quarta-feira, 30 de maio de 2012


COISAS DO ALÉM” SEMPRE ATORMENTARAM O CEARÁ





Wilson Ibiapina

Ninguém sabe o que está acontecendo em Itatira, município cearense que fica a 220 quilômetros de Fortaleza. Um fenômeno paranormal está mexendo com alunas da Escola de Ensino Fundamental Eduardo Barbosa. Fica no distrito de Cachoeira BR. As meninas, entre 11 e 19 anos, ficam em transe, agressivas, falam grosso e não se lembram de nada quando voltam ao normal.

Não é de hoje que o Ceará vive em contato com fenômenos sobrenaturais. Desde menino que ouço falar em histórias de assombração. O cearense impressiona-se, acredita e, gosta tanto, que o jornalista Edmundo Vitoriano ficou famoso nos anos 50 e 60 escrevendo um programa que a Rádio Iracema de Fortaleza apresentava toda segunda feira, “Meia noite, feche a janela, trave a porta, apague a luz. Silêncio. Edmundo Vitoriano, sentado na catacumba número 13 apresenta.. Assombraçãaoooo”

Era de arrepiar. Histórias de almas, que desciam de taxi na porta do cemitério São João Batista. Não faltavam as histórias de lobisomem, mula-sem-cabeça, tudo que alimentava a crença popular. Algumas inventadas por ele, outras enviadas pelos ouvintes.


Quando menino em Ibiapina, na Serra da Ibiapaba, ouvia comentários sobre uma casa mal-assombrada na vizinha cidade de São Benedito. O fogão pegava fogo sozinho, quadros caiam das paredes, panelas e cadeiras voavam pela casa da família Ximenes. Nunca deram uma explicação científica, ficou como coisa do diabo mesmo.

Em Fortaleza, no início dos anos 60, os moradores do populoso bairro de Itaoca foram tomados pelo medo com a notícia de que o capeta estava aparecendo por lá. A imprensa encarregou-se de divulgar as estripulias do cão de Itaoca, como logo foi batizado..

Foi nessa época, no auge do rádio, que os jornalistas Ciro Saraiva, Paulo Limaverde e Oliveira Ramos deram asas ao imaginário popular com histórias do outro mundo. Foram craques na criação de causos que eram dramatizados e apresentados por radioatores e radioatrizes na programação de almoço das emissoras. Eles povoaram a lenda urbana de fantasmas, o monstro da lagoa verde e outros seres que ameaçam pacatos cidadãos.

Agora, quem entra no noticiário é o município de Itatira. O mistério que atinge adolescentes está sem explicações da medicina. O povo tem certeza que é assombração. As alunas sentem dores musculares, sufoco no sistema respiratório, palidez, calafrios, a pressão sobe e elas ficam com medo de morrer. Há algum tempo, três alunos da escola morreram em acidentes e já há quem ache que são eles que estão pedindo reza. Os pais das meninas, atônitos, temem pelas filhas. Veja os depoimentos de algumas delas, que estão no blog Canindé Agora:


ANDRÉIA ALVES MARCOLINO - de 16 anos, disse que vem sendo perseguida por este fenômeno há um mês. ‘’É tudo muito rápido, começa com um calafrio, depois as mãos ficam trêmulas, os batimentos do coração ficam acelerados, dar sede, um sufocamento toma conta do torax, as pernas não seguram o corpo e aos poucos vem o desmaio. Quando volta ao normal não da para relembrar de nada’’, narra Andréia.

MARLEI ALVES MARCOLINO – 14 anos, diz que as coisas acontecem em série. Quando tudo começa dar uma dor no peito, um arrepio, uma agitação que dar vontade de correr, gritar e pedir para não morrer. ‘’A gente desmaia, perde o sentido e o que pior fica com a voz conturbada. No dia que aconteceu comigo, a professora disse que mais seis alunas sofreram o mesmo ataque’’, falou Marlei.

FRANCISCA DIANA LÔBO LOIOLA – 18 anos, chora ao falar. ‘’De imediato dar um nervosismo, fiquei tonta, me bateu um suor frio, a voz fica enrolada e grossa e a força que penetra na mente perde que reze missa e faça orações porque ele não vai ficar satisfeito enquanto não realizar a sua missão. É uma adrenalina muito forte. Estou com muito medo de voltar à sala de aula.”


