segunda-feira, 10 de setembro de 2012

AINDA O USO DO CHAPEU REPERCUTE NO CEARÁ



Desembargador Durval Aires repercutindo o uso do chapéu. Ele usa. 

CHAPÉU É ELEGANTE E PROTEGE CONTRA O SOL E A CHUVA




Muito bom teu último texto postado no blog Conversa Piaba. Na verdade, amigo Ibiapina, passei a usar chapéu recentemente, mas sempre gostei dessa proteção, como também gosto da moda retrô, como gravatas borboletas, (ainda repleta de preconceitos no sentido que o delicado formato é coisa de bichona), suspensórios, enfim, moda de velho que os rapazes de hoje começaram a incremantá-la. 

Como não me considero nem uma coisa nem outra, posso utilizar essas coisas sem muita sofisticação e profundidade no assunto. É que, nas classes médias e subalternas, segundo a Teoria dos Ociosos, (uma crítica dos novos marxistas), muita gente perde um tempo danado estudando vinhos, uvas, tendências de modas e culinárias. São uns caras que gostam de impressionar os leigos, tamanho o conhecimento de nomes, marcas e preferências. Nada contra, mas chapeu é uma predileção. 

Como teu pai, o meu também não usava. O velho Durva gostava de um palitó de linho branco e de óculos Ray Ban, o legítimo, tipo aviador, de lentes bem esverdeadas, com aros folheados a ouro, fabricação inglesa, salvo engano. Meu avô, sim, usava. No interior, ainda se vê muito uso. Outro dia, há tempo, fazia uma audiência e, na hora de ouvir uma testemunha, o escrivão recriminou tal depoente, indicando mais respeito no recinto. E ele, com aquele jeito de matuto esperto, perguntou onde colocaria o chapéu. Sem chapeleira, avisei que ele o mantivesse no mesmo lugar em que foi destinado: na cabeça.

Sim, como estava dizendo, chapéu foi minha preferência antiga. Talvez pela influência dos filmes americanos, como os "bang-bangs", "capa-espadas" ou o clássico Casa Blanca. Acontece que a negrada aqui da magistratura não me perdoria pelo uso fora de moda. A gozação seria total. Logo ganharia apelido (se é que não ganhei, pois, inspirado no Lúcio Brasileiro, também pelas costas, as únicas investidas que devo ter sofrido) -- como o Indiana Jones do Nordeste (personagem do filme Os Caçadores da Arca Perdida), Brossarzinho (ministro aposentado do Supremo que usava um tipo panamá) -- ou seria objeto de perguntas indevidas, coisas do tipo, você tem câncer de pele? Aliás, certa vez, fiz restrição ao registro de um político pelo fato de carregar sua foto, para urna eletrônica, com um chapéu bem tradicional. Chamado para explicar a presepada, ele me confidenciou algo que seus eleitores não podiam suspeitar: que o seu crânio tinha uma abertura. Não era, portanto, uma questão de moda, mas de saúde. É claro que eu, então juiz eleitoral, registrei sua candidatura com chapéu e tudo.

Quando ocupei uma vaga no Tribunal de Justiça, simultaneamente, desocupei duas caixas que guardava junto aos palitós. E aí daquele em pensar no rídiculo. Tudo muda. Agora, é opção séria. A molocagem desaparece. Hoje, muitos que me procuram no gabinete atrás de feitos achados e perdidos, ou de votos, acham perfeito a minha preferência atual. Outros, afirmam maneiros. Há também uns caras que dizem que vão adotá-lo, algo que soa como "voto com o relator". Mentem menos aqueles que dizem que não usam por ser encabulados. Traduzindo: se consideram tímidos. Tem gente pra tudo.

É bom usar chapéu? Bem, como avisou o amigo, definitivamente, chapéu é elegante e, na maioria das vezes, acrescento, tem uma utilidade adicional: protege contra o sol e a chuva.

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