Joelmir Beting |
Wilson Ibiapina
Joelmir foi o jornalista que descomplicou a notícia, principalmente a de economia. Tinha um maneira toda sua de passar a informação num texto lapidar.
Muita gente não sabe que o paulista de Tambaú, Joelmir Beting, antes de ficar famoso como comentarista de economia consagrou-se como cronista esportivo. Foi como repórter esportivo que iniciou a carreira jornalística. Trabalhou nos jornais O Esporte e Diário Popular. Trabalhou tambem na JovemPan, na época rádio Panamericana.
Numa das retrospectivas que a BandNews apresentou sobre sua vida, ouvi o próprio Joelmir contar como marcou seu nome na história do futebol. Era março de 1961. Santos jogava no Maracanã contra o Fluminense. Ganhou de 3x1, sendo que um dos gols foi marcado por Pelé. O Rei driblou seis jogadores do tricolor e fez o gol que impressionou a todos, inclusive o jovem repórter. Ele começou a pensar como imortalizar aquele momento, já que não tinha foto nem filme. Surgiu a ideia de mandar fazer uma placa para colocar na entrada do estádio: “Neste estádio Pelé marcou no dia 5 de março de 1961 o tento mais bonito da história do Maracanã”.
Ele contou que o autor do gol de placa é o Pelé. E fez a frase com o humor que ele carregava: “Nunca fiz um gol de placa, mas fiz a placa do gol”. A partir daí a expressão “gol de placa” ganhou a boca de tudo quanto era locutor esportivo, popularizando Joelmir.
Contou também como foi a troca do esporte pela economia. Segundo ele, aconteceu durante um jogo do Corinthians contra o Palmeiras. Durante a transmissão pela Rádio Panamericana, ele não se segurou e comemorou um gol alviverde, mandando bananas com os braços para a torcida corintiana. Graças a interferência da polícia a torcida não invadiu a cabine da rádio para agredí-lo. O episódio serviu para que percebesse que sua paixão pelo Palmeiras poderia interferir no seu trabalho. Na redação pediu demissão, mas a direção não aceitou. Mesmo assim, ele foi embora e nunca mais voltou.
Joelmir começou sua nova trajetória no jornalismo econômico. Em 1968, entrou na Folha de S. Paulo como editor de economia, e desde então tornou-se referência no assunto. Além dos jornais, Joelmir fez comentários nos telejornais das redes Globo e Band. Escrevia com graça e leveza. Traduzia tudo do economês para uma linguagem simples. Revelou que se a mãe dele entendesse o texto, estava bom, dava pro povão entender. Desenvolveu um estilo. Além de usar palavras compreensíveis, Joelmir recheava seus comentários e colunas de frases e bordões tipo “Quem não deve, não tem”.
Quando o Paraná perdeu a posição de grande produtor de café para Minas Gerais ele escreveu: Isso ocorreu porque em Minas o macuco pia, e em terra que o macuco pia, não gia.”
Luiz Ernesto Kawall, seu grande amigo, lembra que Joelmir viveu sempre inteligentemente entre nós e viajando pelo mundo. Sem esquecer sua máxima: “na prática, a teoria é outra”, título de um de seus livros. Outro livro: Os Juros Subversivos. Deixou a viúva, dois filhos e muitos amigos e seguidores da sua escola de jornalismo que descomplica a economia.
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