Durval Filho
Semana passada, depois de anos sem conversarmos , recebi um telefonema especial, de um jornalista muito querido. Edmundo de Castro. Nome que tem a cara da reportagem. Do jornalismo romântico. Autor de texto espirituoso, pena leve, sutil, sempre defendendo o interesse público. Dedé, um sujeito diferente, uma contradição por ser bom demais para este mundo esquisito e sem criatividade. Falo de uma pessoa humana engraçadíssima, generosa, pura, profundamente desnuda das coisas materiais.
Motivo da ligação: desculpava em não ter ido a minha posse. Nem carecia. Ora, quem tem 90 anos não precisa de escusas. A idade, por si só, já é uma construção, uma casa construída de muitas estradas e memórias, um peso que se acopla e se conduz com dificuldade. Aí me lembrei do Moacir C. Lopes.Havia dois anos distantes, liguei para o grande romancista cearense, radicado no Rio de Janeiro, também com a mesma idade do Dedé. Na hora de falar com o autor da "Ostra e o Vento", fiquei reticente, um pouco encabulado, mudo. Afinal fazia voltas que não conversávamos. Do outro lado da linha, ouvi dele sem nenhuma amargura: "homem, sou eu mesmo, homem. A cabeça vai muito bem. Só que abaixo dela, tudo se acaba, tudo se desintegra..."
Bom, pela comunicação do Dedé, otimismo. Ele me falou de uma coisa interessantíssima. Disse mais ou menos assim: a tua posse de desembargador, Durvalzinho, seria um dia para comemoração. Teu pai usaria um paletó branco. Começaríamos uma andança. Lá pelo Bar da Divina. Terminaríamos no fim da madrugada. Cedo da manhã. Tomando banho de Lagoa. Depois do Pici. Sítio do Papai.Lá nas Casas Populares, hoje, Bairro Henrique Jorge.
Invariavelmente, dizia o Dedé, era sempre da mesma forma: comemoração, com paletó branco, aguardente e lagoa de águas límpidas. Coisas do Durval. Sentimento de poeta.Podia ser a celebração de um filho que nascera na semana anterior. Uma nova linotipo que jornal adquirira.
Simplesmente, um texto bem escrito, um poema, uma notícia boa que rendesse manchete, a queda de um ditador. Em 1970: a morte do Rei Hassan do Egipto. Agora, Mubarak. Certamente, outros tragos, muitos banhos. Festa da democracia. A tua posse, Durvalzinho, então... Onde ficou Wilson Ibiapina o nosso humanismo?
Meu caro Wilson Ibiapina!. Seria pra mim um acontecimento inusitado se você fosse o Wilson meu colega de colégio e andanças nos bons tempos de juventude, se não me falha a memória lá pelos anos 1955 na cidade de Fortaleza. Você morava na Praça São Sebastião, eu freqüentava sua casa e gostava de pegar sua bicicleta para dar umas voltas. Era conhecido por Maninho irmão do Dedé chamando pela galera de Pavão. Em 1961 formei o trio Araguaí com a idéia de ir para São Paulo tentar a vida como cantor. Ainda em Fortaleza participei do programa do Jurandir Mitoso várias vezes e até hoje, ele usa como abertura do seu programa, um Jingle que eu fiz pra ele: “Jurandir Mitoso existe apenas um / e como o JM não pode haver nenhum”. Um grande abraço e espero que sejas o Wilson Ibiapina meu amigo de adolecência em nossa cidade Fortaleza. Meus e-mails: maninho1939@uol.com.br e luizfacanha@hotmail.com
ResponderExcluirZé Wilson,
ResponderExcluirSomente agora, mais de dois meses depois, estou a ler o comentário do nosso amigo Desembargador Durval Aires Filho, falando sobre um telefonema do velho "Beira D'água", pedindo-lhe desculpas por não haver comparecido à sua posse(dele) no tribunal. Eu também não fui e peço desculpas tardias.
O Dedé continua aquela mesma figura. Há tempos tento lhe convencer a gravar um depoimento sobre aqueles jornalistas ( como ele, Durval, Odalves) que não passaram por escola mas que fizeram escolas entre os mais jovens. Ele sempre desconversa. Uma vez disse que tava muito velho, feio, e que a imagem ia ficar ruim etc. E eu continuo sem conseguir esse depoimento importantíssimo. Continuo esperando que alguém ajude...