Nem no tempo do Lampião havia tanta insegurança. O homem simples, trabalhador na roça, anda morrendo de medo, como conta o jornalista Nelson Faheina nesta mensagem que enviou para o Conversa Piaba:
"Meu caro Ibiapina: aumenta a falta de segurança na zona rural do Ceará. Os bandidos continuam assaltando Igrejas, escolas, ônibus, velhos, crianças e até agricultores que não têm onde cair mortos.
Zé Lopes da Silva, 72 anos, estava apanhando rama de batata, num pequeno terreno, encravado na serra de Palmácia, para alimentar uma cabra leiteira, quando foi surpreendido por dois bandidos. Armados de revólver, eles espancaram o agricultor porque ele não tinha um só tostão e nenhum objeto. Em seguida mandaram que ele corresse, sem olhar para trás e dispararam vários tiros.
Veja o depoimento de Zé na Delegacia de Polícia: "Seu delegado, com esses dois zói que a terra vai comer, eu vi a morte de perto. Eu corri, com tanta velocidade e medo, que as perna batia na bunda. As balas passava zunindo no meu zuvido. Parecia um inxame de abeia. Acho que foi Deus que butô um tôco na minha frente, prá me livrar das bala.
Dei uma topada e cai de cara no chão. Fiquei muito tempo, sem bater uma só pestana. De repente senti uma coisa lambendo minha zureia. Abri os zói, morto de medo e vi que era Tupy, meu cachorro. Me abracei com ele e comecei a chorar. Fui prá casa, rezando e me tremendo do pé a cabeça.
Quando abracei Zefinha, minha muié, ela disse: Zé que diabo de catinga é essa, home de Deus? Passei a mão no fundo da calça e vi que tava todo borrado. Num tive vergonha do que aconteceu, de ter sujado as calça, aos 72 anos de idade. Tô feliz. Juro pela sete chaga de Cristo que ESCAPEI FEDENDO DA MORTE, FEDENDO MESMO".
Esse fato foi divulgado, com destaque, pelas emissoras de rádio do Maciço de Baturité, no Ceará. Zefinhha, revoltada com a falta de segurança, afirmou: Hoje em dia, quando a polícia chega prá nos proteger, vem sempre acompanhada do rabecão prá levar o morto" Um grande abraço. Nelson Faheina.
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