sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

OLHOS AO SOL




As pessoas passam o ano se preparando para o Verão. Vão malhar nas academias para poder mostrar o corpo em forma nas praias e compram também protetor solar para a pele. Poucos lembram dos olhos. O dr. Mata Machado, renomado  Oftalmologista mineiro e que trabalha em Brasília, preparou este artigo que vai mudar seu comportamento diante do Sol.

 Sol 
 Mata Machado *

Luz Ultravioleta. Soa bonito. Envelhecimento 

precoce, feio. Câncer de pele? Muito pior. O que 

têm estas palavras em comum? O sol. Acho que todos 

conhecem esta correlação, mas poucos se preocupam com 

ela. Quase ninguém quer ficar muito tempo longe do 

sol. Quem gosta de ter um céu sempre encoberto? Há 

os que se sentem deprimidos com esses dias. Todos 

aplaudem o verão. E o brasileiro tem o seu lado 

tropical na alma. Aliás, muitos povos em todos os 

tempos veneraram o sol que para alguns, era deus.

 O sol responsável pela vida na terra faz com 

sua luz visível, crescer as plantas e no mar, os 

fitoplanctos. Com a fotossíntese tem-se vida vegetal, 

oxigênio, alimentos e por consequência, vida animal. 

Por causa do sol ficam os astrônomos à procura 

de outros planetas: um corpo celeste girando em 

torno de uma estrela. Em um sistema desses poderia 

existir vida. Vida, o misterioso, maravilhoso, raro, 

senão único acontecimento em milhões de galáxias, 

não necessariamente explicado pela crença em deuses, 

mas com certeza pela crença nos fenômenos estelares. 

Não é complicado: as estrelas são magníficas usinas 

de energia e matéria, resultantes de um fenômeno 

conhecido: a fusão nuclear. A partir do hidrogênio, 

elemento mais simples da natureza, formam-se nas 

estrelas, elementos maiores. É a fusão nuclear que 

cria os pesados e complexos elementos como carbono, 

ferro, oxigênio e tantos outros, imprescindíveis à 

vida. Por obra dos seres vivos, moléculas complexas, 

derivadas daqueles elementos, são sintetizadas: 

carboidratos, gorduras, aminoácidos, proteínas, RNA, 

DNA, por exemplo.

Falamos tudo isto apenas para voltarmos ao sol. 

Para lembrarmo-nos, poética e efetivamente que somos, 

em última análise, o produto de fornos estelares! 

Somos o resultado da luz e da fusão nuclear do nosso 

sol e quem sabe, de outros distantes sois. 

O sol, criador de matéria da vida, fonte de 

energia e da luz. Luz branca, luz ultravioleta, luz 

infravermelha. Na pele a luz ultravioleta inicia 

a síntese da vitamina D. A vitamina D influe 

na imunologia ou defesa. A vitamina D também é 

responsável pela absorção do cálcio. O cálcio é 

necessário aos ossos e músculos, incluindo o coração.

 Luzes invisíveis afetam a pele. A luz 

infravermelha causa queimaduras, a ultravioleta (UV) 

pode dar câncer, e nos envelhecer precocemente. Aos 

olhos a radiação UV pode causar grandes danos. Tal 

radiação está presente inclusive nos dias nublados 

e em algumas luzes artificiais como as das lâmpadas 

fluorescentes.

Eis o que as luzes ultravioletas nos causam nos 

olhos:

1. Degeneração macular

 Doença da parte mais importante da retina 

(aquela responsável pela visão de detalhes e de 

cores). Não tem tratamento efetivo. 

