quinta-feira, 30 de julho de 2015

A DIFERENÇA ENTRE FILHOS AMERICANOS E ITALIANOS

Aprendemos a viver com os italianos e a programar a vida com os americanos. Contudo, os italianos crescem e morrem juntos com suas famílias, amigos e irmãos, enquanto os americanos crescem e morrem sozinhos, pois foram expulsos de suas famílias aos 18 anos e não aprenderam a conviver com o coração,  com seus pais, amigos e irmãos.

Veja abaixo o que acontece no decorrer da vida.
Filhos Americanos:
Saem de casa até aos 18 anos com total apoio dos pais.
 
Filhos Italianos:
Saem de casa aos 35 anos, depois de poupar o suficiente para comprar casa e pagar duas semanas de lua de mel quando casarem... Mesmo assim, mantém um quarto na casa dos pais para os fins-de-semana. 
Filhos Americanos:
Quando a mãe os visita leva um bolo, os filhos servem café e eles conversam.
 
Filhos Italianos:
Quando a mama os visita, leva comida para 3 dias, lava e passa roupa, limpa e arruma a casa. 
 
Filhos Americanos:
Os pais sempre avisam quando vão visitá-los e isto acontece só em ocasiões especiais.
 
Filhos Italianos:
Eles nunca sabem quando os pais vão aparecer às oito da manhã de sábado e começar a podar as suas árvores frutíferas. E, se não houver árvores frutíferas, eles plantam. 
 
Filhos Americanos:
Sempre pagam aluguel e procuram nas páginas amarelas quando precisam de algum serviço.
 
Filhos Italianos:
Ligam para os pais e tios, pedindo o telefone de outros pais/tios que possam saber do serviço que eles precisam.
 
Filhos Americanos:
Visitam os pais para comer um bolo com café - e fazem só isso, mais nada.
 
Filhos Italianos:
Visitam os pais para tomar um café, comer bolo, antipasto, vinho, um bom prato de massa, carne, salada, pão, sobremesa, frutas, expresso e uns drinks após o jantar. 
 
Filhos Americanos:
Cumprimentam os pais com "Oi" e "Olá".
 
Filhos Italianos:
Cumprimentam os pais com um grande abraço, beijos e tapinhas nas costas.
 
Filhos Americanos:
Tratam os pais por sr. e srª.
 
Filhos Italianos:
Tratam os pais por mamma e babbo..
 
Filhos Americanos:
Nunca viram os pais chorar.
 
Filhos Italianos:
Choram junto com os pais.
Filhos Americanos:
Devolvem o que pedem emprestado aos pais em poucos dias. 
 
Filhos Italianos:
Ficam com as coisas que emprestam dos pais por tanto tempo que os pais esquecem que são deles.
 
Filhos Americanos:
Quando o jantar acaba vão para casa.
 
Filhos Italianos:
Quando o jantar acaba ficam horas conversando, rindo ou simplesmente confraternizando.
 
Filhos Americanos:
Sabem pouco sobre os pais.
 
Filhos Italianos:
Podem escrever um livro sobre os pais.
 
Filhos Americanos:
Comem sanduíches de manteiga de amendoim, geleia e pão de forma branco.
 
Filhos Italianos:
Comem sanduíche de salame, queijo colonial, pão caseiro, crostoli, conservas, Chiant roso.
Filhos Americanos:
Deixam você para trás se é isto que a maioria está fazendo. 
 
Filhos Italianos:
Não lhe abandonam mesmo que a grande maioria ache normal abandonar.
 
Filhos Americanos:
São amigos do momento.
 
Filhos Italianos:
São amigos por toda vida.
 
Filhos Americanos:
Gostam de Rod Stewart e Steve Tyrell.
 
Filhos Italianos:
Gostam de Laura Pausini e Andrea Bocelli

sexta-feira, 24 de julho de 2015

O RIO DA MINHA ALDEIA

 

Wilson Ibiapina


Em Ibiapina nasce o rio Jaburu que, em Ubajara, abastece o
açude que tem seu nome e mata a sede da cidade. Na minha infância, em Ibiapina,
nos anos 50, a população tomava banho, sem roupa, no Jaburu. As casas não
tinham banheiros. Em época do frio, julho, as pessoas, em casa, usavam uma
bacia com água para o asseio diário. Hoje virou piada, mas era normal, à noite,
a mulher perguntar ao marido: - Bem, vai me usar hoje?
- Não.
- Então, vou lavar só os pés.


