quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

MORRE EM BRASÍLIA KURT PESSEK




O CORONEL QUE GOSTAVA DE POLÍTICA E LITERATURA

Wilson Ibiapina

Um oficial do Exército brasileiro que foi para a reserva com todos os cursos exigidos na carreira. Foi Assistente-secretário do Chefe do Gabinete Militar e membro do Gabinete da Chefia Militar no governo Geisel. Nasceu no Rio. no dia 7 de outubro de 1934 . Deixa viuva, filhos , muitos livros e amigos. Fiquei sabendo de sua morte através do convite missa de sétimo dia que a Academia Brasiliense de Letras publicou no Correio Braziliense.

Pessek ficou conhecido por ter elaborado um plano de fuga para Tancredo Neves diante da ameaça de golpe. Tancredo  lançou candidatura ao colégio eleitoral das eleições indiretas em junho de 1984, dois meses após a derrota da emenda que restabeleceria as eleições diretas para presidente. Ele era considerado por diversos setores da esquerda e por parte significativa dos militares como um candidato de consenso. Nem todos, no entanto, concordavam com isso.

"Nas cúpulas dos quartéis, havia quem dissesse que Tancredo era um homem fraco e que, se vencesse, os comunistas iriam tomar conta de tudo", avalia hoje o senador José Sarney.

Conta a revista Veja que entre todos, o mais temido por Tancredo era Newton Cruz. Os relatórios diziam que ele planejava fazer algo – criar o tal "fato novo" – entre 10 e 20 de novembro, um período em que Tancredo já se considerava virtualmente eleito.  Ao responder a uma pergunta sobre que "fato novo" poderia propiciar um golpe contra a abertura democrática, um dos militares espionados pelos informantes de Tancredo, o brigadeiro Murillo Santos, já falecido, foi claro: "O desaparecimento (morte) do candidato do governo ou do próprio presidente".

O  general mais identificado com o político mineiro era o comandante do III Exército, Leônidas Pires Gonçalves, cuja jurisdição era o Sul do país. Era para lá que Tancredo seria levado em caso de golpe. De acordo com Pessek,  o plano de fuga seria utilizado no caso de um golpe para impedir a posse. Disfarçado, Tancredo fugiria de Brasília num caminhão de mudanças, pegaria um avião teco-teco até Uberlândia – onde o comandante da Polícia Militar era aliado – e, de lá, tomaria um jatinho até Porto Alegre. Ali ficaria sob a guarda de Leônidas. 

Tancredo ouviu detalhadamente o plano de Pessek e disse na ocasião: "O golpe é realmente uma possibilidade, mas tenho fé que esse problema não ocorrerá e, sendo assim, não precisaremos usar o plano". Tancredo Neves se valeu de militares amigos para espionar e neutralizar os radicais .

Kurt Pessek morou em Fortaleza em 1978, para onde foi mandado em represália a sua  atuação em favor da candidatura do general Euler Bentes à presidência do país . Depois foi novamente transferido, desta vez, para Ilhéus, acusado de conversar muito com políticos e jornalistas.

Pessek passou seus últimos anos em Brasília, onde foi diretor presidente do jornal Última Hora de Brasília, diretor Presidente da United International Investigative Services do Brasil Vigilância e Segurança Ltda, diretor da Staff Serviços Técnicos Ltda e presidente do Mutirão Nacional Contra a Violência do Ministério da Justiça, no governo Sarney.

Dedicou-se à literatura. Escreveu vários livros e era membro da Academia Brasiliense de Letras e membro Correspondente da Academia Cearense de Letras.


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