sábado, 15 de dezembro de 2012

SONHOS DE NATAL





AYRTON ROCHA

''A intermitência do sonho nos permite suportar os dias de trabalho''. (Pablo Neruda)

Um dia eu tive um sonho.
Era noite de Natal.
A neve caía sobre as árvores, dando um encanto àquela noite de paz e de luz.
Através da janela de vidro do meu quarto, eu assistia a aquele espetáculo fantástico da natureza, vendo aquela neve cobrir a terra, transformando a escuridão da noite num clarão da Aurora.
Num clarão do dia.
Eu sonhava através da janela de vidro do meu quarto, que o mundo lá fora era de paz.
Não sei por que, mas a beleza e a suavidade da neve nos traz esta sensação. A sensação de que todas as pessoas, todos os homens que estavam do outro lado da janela de vidro do meu quarto, eram pessoas tão boas, com os mesmos meus sentimentos.
Com a mesma minha ternura.
Com o mesmo espírito de amor, de compreensão e de solidariedade à pessoa humana.
A sensação de que todas as pessoas que estavam do outro lado da janela de vidro do meu quarto traziam no coração o amor, a paixão, o respeito e a esperança que sempre tive em meu coração.
Que as pessoas do outro lado da janela de vidro do meu quarto tivessem as mãos estendidas num gesto de solidariedade a quem necessitasse como as minhas mãos que nunca se fecharam num gesto de amor, solidário e humano.
No meu sonho existia Papai Noel que surgia da neve triste, mas bonita, e entrava pela janela de vidro do meu quarto e que colocava sobre mim, na minha cama e sobre o meu sonho, um presente chamado esperança.
Com este presente chamado Esperança, eu via a beleza da natureza com seus lindos campos verde e suas cascatas que se transformavam em rios cristalinos banhando a terra verde, onde os animais pudessem viver livremente.
Onde os passarinhos tivessem os seus campos frondosos e pudessem cantar em liberdade as suas sinfonias que só eles conseguem compor.
Onde os mares banhassem as suas praias sem a poluição de mãos sujas.
Onde os peixes vivessem o seu mundo encantado de liberdade sem a invasão,
Ao seu meio ambiente.
No meu presente Esperança, as Rosas nasciam todos os dias.
Nenhuma pétala caía.
Nenhuma Rosa morria.
As crianças, todas eram felizes.
Porque eram amadas.
Porque eram respeitadas.
Elas podiam brincar com toda sua alegria, porque tinham brinquedos.
Elas podiam ler lindos livros, porque estudaram.
Elas podiam viver, porque tinham saúde.
Elas podiam amar, porque foram amadas.
Elas cresciam boas, porque nunca foram violentadas.
Elas viravam cidadãs, porque o Estado era governado por cidadãos honrados.
Por cidadãos que não roubavam as riquezas do Estado e do seu povo.
Por cidadãos que faziam as leis em benefício de todos.
Não dois tipos de lei:
A lei para o povo.
A lei para os que fazem as leis.
Os cidadãos que fazem a justiça, os julgadores, além de justos e honrados, davam celeridade a seus atos, não deixando a procrastinação alimentar os insetos e cupins, durante anos e décadas com os processos nos porões dos Tribunais, onde os homens, sem a quem mais recorrer, muitas vezes não viram fazer justiça, pois a morte foi mais rápida que a justiça que tardou.
Que as pessoas do outro lado da minha janela de vidro, onde eu via a neve cair naquela linda noite de Natal, fossem humanas.
Que não fossem os burocratas e tecnocratas da vida que, com uma maldade infinita, emperrando os nossos sonhos.
Que prejudicam ostensivamente, maldosamente e sem nenhum escrúpulo, o pouco de felicidade que tentamos construir.
São os burocratas e tecnocratas da inveja, do recalque, da mediocridade e da ganância, da maldade e da desgraça humana.
Burocratas que jamais fariam falta.
Pelo contrário.
O mundo, as pessoas, seriam mais felizes e menos sofridas se estes torturadores da alma humana deixassem de existir.
Um dia eu tive um sonho.
Era noite de Natal.
A Neve caía sobre o mundo, dando um encanto de paz e amor.
A Neve que caía sobre a janela de vidro do meu quarto, cobria a Intermitência do meu sonho, me permitindo suportar meus dias de trabalho.
Feliz Sonho.
Feliz Natal.

Um comentário:

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