A tarde estava muito quente e o vento soprava devagar quando o amigo Jair Barreira, por telefone, me convida para um ato de solidariedade: comparecer ao enterro de um pracinha, herói da FEB - Força Expedicionária Brasileira - de nome Sebastião que, com noventa anos e dezoito filhos, baixa ao campo santo.
O convite está nos jornais e lá fomos nós. Ao encerramento da missa de corpo presente, algumas palavras do coronel Assis e a inusitada homenagem do coronel Praxedes cantando a bela Canção do Expedicionário que levou todos os presentes às lágrimas. Ao descer à cova, o clarim sufoca os corações com o toque nostálgico do silêncio que ressoa pelo enorme cemitério, já sob os últimos raios do sol que vai se ocultando no poente. A humilde família enlutada, lentamente se dispersa.
Fico pensando: pouco a pouco, vão desaparecendo os pracinhas brasileiros, heróis da 2ª. Grande Guerra. Hoje, o preparo de uma força de paz de mil militares, como a que se destina ao Haiti, onde a ameaça é a de gangues armadas de fuzil, leva 6 meses. Em 1943, para mobilizar 25 mil combatentese prepará-los convenientemente, levou-se um ano, e, olhe que o inimigo era a poderosa Wehrmacht do sanguinário Hitler.
Sem dúvida, a FEB foi a afirmação da dignidade do soldado brasileiro diante da afronta nazista afundando traiçoeiramente nossos navios mercantes eceifando a vida de 2 mil compatriotas. Nossos irmãos e irmãs febianos honraram a Pátria e com o risco e o sacrifício da própria vida souberam deixar uma história de coragem e heroísmo que lentamente, nós todos, fomos deixando cair no esquecimento. Qual o livro de história atual que narra às crianças do nosso tempo as grandes vitórias alcançadas nas terras geladas da Itália pelos nossos combatentes? Nenhum. Pois bem, muitos desses heróis não regressaram ao Brasil para viver as alegrias e as conquistas de uma vida plena, trabalhando e constituindo família e criando seus filhos. Ficaram no campo santo de Pistóia. Os que voltaram, após serem ovacionados nos desfiles convencionais, fora de forma, tchau, passe bem...
Que brasilidade é esta? Por isso, já dizia o padre Antônio Vieira: “se servistes à Pátria que vos foi ingrata, vós fizestes o que devíeis, ela o que costuma”.
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