Rui Pinheiro Silva
O Natal passou e com ele seguiu a nostalgia que sempre me aflige nessa época do ano. Os mais idosos, vão ficando tristes e, mesmo com esforço, não conseguem livrar-se dessa melancolia que lhes maltrata a alma. São lembranças da infância ou do tempo dos filhos, ainda, crianças, quando Papai-Noel à noite vinha colocar ao lado deles aquelas simbólicas dádivas, tão bem acolhidas. Hoje, os meninos cresceram, seguiram suas vidas, formaram suas famílias... Seus filhos, já adolescentes, vão também casando, formando nova geração.
Assim é o ciclo da vida. “Todos estamos aqui de passagem. Viemos observar, aprender, crescer, amar e voltar para casa”, é um dito aborígene australiano que, de vez em quando, recito. As recordações, às vezes, maltratam e trazem lágrimas aos olhos, mas se o amigo não cultiva lembranças da própria vida, dos episódios mais importantes do seu passado, talvez ainda haja tempo de fazê-lo. É necessário e faz muito bem ao coração. Se possível, conte aos filhos e, até à sua mulher, se ela se dispuser a ouvi-lo.
Mas, atenção, se policie, não seja repetitivo, pois é cruel quando isso é passado na cara, por mais simples e desinteressante que tenha sido o acontecimento. As nossas lembranças serão sempre sagradas. Não brinque com o passado de quem é uma pessoa digna, honrada e laboriosa, como é o amigo. Rebele-se, mesmo com moderação. Isto posto, vou presentear aos meus poucos leitores esta pérola do grande poeta gaúcho, Mário Quintana, há pouco desaparecido:
“Brinquedo de Criança ... E nada mais me importa...Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança, Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta Todos os meus brinquedos de criança ... Estrada afora, após, seguí... Mas, aí...
Embora idade e senso eu aparente, Não vos iluda, o velho que aqui vai: Eu quero os meus brinquedos novamente! Sou um pobre menino...acreditai... Que envelheceu, um dia, de repente.”
Meus jovens leitores, se houver:
Quando tiver filhos, ensine-os que os brinquedos de Natal devem ser guardados no escrutínio de suas memórias e a magia e o encanto que eles simbolizam, por certo, haverão de permanecer para sempre nos seus corações.
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