domingo, 24 de fevereiro de 2013

KURT PESSEK




Cel. Rui Pinheiro Silva

Fomos contemporâneos na Escola de Estado-Maior, ele duas turmas na minha frente. Na manhã de 18 de julho de 1972, a Direção de Ensino programara uma Conferência em homenagem ao Presidente Castello Branco, morto há cinco anos e ex-Comandante  daquela Casa. O auditório repleto acomodava todos os Instrutores e alunos, alguns  generais e os docentes civis, dentre os quais Mário Henrique Simonsen. Silêncio... Expectativa sobre o Conferencista. A presença de renomados generais dificultava o palpite. Abrem-se as cortinas e, para surpresa geral, junto ao púlpito está um aluno do 3º ano, jovem Major de Artilharia, paraquedista Kurt Pessek. Foi uma conferência inesquecível e ao terminar, aplaudido de pé, em que pese a discrição militar que é normal nesses atos. 

No decorrer daquele ano, vez ou outra, cumprimentávamo-nos ao cruzar os corredores, ele sempre simpático, não demonstrando a vasta cultura de que era possuidor. Dificilmente era visto usando a boina vermelha e os “red boots”, característicos dos audazes paraquedistas, porém orgulhava-se em sê-lo. Terminou o curso com brilhantismo e seguiu destino. Alguns anos depois, já tenente-coronel, é Assistente-Secretário do General Hugo Abreu, Chefe da Casa Militar do Presidente Geisel. Qual general não gostaria de tê-lo como Assistente? Dentre suas tarefas coordena os jornalistas políticos que trabalham no Planalto, onde faz muitos amigos. 

Porém, em 1978, problemas sérios ocorrem entre o Governo e a Cúpula Militar e, dessa forma, o Kurt é transferido para  o Estado-Maior da 10ª  Região Militar, onde me encontrava. Exerce sua função com proficiência e estreita relações com a área cultural e jornalística. 

Discreto, certa vez, o novo governador, Virgílio Távora, durante uma palestra no Quartel, surpreso, diz do seu contentamento em vê-lo no Ceará e põe-se à sua disposição. Um ano depois, KP já está transferido para a 18ª CSM - Ilhéus-BA e, logo mais para o RS. Consegue retificação para o Rio, e daí, para Brasília, onde pede reserva. Vai ser Diretor-Presidente do jornal Última Hora, onde se houve muito bem.  Até o fim da vida, dedicou-se à cultura, sempre com artigos primorosos e por último publica um dicionário com 800 mil palavras interligadas pela Editora Thesaurus.  Inesperadamente, Deus o convocou para o seu séquito de Heróis.

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