O Jaburu tem uma cachoeira, que era onde os homens tomavam
banho. A água corria sobre um lajedo cheio de lodo. Era o escorrega usado pelos
meninos. O rio fazia uma pequena curva e caia num poço , meio escondido pelas
árvores. Era o Curumim, lugar do banho das mulheres. Nem calção nem biquini,
todos nus. Hoje, construiram um balneário perto da cachoeira. As pessoas, que
se vestem para o banho coletivo, são vistas de uma ponte da rodovia que liga as
cidades da serra. Ibiapina , agora, está bem perto das duas nascentes do
Jaburu. As margens estão desmatadas. Além de casas, tem plantações que estão
secando o rio, que perdeu todo seu charme. Ao lembrar o Jaburu, me vem à mente
o poema
que Fernando Pessoa assinou como Alberto Caeiro, seu
heterônimo: “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia/ Mas o
Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia/ Porque o Tejo não é
o rio que corre pela minha aldeia”...”


O rio da minha aldeia, o Jaburu, como o do poema, não faz
pensar em nada. O rio da aldeia de Pessoa virou canção de Tom Jobim.



O BRASIL DO REAL OU O BRASIL REAL


 
João Soares Neto

“O Brasil não é para principiantes”, frase atribuida a Tom Jobim.

 
O Brasil tem coisas estranhas, dignas de serem analisadas pela sociedade psicanalítica nacional. Houve tempo em que muitos carros mostravam o adesivo: “Brasil, ame-o ou deixe-o». Depois veio a luta pelas diretas e o país se veste de verde e amarelo. Tancredo vai eleito, por via indireta, e há verdadeiro carnaval. Aí Tancredo morre e o país se desmancha em lágrimas. Cada pessoa parecia ter perdido um pai ou um conselheiro.
Surge o presidente Sarney e repete, no discurso de posse, uma frase de Tancredo: “É proibido gastar”. E começa a gastar. Gasta tanto que só há uma soluçao: o Piano Cruzado. “Cada brasileiro ou brasileira deverá ser um fiscal do presidente”, disse e o povo aceitou. Nunca o sistema Telebràs faturou tanto quanto logo após a decretação do Plano Cruzado. A Sunab e a Polícia Federal ficaram encarregadas das reclamações e de trotes, fuxicos e perseguições de pessoas que nao gostavam de outras e, aproveitando a ocasião, haja denúncias.
Sarney enxuga as lágrimas do povo brasileiro e passa a ser o nosso novo herói. Todo bom herói que se preza tem o seu fiel escudeiro - como Zorro e Tonto - e Samey não fugiu à regra, tinha o seu Tonto, ou melhor, o Dilson Funaro. Menos de um ano se passou e Samey perdeu o seu trono na paixão coletiva. Depois, o lbope disse ao Samey que o seu caso de amor estava acabando juntamente com a nossa paciência. Ele resolveu arregaçar as mangas de seu jaquetão clássico, pentear os bigodes e a cabeleira e costurar o “pacto social», que não aconteceu.
Após Samey veio o Collor com a aceitação total da mídia e da maioria dos incautos eleitores que não souberam ver no seu olhar um indisfarçável desequilíbrio. Deu no que deu. E aí veio o Itamar com o seu temperamento ciclotímico, amigos de segunda e idéias de terceira, como ressuscitar o velho fusca. Apesar disso, no final do seu governo, Ciro Gomes e economistas de peso bolaram o Plano Real do qual se apropriou o então Ministro da Fazenda, FHC, e dai para a eleiçao foi um passeio. FHC vai reeleito, a custa de barganhas.
Em meio a procelas e ajustes, o Plano Real se mantém há 21 anos e, o povo feliz, permitiu a aprovaçao da reeleição, deixando para depois as reformas fiscal, administrativa a previdenciána. Temos tempo. O brasileiro estava alegre, até frango já come.
Saiu FHC, entrou Lula, o metalúrgico do ABC, falando a linguagem que a maioria do povo queria ouvir. Os empresários torceram os narizes. Em seguida, houve aproximação que virou amizade. Lula vai reeleito, viaja pelo mundo e propaga um Brasil crescente, resolvido, cheio de orgulho e zera as contas com o FMI.
Elege Dilma Rousseff, oriunda do Brizolismo, economista, descasada, mineira aclimatada no Rio Grande do Sul e ex-guerrilheira. Emerge o sonho da mulher descrito, entre outras, por Simone de Beauvoir, Rosa de Luxemburgo e Bertha Lutz. As mulheres vibram e Dilma vai eleita. Passam-se quatro anos, o mundo perde o gás econômico, mas, mesmo assim, Dilma vai reeleita. O país ressurge nitidamente dividido, começa o segundo mandato e os companheiros de Dilma, empreiteiros e integrantes de partidos diversos, são chamados à ordem por um juiz com sobrenome parecido com Thomas Morus, o filósofo da utopia, principia a deslindar a enorme teia que mais parece um labirinto de Franz Kafka.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

