Jorge Oliveira lança livro |
Felizmente, o jornalista e cineasta Jorge Oliveira não
morreu. Tivesse o galego, pistoleiro alagoano contratado para assassiná-lo, no
sábado de Carnaval de 1984, na porta da sua casa, no Floresta Country Club, no Rio
de Janeiro, levado até o fim a sua missão, em vez de desistir de executá-la,
nós, pobres mortais, estaríamos privados de ler o delicioso Muito Prazer, eu
sou a morte, o novo livro de Jorge Oliveira.
Lançado pela Chiado Editora, o novo livro de Jorge
Oliveira é daqueles de ser lido num fôlego só. A partir de uma criativa solução
literária, Jorge conta, durante seu hipotético velório, um pedaço de sua vida
profissional e boêmia pelas principais redações da imprensa carioca, entre os
anos 70 e 80, no Rio de Janeiro e em Brasília. Enquanto espera o momento de ser
cremado, o cadáver de Jorge Oliveira, aproveita o tempo ocioso do velório,
cercado de amigos e admiradores, para nos brindar com episódios saborosos,
valentes, tristes, combativos e, acima de tudo, divertidos e irreverentes da
sua passagem pelas principais redações da imprensa brasileira - Correio da
Manhã, O Globo, Jornal do Brasil e Jornal de Brasília, e pelas mesas do Café
Lamas e outros bares da boêmia do Rio de Janeiro.
Em suas 305 páginas, Jorge
Oliveira vai revelando bastidores das redações, dos jornalistas, da política
sindical, do poder que os militantes do velho Partidão exerciam na imprensa e
do acordo nuclear Brasil-Alemanha, do qual foi um crítico feroz e que lhe
rendeu um Prêmio Esso de Reportagem e muitas dores de cabeça.
Ao terminar a
leitura, quem conhece Jorge Oliveira fica com um gosto de quero mais. Matreiro,
Jorge Oliveira não contou tudo. Pelo contrário. Deixou muita coisa de fora. Quem
sabe não esteja pensando numa continuação dessa obra. Seguindo na linha da
morte, bem que o segundo volume poderia usar como fio condutor a sua chegada ao
Juízo Final e a disputa entre Deus e o Diabo pela primazia de ter a sua
companhia eterna. Enquanto revelasse novas histórias, e aqui devem entrar as
mais picantes e cabeludas, Deus e Satanás funcionariam como advogados de defesa
e de acusação, disputando sua alma. Fica aqui a sugestão. Enquanto isso,
divirtam-se com essa entrada que Jorge Oliveira nos oferece com esse saboroso
Muito Prazer, eu sou a morte.
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