O que está acontecendo na Escola Eduardo Barbosa? Ufologia, espiritualidade ou histeria coletiva, esse distúrbio psicológico em, que um grupo de pessoas passa a ter, ao mesmo tempo, um comportamento estranho ou adoece sem uma causa aparente?
Caso não apareça uma explicação plausível, o povo vai colocar esse caso de Itatira na longa lista de assombrações .

A CPI E OS JOGOS




João Soares Neto

No Brasil todos acreditam na sorte. Vai dar certo. Deus ajuda. Por essa razão traquinam, apostam ou jogam em tudo. Jogam no “bicho”, diversas loterias, cavalos, galos e futebol. Em praças públicas, bancos, botecos e bancas. Em 1946, na redemocratização, o presidente Eurico Gaspar Dutra baixou decreto fechando os cassinos e proibiu os jogos de azar. Na verdade, atendia, a pedido de sua mulher, Carmela, a D. Santinha. Ela pedira ao marido: 1. acabar com os cassinos e jogos; 2. fechar o Partido Comunista Brasileiro e; 3) construir capela, nos jardins do Palácio da Guanabara, então residência oficial. Dutra, honesto, marido ardoroso e católico, atendeu aos pedidos.

Hoje, 2012, o Partido Comunista Brasileiro é aliado do governo, sua dissidência criou o Partido Comunista do Brasil (PC do B), também aliado, e a capela está intacta no Rio. Neste país laico, segundo a Constituição de 1988, mantiveram-se os feriados religiosos. De fora, apenas, os cassinos e os jogos de azar. Na realidade, só os cassinos, pois a Caixa patrocina jogos diários/semanais nas análises combinatórias possíveis.

Dizia Câmara Cascudo, no Dicionário do Folclore, jogo “é um vício irresistível. Contra ele a repressão policial apenas multiplica a clandestinidade”. O sociólogo Gilberto Freyre comentava que era “uma das poucas atividades sem discriminação de classes”. 



Agora, por que não se aproveita a atual CPI mista e se dá, além da pauta, uma geral nos jogos da Caixa, nas concessões públicas das loterias e se deslinda o “invisível” jogo do bicho?

LÁ VAI A YPIÓCA DO BOTECO PARA O PUB





Wilson Ibiapina

Um dia, os jornalistas Macário Batista, Nelson Faheina e eu bebíamos uísque num bar da avenida Beira Mar, em Fortaleza, quando notamos um cidadão que, à curta distância, não tirava os olhos de cima de nós. Aquilo começou a incomodar. 

- Estará curioso pra saber o que estamos bebendo? perguntou o Macário. 

- Acho que ele está querendo é tomar uma. 

Disse o Faheina, que colocou uma lapada do “red” num copo e ofereceu ao rapaz. Ele bebeu de uma vez, lambeu os lábios e perguntou: 

- Doutor, essa é a tal da Coca-Cola?


Pois não é que agora, antes mesmo de chegar ao povão, o Johnnie Walker, o famoso Joãozinho Andador desembarca ao Ceará e abocanha a Ypióca, a nossa marca de cachaça mais conhecida no Brasil e no mundo.

Assim como o sabonete Phebo, que foi criado pelos primos portugueses Antônio Lourenço da Silva e Mário Santiago, a Ypióca surgiu no Ceará em 1846 por obra e graça da família portuguesa Teles Menezes e agora, também passa para o domínio britânico.

A cachaça é a segunda bebida alcoólica mais consumida no país, só perde pra cerveja. Quero ver se vão dizer agora que beber pinga é coisa de pé sujo.

A família Teles vendeu a marca, uma destilaria em Paraipaba, uma fábrica de envasamento em Fortaleza e um centro de distribuição em São Paulo. Mete R$ 900 milhões no bolso e ainda vai fornecer cachaça pra multinacional.

Ainda bem que o dia vai continuar amanhecendo colonial. A cachaça Colonial, fundada por Tibúrcio Targino em 1923 é a preferida pelo cearense, principalmente nos dias de chuva. Quando o céu está nublado, a turma diz que o dia está colonial.

Os mais velhos dizem que a aguardente serve para curar gripe, abrir o apetite, cortar a fome. Pode ser consumida nos momentos de alegria e de tristeza. Um santo remédio.

Vejo que não era 
invenção dos mais velhos. A aguardente, que na Europa 
era feita de cereais, frutos, raízes e sementes, era usada desde a 
Idade Média como medicamento.