2. Lesão nas lentes oculares 

faz aparecer uma afecção muito desconfortável e 

comum, com sensação de areia, olhos vermelhos e 

intolerantes à luz – irritados, como se diz. E 

também o pterígio – uma membrana avermelhada, que 

sai do canto do olho, começa a cobrir a córnea 

e, além de roubar a beleza de um olhar, causa 

distorção importante nas imagens focalizadas por 

esta refinada lente. 

catarata. A nossa magnífica lente intraocular 

perde com a prolongada exposição à luz 

ultravioleta o seu caráter mais peculiar e que 

lhe deu o bonito nome. Torna-se manchado ou opaco 

e é a maior causa de cegueira no mundo 

(reversível, com cirurgia). Está comprovado: a 

Na córnea, a exposição inadequada ao sol 

O cristalino sofre um prejuízo maior: 

incidência de catarata é seis vezes maior nas 

pessoas expostas sem proteçào à luz ultravioleta.

Tomemos sol no corpo, mas com proteção: cremes 

anti UV para o rosto, chapéus, bonés, óculos de sol.

Se o uso de óculos solares é corriqueiro, seja 

pelo conforto e proteção que oferecem, seja por uma 

questão fashion (como gostam de falar quem gosta de 

estrangeirismos), não nos esqueçamos jamais de 

proteger também os olhos das crianças. Por dois 

motivos: seus cristalinos filtram menos a luz, então 

mais UV chega à retina; e, jovens estarão muito mais 

tempo expostas aos efeitos deletérios cumulativos 

dessas radiações.

Mas como é que se pode ficar com a cor que só o 

sol nos dá? Acho que você está querendo se lembrar 

da palavra que vem de um costume tão velho quanto o 

uso daquela liga metálica que, antes do plástico, do 

alumínio, do aço inoxidável e do titânio, estava em 

todos os objetos, instrumentos e máquinas e que desde 

aquele tempo empresta seu nome para definir uma bela 

cor humana - o bronze.

Infelizmente, meus amigos, bronzeado não é mais 

fashion.

* Dr. Matta Machado 

Oftalmologista

ESTÃO CHAMANDO NOSSA TURMA




Wilson Ibiapina

Num domingo, pela manhã, o telefone tocou em minha casa. Era o Tozim, direto de Ubajara. Fiquei contente com a ligação. Era um amigo de infância que não via há mais de 40 anos. Nos cumprimentamos e ainda surpreso perguntei como foi lembrar de mim, depois de tanto tempo. "Foi o Florival que sugeriu ligar pra você. Estou precisando de um som para animar as festas que promovo na Serra e o Florival disse que você pode mandar um."
Não só comprei o desejado som como saí de Brasília e fui até à Serra da Ibiapaba fazer a entrega pessoalmente. A viagem de Fortaleza até Ubajara foi feita na camioneta do Rubens Soares Costa. Cunha Junior nos acompanhou.

Durante a viagem fui lembrando da figura do Tozim. Ainda adolescente, de férias em Ubajara, gostava de ouvir o som do bumbo da banda  do município. Bum!!.. bum!!!  Era o Tozim chamando os músicos para o ensaio da banda. O som ecoava por toda a pequena cidade. Tozim tocava tarol. Num dia de uma dessas convocações, o Expedito, membro da banda, jogava sinuca no bar do Pedro. Como ele fez que não ouvía a chamada, perguntei se ele não iria ao ensaio.  E ele sem soltar o taco nem olhar pra mim, disse que estava doente, com os lábios inchados  de picada de abelha e que não iria. Até hoje não entendo a desculpa. Expedito tocava pratos na banda.

Tozim, exímio baterista, era irmão do João Benício, saxofonista, filhos de seu Valentim. Ele jogava no time da cidade formado pelo Florival Miranda, o dono da bola e das camisas. Quando não era escalado, Tozim chorava feito criança. Nesse tempo  um  outro programa que fazíamos era invadir os sítios que ficavam na periferia da cidade para roubar mangas, jacas, goiabas e chupar cana, quebrada no pé para desgosto dos proprietários. Geralmente éramos perseguidos pelos empregados dos sítios que usavam espingardas com tiro de sal. Barriga cheia e depois dessa carreira, fugíamos para o banho de rio. Água gelada, que só a coragem e a audácia da idade nos faziam enfrentar com a maior naturalidade. 