AS "MENINAS" DE AQUIRAZ, CEARÁ

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em Aquiraz, região metropolitana de Fortaleza, a cafetina Tarcília Bezerra começou a construção de um anexo do seu cabaré, a fim de aumentar suas “atividades”, em constante crescimento.
 
 


Em reação contrária ao “empreendimento”, a igreja neopentecostal da localidade iniciou uma forte campanha para bloquear a expansão. Fez sessões de oração, em seu templo, de manhã, à tarde e à noite.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porém, o trabalho da construção progrediu até uma semana antes da reabertura, quando um raio atingiu o cabaré de Tarcilia, queimando instalações elétricas e provocando um incêndio que destruiu tudo.

 


Tarcília processou a igreja, o pastor e toda a congregação, com o fundamento de que a Igreja “foi a responsável pelo fim de seu prédio e seu de negócio, seja através de intervenção divina, direta ou indireta, ações ou meios.” E o certo é que lhe causou enormes prejuízos, que são objeto de indenização.


 
 
Na sua defesa à ação, a igreja negou veementemente toda e qualquer responsabilidade ou ligação com o fim do cabaré, inclusive pela falta de prova da intervenção divina e das orações dos pastores. O juiz, veterano, leu a reclamação da autora Tarcília e a resposta dos réus que são o templo e os pastores. E na audiência de abertura, comentou:
 




 
Não sei como vou decidir neste caso, pois pelo que li até agora tem-se, de um lado, uma proprietária de puteiro que acredita firmemente no poder das orações e do outro lado uma igreja inteira que afirma que as orações não valem nada“.


O BRASILEIRO GOSTA DE LER?

 
 
Wilson Ibiapina

 
 
É comum ouvir que  brasileiro não gosta de livros. Sabe que é importante, mas não tem saco pra leitura. Igor Thiago, no blog Sete Coisas, lembra que o problema é antigo: “muitos brasileiros foram do analfabetismo à Tv sem passar na biblioteca".
 
Buenos Aires, aqui ao lado, é considerada uma cidade biblioteca. Tem livrarias em tudo quanto é canto. É comum encontrar na rua um argentino carregando um livro debaixo do braço. Falam isso quando querem nos comparar aos los hermanos.
 
Na China, quando o imperador Zhu Di fundou a cidade proibida, em Pequim, criou junto uma biblioteca gigante. Em 1378 tinha a maior coleção de livros do mundo, uma enciclopédia de 4 mil volumes, com cerca de 50 milhões de caracteres. Quando a Europa ainda não conhecia a tipografia, romances impressos eram vendidos em barracas no mercado de Pequim. Na época, a biblioteca de Henrique V, na Inglaterra, tinha seis livros manuscritos, três dos quais emprestados a ele por um convento de freiras.
 
O habito da leitura vem de longe. O editor de livros da revista Época, Danilo Venticinque, não acredita nessa história de que o brasileiro não lê. E cita dados da Câmara Brasileira do Livro: a produção anual de livros se aproxima dos 500 milhões de exemplares, o que classifica o Brasil como o nono maior mercado editorial do mundo.
 
Todo mundo sabe que sem leitura, sem conhecimento, fica mais difícil entender as questões que estão atormentando o nosso dia a dia. Sem argumentos não se pode discutir a economia, a política, a crise ética. Fica mais fácil de ser enganado.
 
Acho que um dos entraves deve ser o preço do livro. Além de não ter o acesso à biblioteca facilitado. Falta também estímulo. Não se pode gostar do que nunca se provou. O escritor baiano Laé de Souza, em artigo no Observatório da Imprensa, diz que entristece quando visita escolas e encontra bibliotecas ou salas de leitura trancadas a sete chaves. Quantos leitores são perdidos pelo excesso de zelo? Pergunta ele.

