sexta-feira, 14 de março de 2014

WANDERLEY PEREIRA- O REPÓRTER QUE FAZIA VERSOS






Morreu em Fortaleza, sábado passado, dia 08 de março, aos 71 anos, o jornalista Wanderley Pereira, um dos maiores nomes do jornalismo brasileiro e, seguramente, um dos gigantes de sua geração. 

Seu Wanderley, como era chamado pelos colegas, era grande na competência, no talento e no coração, como lembra Luís Joca.  Wanderley foi da Gazeta de Notícias. Começou lá depois de passar no teste da Muriçoca, como conta o jornalista Rangel Cavalcante, seu primeiro chefe de reportagem:  “Era como um irmão para mim. Desde que o submeti ao "teste da muriçoca"  para ele entrar na Gazeta. O teste era escrever 15 linhas sobre muriçoca. A maioria levava pau logo quando não sabia que o nome do inseto se escrevia com Ç. Nesse teste foram submetidos, com êxito, ele e o Vander Silvio, que se tornaram meus repórteres. Quem inventou esse teste besta foi o Telmo Freitas".  

Wanderley era autoditada. Morava no interior e só aprendeu a ler e escrever aos 15 anos de idade. Querido e respeitado por todos, Wanderley Pereira era a voz da experiência e da sensatez que se alimentava na sua sólida formação espiritual. Quando morou em Brasilia, ele desenvolveu um trabalho de ajuda a velhinhos através de um centro espírita. 

O jornalista paraibano Bartolomeu Rodrigues relembra com saudade do Wanderley e, em sua homenagem, relembra essa história: " No final dos anos 70, recem-chegado a Brasília, fui ter com Wanderley em seu apartamento. Ele, no JB e eu dando os primeiros passos no JBr. Ele me ofereceu uma  boa história, que fui buscar num centro espírita no Núcleo Bandeirante. Escrevi a matéria a mão, em folhas de papel de carta, durante a madrugada no quarto da pensão em que eu morava na 704 Sul. Minha mala servia de escrivaninha. No dia seguinte datilografei-a na redação. Onze laudas. Foi manchete a história de um velhinho que tinha servido na FEB e vivia da caridade dos outros. Foi minha primeira grande reportagem. Presente de Wanderley".

Poeta, repentista, um dia, aqui em Brasília, viu o seu pedido de entrevista ao ministro da Justiça ser negado. Não teve dúvida, em verso de cordel, renovou o pedido que o ministro Armando Falcão, seu conterrâneo, não teve como negar. 

Wanderley exerceu cargos de destaque e passou pelos principais veículos de comunicação do país. Foi repórter da revista Veja, do jornal do Brasil, do jornal O Dia, no Piauí, e do jornal O Povo. Voltou para o Ceará para ser  porta-voz do primeiro governo de Tasso Jereissati. Depois foi  presidente da TVC e, há cerca de duas décadas, trabalhava na TV Jangadeiro, onde foi editor de opinião. Ultimamente, já doente, com problemas no pulmão, dedicava-se a um centro espírita, onde trabalhava para aliviar as dores das pessoas, como se ele mesmo não estivesse morrendo  corroído por um câncer.

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