terça-feira, 18 de setembro de 2012

CARTA A VINÍCIUS DE MORAES





 CRÔNICA POEMA

Ayrton Rocha

Meu bom poeta Vinícius
Poeta do amor e da canção
Poeta dos poetas
Poeta da paixão.
Hoje bateu uma saudade grande de ti.
Nós poetas estamos sentindo tua falta por aqui.
Estamos com fome de poemas
E com sede de amor.
O mundo ficou louco
E o amor se transformou em dor.
Acabaram-se os bons tempos
Onde a madrugada era uma criança
E podíamos pegar o sol com as mãos
Hoje, a noite é só violência
E o mundo, um mundo cão.
Os bares estão vazios,
Como vazio está meu coração.
Sinto falta de ti,
Sinto saudades do Tom
Me sinto na solidão.
Nossos bares não existem mais!
O Veloso, “Garota de Ipanema”,
Virou bar com garçons chatos,
Velhos enjoados,
Atendendo a gringos tarados e prepotentes.
No Álvaros e no Degrau,
Hoje somos estranhos no ninho.
O Antonio's fechou
E do Antonino só sobrou à beleza da Lagoa Rodrigo de Freitas
E a saudade que comigo ficou.
Estão faltando mulheres bonitas nas praias de Ipanema,
De Copacabana, nem falar.
Sabe o que é poeta,
Não tem mais Leila Diniz,
A Danuza Leão, agora eu só a vejo
Em suas crônicas e nos seus livros.
Mas em compensação,
A nossa Tônia Carrero,
Fez agora, noventa anos de beleza.
O Copacabana Palace não é mais aquele,
Mudou até de dono.
Eu não vou mais lá.
Ele perdeu todo o glamour.
Sabe por que poeta,
Porque o glamour éramos nós.
Era o papo, as mulheres
E a beleza do mar,
Hoje tão mal freqüentado.
Ninguém encontra mais parceiros.
O Carlinhos Lyra eu nunca mais o vi,
E o Billy Blanco está por ai,
Foi encontrar vocês.
Eu acho que os dois de nossa turma,
Que nunca perderam o contato,
Somos eu e Tio Madi.
Estamos sempre trocando cartas,
Ou papeando por telefone.
Vez em quando sentamos num bar qualquer
Bebemos um chopinho,
Matamos a saudade
E a lembrança dos amigos.
A música brasileira ta tão brega,
E os políticos tão canalhas,
Que emporcalharam os brasileiros,
E enfeiaram o Brasil.
Precisamos urgente meu bom poeta,
Fazermos uma revolução cultural,
Tirarmos os corruptos dos poderes
E voltarmos a ser felizes,
E cantarmos novamente,
O teu poema “Eu sei que vou te amar”.

2 comentários:

  1. Querido tio, como sempre, sábias e poéticas palavras. Sabes somar letra com letra e transformar tudo em poesia!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! bjsssssssssss, Mônica

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  2. Passei por aqui e reli essa bela crônica-poema. Também sinto a falta de tudo isso.... O Vinícius está sempre presente em minhas crônicas também - como nessa http://eliasguara.blogspot.com.br/2012/01/london-town-chegada.html vivida em Londres, e postada em meu blog. Grande abraço.

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Homenagem 80 anos Wilson Ibiapina