A palavra água+ardente aparece com o sentido de água da vida em vários idiomas. O professor Reinaldo Pimenta, mestre de português, que especializou-se em descobrir a origem das palavras, conta que tudo começou em 1300. O alquimista espanhol Arnau de Villanova destilou o vinho e obteve álcool, pela primeira vez.

Foi chamado em latim de spiritus vini (espirito do vinho). Até hoje, em 
inglês, a palavra spirits serve para designar bebida alcoólica 
destilada. O químico suíço Paracelso foi o primeiro a substituir
 spiritus vini pela palavra álcool. Outra explicação dele: A palavra 
vem do espanhol alcohol, que veio do árabe al-kuhl. Deu origem a
 cachaça árabe Arake, que tem gosto de aniz. Nas línguas européias a
palavra álcool passou a designar qualquer substância produzida por
 destilação.

A água da vida foi batizada pelos irlandeses de uisce
beatha - água da vida. Depois passou a ser chamada só de uisce (água, 
termo que virou em inglês whisky, que passou para uísque em português).


Os russos batizaram sua cachaça de Vodka (aguinha). 
Essas são as explicações verdadeiras para a etimologia da
 aguardente. Mas há os que preferem as explicações inventadas pelo
 povo, que são mais sedutoras.

Antigamente, no Brasil, para se ter melado os escravos colocavam o caldo da cana-de-açúcar em um tacho e levavam ao fogo. Não podiam parar de mexer até que uma consistência cremosa surgisse.
 Conta a lenda que, num dia, cansados de tanto mexer e com serviços ainda por terminar, os escravos simplesmente pararam e o melado desandou! O que fazer agora? A saída que encontraram foi guardar o melado longe das vistas do feitor. 

No dia seguinte, encontraram o melado
azedo (fermentado). Não pensaram duas vezes e misturaram o tal melado azedo com o novo e levaram os dois ao fogo. Resultado: o "azedo" do melado antigo era álcool que aos poucos foi evaporando, formando no teto do engenho umas goteiras que pingavam constantemente.
Era a cachaça já formada que pingava 
(por isso o nome PINGA) As gotas, quando batiam nas costas dos escravos, marcadas com as chibatadas, ardiam muito, por isso o nome "AGUARDENTE". 

Caindo em seus rostos e escorrendo até a boca, os escravos viram que a tal goteira dava um barato, e passaram a repetir o processo constantemente. Êta, como a mentira fica bem mais interessante que a verdade!


Se for beber, não dirija.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O JORNALISTA CEARENSE FERNANDO MILFONT LANÇA NO RIO SEU LIVRO "O SACO DE DÓLARES"






Ayrton Rocha, velho amigo de Fernando, lembra que o jornalista da velha guarda é sociólogo e escritor. Foi o principal redator do Repórter Esso, ainda na Rádio Nacional, com Heron Domingues. Atuou como editor de O Globo, Jornal do Brasil, Última Hora e Agência JB. Trabalhou também como adido cultural do Brasil na embaixada brasileira nos Estados Unidos.
Com 86 anos de idade, este crearense que mora no Rio, continua em plena forma física e intelectual.


O livro



O SACO DE DÓLARES, que dá título ao livro, está mais para uma pequena novela onde ocorre uma discussão filosófica sobre a existência de Deus. Os demais contos são curtos, leves, mas nem por isso destituídos de emoção. Enfocam personagens de ficção, calcados em pessoas reais, cujo mau caráter se assemelha, nas aventuras narradas.Um dos contos é baseado numa história de Machado de Assis – “A missa do galo” - cujo final é reescrito à la Nelson Rodrigues.

IMPROVISAR

Buscar soluções para realizar nossos sonhos...


Com as ferramentas que estão disponíveis...


E gostar do que temos!

Este é o desafio!




MENSAGEM DO AMIGO AYRTON ROCHA


domingo, 20 de maio de 2012

A FESTA DO CASTELÃO




 
A sugestão do jornalista João Bosco Serra e Gurgel é para os organizadores da festa de reabertura do estádio Castelão, que espero não inventem chamar de ARENA. Veja o que ele imagina pra essa festa:
 

"Nada contra em se pagar milhões de dólares para a
inauguração do novo Castelão com show de Madona.Poderá dar visibilidade internacional ao nosso Ceará.Mas antes do show de Madona, o Governo do Ceará, com patrocinadores que não se negariam, poderia marcar a inauguração do estádio com pelo menos dois eventos que poderiam ser organizados pela Casa do Ceará em Brasília que se dispõe a marcar sua presença no evento, como o maior centro de expressão do Ceará fora dele.

