terça-feira, 10 de julho de 2012

MUITAS CLARICES



                                                                 João Soares Neto


Recebo um pacote em casa. Carlos Heitor Cony, no livro “Quase Memória”, trafega com embrulho protegido por barbante em quase todas as páginas e enredo. E sem abri-lo. Abri. Era gesto de delicadeza de Fernanda Coutinho e Vera Moraes, organizadoras da antologia “Clarices”.  Elas oferecem homenagens claricianas, integrantes da legião de apaixonados pela Haia da Ucrânia, dita Clarice, no Brasil.

Fernanda escreve sobre “Clarice e a Infância Jamais Perdida”.  Vera relê a musa em, “O Verde Úmido Subindo em Mim: A mulher e a Magia do Jardim em Clarice Lispector”. Juntas, produziram a “Entrevista com Nádia Battella Gotlib” e “Algumas Questões sobre Clarice Lispector dirigidas à Nadiá Setti”. Em parceria com Maria Elenice Costa Lima, Vera disserta “Inquietudes de Ser Mulher em Laços de Família”. Outros claricianos contribuem com mais 20 ensaios sobre a menina que passou a infância no Recife e vai para o Rio, aos 14. De lá, espraia-se como mulher pelo mundo real e, fulgurante, no da literatura.

Jornalista, Clarice tornou-se a grande, misteriosa e a amada, viva e post mortem, escritora. Casada, teve filhos com o diplomata carioca Maury, da família cearense Gurgel do Amaral. Antes de separar-se, moraram anos na Europa e Estados Unidos, tempo em que  trocava cartas com escritores e amigos brasileiros. Morreu de câncer, aos 57.  O crítico literário José Castello, certa vez, perguntou-lhe: Por que você escreve? Ela respondeu: por que você bebe água? Ele retrucou: para viver. Então, Clarice falou: escrevo para me manter viva.

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