CAPADO, MAS MUITO MACHO

Almirante Zheng He
 



Wilson Ibiapina
 
Quando dei de presente ao  jornalista Francisco Baker o livro sobre a descoberta do mundo pelos chineses, ele foi logo falando sobre o almirante eunuco Zheng He que liderou a poderosa esquadra que em 1421, antes das descobertas de Colombo e de Pedro Alvares Cabral, navegou pelo mundo. Um mongol com mais de dois metros de altura, pesando uns cem quilos, bonito, mas castrado.

Por volta de 1356, uma enchente do rio amarelo inundou grande parte da China que já passava dificuldades por causa da falta de alimentos e emprego. Um desses chineses famintos, Zhe Yunanzhang liderou os rebeldes, expulsou o imperador mogol Toghon Temur e fundou a dinastia Ming.

O filho desse imperador, Zhu Di, aos 21 anos foi destacado para acabar com os últimos redutos mongóis na China. Os chineses massacram os adultos e os jovens mongóis tiveram os pênis e testículos extirpados. Muitos morreram. Os sobreviventes foram convocados para o exercito ou levados para trabalhar como vigias de haréns ou como espiões, pois mesmo castrados eram fieis seguidores do Imperador.

Um desses jovens foi trabalhar com o imperador. Zheng He virou um bravo soldado que conquistou a confiança do Imperador. Muito alto e forte, o eunuco andava feito um tigre. Não perdia uma batalha. Era tão fiel, que foi nomeado almirante que teve como principal tarefa comandar a poderosa esquadra chinesa.

O escritor inglês Gavin Menzies revela que o belo e grande eunuco mongol Zheng He tinha um segredo. Num dos bolsos de sua túnica carregava um cofrinho cravejado de pedras preciosas. Dentro dele guardava os restos murchos de seu pênis e seus testículos. Levava com ele, também, a esperança de um dia, já na eternidade, poder tornar-se , de novo, um homem por inteiro.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

JORGE OLIVEIRA NÃO MORREU


Jorge Oliveira lança livro

 Moacyr Oliveira Filho
Felizmente, o jornalista e cineasta Jorge Oliveira não morreu. Tivesse o galego, pistoleiro alagoano contratado para assassiná-lo, no sábado de Carnaval de 1984, na porta da sua casa, no Floresta Country Club, no Rio de Janeiro, levado até o fim a sua missão, em vez de desistir de executá-la, nós, pobres mortais, estaríamos privados de ler o delicioso Muito Prazer, eu sou a morte, o novo livro de Jorge Oliveira.
 
 
 
Lançado pela Chiado Editora, o novo livro de Jorge Oliveira é daqueles de ser lido num fôlego só. A partir de uma criativa solução literária, Jorge conta, durante seu hipotético velório, um pedaço de sua vida profissional e boêmia pelas principais redações da imprensa carioca, entre os anos 70 e 80, no Rio de Janeiro e em Brasília. Enquanto espera o momento de ser cremado, o cadáver de Jorge Oliveira, aproveita o tempo ocioso do velório, cercado de amigos e admiradores, para nos brindar com episódios saborosos, valentes, tristes, combativos e, acima de tudo, divertidos e irreverentes da sua passagem pelas principais redações da imprensa brasileira - Correio da Manhã, O Globo, Jornal do Brasil e Jornal de Brasília, e pelas mesas do Café Lamas e outros bares da boêmia do Rio de Janeiro.
 
Em suas 305 páginas, Jorge Oliveira vai revelando bastidores das redações, dos jornalistas, da política sindical, do poder que os militantes do velho Partidão exerciam na imprensa e do acordo nuclear Brasil-Alemanha, do qual foi um crítico feroz e que lhe rendeu um Prêmio Esso de Reportagem e muitas dores de cabeça.
 
Ao terminar a leitura, quem conhece Jorge Oliveira fica com um gosto de quero mais. Matreiro, Jorge Oliveira não contou tudo. Pelo contrário. Deixou muita coisa de fora. Quem sabe não esteja pensando numa continuação dessa obra. Seguindo na linha da morte, bem que o segundo volume poderia usar como fio condutor a sua chegada ao Juízo Final e a disputa entre Deus e o Diabo pela primazia de ter a sua companhia eterna. Enquanto revelasse novas histórias, e aqui devem entrar as mais picantes e cabeludas, Deus e Satanás funcionariam como advogados de defesa e de acusação, disputando sua alma. Fica aqui a sugestão. Enquanto isso, divirtam-se com essa entrada que Jorge Oliveira nos oferece com esse saboroso Muito Prazer, eu sou a morte.
 
 

Homenagem 80 anos Wilson Ibiapina