DEUS CRIOU A MULHER”, as senhoras e senhoritas eram convidadas a deixar a sala no momento em que Brigitte Bardot começava se despir. Terminada a cena de nudez, paravam a projeção, chamavam as mulheres de volta e reiniciavam a exibição do filme. Era o pudor que dominava Brasília.
Assim como se vê nos filmes sobre a conquista do oeste americano, as pessoas que continuam chegando ao planalto central nem sempre estão imbuídas dos melhores propósitos. Teimam em se dar bem por cima de pau e pedra. Chegam como comerciantes, empresários, lobistas e políticos dispostos a qualquer negócio. Essa gente espalha o temor de que, a partir de Brasília, transformem o país numa Cleptocracia, um termo de origem grega, que significa, literalmente, “Estado governado por ladrões”. Segundo o saudoso professor da UnB, Lauro Campos, que foi senador por Brasília, “todos os Estados tendem a se tornar cleptocratas se não ocorrer um combate real pelos cidadãos, em sociedade. A fase “cleptocrática” do Estado ocorre quando a maior parte de sistema público governamental é capturada por pessoas que praticam corrupção política.
O medo é real, procede. Aos 52 anos, a cidade está se descaracterizando com muita rapidez. Uma das ameaças vem da especulação imobiliária que invade as áreas verdes. O Correio Braziliense, maior jornal da cidade, denuncia que “dois terços da vegetação do DF já se transformaram em área urbana.
Esquecem que Brasília foi planejada para ser a Capital, foi tombada assim, desse tamanho. Teimam em aumentar, modificar. O projeto de expansão devia ficar fora dos limites do Plano Piloto. O Distrito Federal era para ser apenas a área administrativa do país. Taí o próprio GDF convocando mais empresas para se instalarem por aqui: “Traga sua empresa para cá e faça grandes negócios”, diz o anuncio de página dupla nas revistas de circulação nacional .
As satélites que no começo não passavam de umas seis cidades dormitórios, já são mais de 30, algumas com vida própria, elas não crescem, incham.
O maior jornal da cidade denuncia: dos 581 mil hectares de cerrado que existiam antes da construção em 1954, sobram pouco mais de 189 mil. E só 10 por cento estão sob proteção.
As ocupações irregulares, crescimento desordenado e expansão agrícola estão entre os vilões que afetam o clima, o abastecimento dágua e a qualidade de vida.
Que futuro aguarda Brasília, quando não se vê um gesto, uma mobilização para dar um freio na devastação? Cresce, também, o temor de que a cidade fique sem o título de Patrimonio da Humanidade.
Toninho Malta.
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