Da turma, restam poucos. Já se foram o Gregório Aragão, Dário Cunha, Dário Macedo, George e Lincoln Vasconcelos, Versiani, Pedro Chico. Toinho do seu Chico Pinto, Salustiano, que diziam que era ladrão em outras cidades e se refugiava em Ubajara.

Agora, o Rubens liga pra informar que o Tozim também se foi. O Florival conta que ultimamente ele trabalhava como empresário de bandas. Uma delas, a banda Ases do Planalto, do Zequinha do seu Gabriel. Usava o som que lhe dei para movimentar as festas.

Ia tudo bem até que um dia levou um tombo, quebrou uma perna, e ficou meses numa cama e depois andando de muletas. Fez promessa pra São Francisco. Estava com 73 anos de idade quando viajou pra Canindé. A emoção foi grande. Foi traído pelo coração logo que saiu da igreja. Florival garante que ele morreu sem dever nada a ninguém. Até a promessa ele pagou. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013



"Não fui eu que envelheci, foi o tempo que passou."

Nelson Sargento
compositor

NELSINHO MOTA, UM SETENTÃO VICIADO EM TRABALHO E MULHER




Wilson Ibiapina

Lembro quando vi pela primeira o jornalista Nelson Mota. Ele, bem novinho, participava do juri do programa de Flávio Cavalcanti, exibido em preto e branco pela Tv Tupi. Nelsinho aparecia ao lado de Sérgio Bittencourt, filho de Jacob do Bandolim; Sargentelli, Márcia de Windson, Mister Eco, maestro Erlon Chaves, Cidinha Campos e outros. Anos depois fomos contemporâneos na Globo. Ele tinha uma participação no Jornal Hoje, falando de música. 

Além do jornalismo, revelou-se como compositor. Ganhou o Primeiro Festival Internacional da Canção com Saveiro, que fez em parceria com Dori Caymmi. Foi diretor de gravadoras, produtor musical, escreveu biografias, romances, é roteirista, enfim joga em todas as posições, ocupa toda a área. Um profissional completo. 

Não se sabe como arranja tempo para as mulheres. Nessa sua trajetória contabiliza quatro casamentos, três filhas e três netos. Em recente entrevista ao jornalista Tom Cardoso, publicado na Status de dezembro/janeiro, Nelson Mota diz não ter nenhuma dúvida de que a pílula anticoncepcional e o Viagra foram os dois principais acontecimentos da geração dele. “Só quem viveu os terrores do pré-pílula sabe do que estou falando. O pavor que as meninas tinham de ficar grávidas; o medo de pegar doenças venéreas. Mulher nenhuma dava. Aí começamos a viver a suprema felicidade com a descoberta da pílula. Foi a chegada do Messias sexual. As mulheres ficaram enlouquecidas. Quiseram descontar em seis meses os seis milênios de opressão. Foi como disse o Vinícius: Foi um beber e um dar sem conta.” 

Nelsinho conta à revista que embora não seja promíscuo, aproveitou bastante. Mas depois apareceu a Aids, um choque terrível, segundo ele: “a gente, que era obrigado a usar camisinha antes da pílula, teve de voltar a usar com a Aids.” 

Em outro trecho da entrevista, Nelson Mota fala sobre o surgimento do Viagra, que ele chama de o grande trovão azul. “Foi maravilhoso, surgiu justamente quando completava 60 anos. Imagine quantos homens viris, machões, valentões evitariam passar por momentos de suprema humilhação, de impotência em todos os sentidos, se esse remedinho tivesse sido inventado antes. Eu acho que o Ernest Hemningway não teria se suicidado aos 61 anos, não teria morrido do jeito que morreu.” Paulista de nascimento e carioca por adoção, Nelson Cândido Mota Filho vai chegar aos 70 anos idade em outubro de 2014 com a esperança de ainda viver muito.

Homenagem 80 anos Wilson Ibiapina