quarta-feira, 25 de setembro de 2013

IVANILDO SAX DE OURO



O saxofonista Ivanildo foi a grande atração do jantar que a Casa do Ceará promoveu para fazer a entrega do diploma de sócio benemérito ao advogado Estenio Campelo. Na presença de ministros, parlamentares e da colonia cearense, Ivanildo mostrou mais uma vez porque merece o título de Sax de Ouro.

Ivanildo e o repórter
Foto de Paulo Lima

Quando ele tocava Saxmaníaco, música do maestro paraibano Severino Araújo, que escolheu para prefixo musical de seu conjunto, ninguém ficava sentado. Em seguida, enchia o salão com um repertório que ia do maxixe ao mambo, passando pelo  bolero, valsa, blue, samba, até xote maracatu e baião.Todo mundo balançava o esqueleto.

Quem foi adolescente em Fortaleza nos anos 60 não esquece. As tertúlias do Maguari, aos domingos, eram animadas por Ivanildo e seu conjunto. Saci, no baixo; Marshal ao piano, Barbosa na bateria, dando um show à parte. Outros músicos tocaram com ele: o pianista Caruaru, os pistonistas, ou trumpetistas Paulo e Waldemar, Odilon, guitarra. 

Animava, também, as festas de outros clubes de Fortaleza.Tocava em todo o Nordeste numa época que a concorrência não era mole. Estavam lá os conjuntos do paraense Alberto Mota e dos cearenses Canhoto, Moreira Filho e Paulo de Tarso. Cada qual melhor do que o outro. Mas nenhum com o carisma do Ivanildo. Ele pegava a moçada pelos arranjos que fazia das músicas, todas gravadas em Cds e na memória dos que se divertiam ao som do seu sax.

Ivanildo é tão querido no Ceará e no Rio Grande do Norte que se viu obrigado a tirar certidão como natural dos dois estados. Ninguém admite que ele não seja cearense, como os potiguares o querem também conterrâneo. Na verdade ele é pernambucano. Ivanildo José da Silva chegou a Fortaleza para servir na Base Aérea. Suboficial, foi maestro da banda de música  por muitos anos tanto em Fortaleza, como em Natal. Quando chamou alguns colegas da banda militar e formou o conjunto para alegrar as festas, nunca imaginou que iria fazer tanto sucesso. Seu sopro é inconfundível. Começou a estudar música ainda criança no colégio Salesiano. Fã de Charlie Parker, guarda até hoje os discos do ídolo americano. Graças a essa paixão, Ivanildo contrariou o pai dele, não tirou o diploma de bacharel em direito. Foi ser doutor em música para felicidade geral da nação. 

Hoje, aos 80 anos de idade, mora na  cidade potiguar de Parnamirim. Lá, o sossego da terceira idade só é quebrado quando chegam os convites para que se apresente pelo país. Feito vinho, está cada vez melhor. O sopro parece mais suave e os arranjos que saem de sua partitura transformam velhas canções em melodias imortais.


O ANALFABETO POLÍTICO




O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.


Bertolt Brecht

VIVA O CEARÁ

Foto de Hermínio Oliveira


É um orgulho danado mesmo. Eita que eu saio do Ceará, mas o Ceará não sai de mim. É como dizia o poeta Paula Nei, “Pelo Brasil eu morro. Pelo Ceará eu mato”.

Wilson Ibiapina

VINÍCIUS E NERUDA


O poeta Ayrton Rocha nos lembra que este mês completa 40 anos da morte de Pablo Neruda. Para homenageá-lo apresentamos esta belíssima fotografia de autoria de Pedro de Moraes, que mostra dois dos maiores poetas da América Latina na mesma mesa, Pablo Neruda e Vinícius de Moraes, que em 1960 escreveu um soneto ao amigo Pablo.

Foto de Pedro de Moraes. Vinícius de Moraes e Pablo Neruda


Soneto a Pablo Neruda

Quantos caminhos não fizemos juntos
Neruda, meu irmão, meu companheiro...
Mas este encontro súbito, entre muitos
Não foi ele o mais belo e verdadeiro?

Canto maior, canto menor - dois cantos
Fazem-se agora ouvir sob o Cruzeiro
E em seu recesso as cóleras e os prantos
Do homem chileno e do homem brasileiro

E o seu amor - o amor que hoje encontramos...
Por isso, ao se tocarem nossos ramos
Celebro-te ainda além, Cantor Geral

Porque como eu, bicho pesado, voas
Mas mais alto e melhor do céu entoas
Teu furioso canto material!

Homenagem 80 anos Wilson Ibiapina