1- um desfile com a presença de cearenses que moram e trabalham em cada um dos paises que virão para a Copa.Eles viriam de lá, com passagem, hospedagem e cachê, para entrar no Castelão com a bandeira do país.

É uma forma de confirmar a presença dos cearenses no mundo e agradecer a esses países a acolhida que deu aos cearenses. Envergarão o uniforme oficial dos respectivos países e desfilarão com a execução do Hino Nacional deles.

2- um show compacto de autores cearenses em dois tempos de 20 minutos: a Música Popular do Ceará, com Fagner, Belchior, Nonato Luis, Manasses, Ednardo, Fausto Nilo e o forró com Waldonys, duplas de forró, como Italo e Reno, e bandas.A apresentação será com orquestra sinfônica e corpo de baile.Mostraremos a força dos nossos autores e de nossa música.

3- O evento será aberto com a execução sinfonica do Hino do Ceará.Não custa lembrar que NÃO houve comemorações nas duas datas magnas do Ceará:

Os 400 anos de fundação do Estado, em 1612.

Os 200 anos de independência da Capitania de Pernambuco, em 1799.

A história não se repete. A sugestão pode ser melhorada.

abraço

jb serra e gurgel

VAMOS EXIBIR NOSSA CULTURA, SEM VERGONHA




Wilson Ibiapina


O jornalista Macário Batista contou-me que ao passar recentemente por Lisboa teve uma surpresa agradável. Ao visitar uma feira internacional de livros que estava acontecendo na capital lusa, ouviu o serviço de som da feira tocar durante horas músicas nordestinas na voz de Luiz Gonzaga. Uma coisa realmente surpreendente já que no Ceará você dificilmente vai ter a oportunidade de ouvir a boa música regional em festas, bares, restaurantes da orla, nos hotéis, parques, seja lá onde for. Parece que temos vergonha de exibir o que é nosso.

Não tem sentido a música internacional que os cearenses exibem aos visitantes. Também música baiana é coisa dos baianos, como samba é dos cariocas, frevo de pernambucanos. O aeroporto internacional de Fortaleza não tem um só CD do Fagner, do Fausto Nilo, Ednardo, Belchior ou de qualquer um outro cantor da terra ou da região Se tem não toca. Os Cds dos artistas da terra sumiram até da loja de discos do Pinto Martins.

Quando a gente chega a uma cidade quer conhecer a comida, a música, os costumes, o sotaque, enfim penetrar naquela comunidade, sentir sua força cultural.

Lustosa da Costa conta em seu livro “Crônicas para o entardecer” que um cidadão, no interior, ao se confessar numa igreja, diz ao padre que seu pecado é ser orgulhoso. O padre quer saber se ele é culto.- ” Não? Então você não tem nada de orgulhoso, você é um besta!”

Meu Deus como tem gente besta nesse nosso Ceará. Gente que se envergonha do lugar em que nasceu. Escondem os pais por serem humildes. Quando melhoraram de vida, esquecem os amigos de infância como se quisessem apagar o passado. E passam a desprezar a tudo que é da terra, valorizando coisas banais de outras praças, como se aquele comportamento lhe desse status de pessoa nobre, sabia.
Vamos valorizar o que é nosso. O turista precisa saber quem somos, o que somos, como somos. Aposto que ele vai gostar e muito. Vamos deixar de ser orgulhosos, ou melhor, chega de ser besta.
Ednardo

Fausto Nilo



Belchior


UMA BELA CAMPANHA CIDADÃ!



Movimento “menos Vereadores + Professores”.


O  outdoor colocado na rua Olívio Domingos Brugnago, no bairro Vila Nova, em Jaraguá, demonstra a indignação sobre a proposta de aumento do número de vereadores na Câmara.



Na Ilha da Figueira, bairro de Jaraguá do Sul, foi colocado o outdoor abaixo:



E finalmente...






O JULGAMENTO DO SOLDADO ABACAXI





 Durval Aires Filho*

Quando o diligente repórter fotográfico Evilásio Bezerra, do Jornal O Povo, recebeu a pauta e se dirigiu para a Rua Barão do Rio Branco, esquina com a Rua Pedro Primeiro, sede da agência dos peixinhos, não pensou em encontrar aquilo que os humoristas profissionais chamam de "piada pronta", a propósito de situações ridículas que envolvem políticos e autoridades, pelo que fazem, deixam de fazer ou revelam, através de mal-entendidos, ou  gafes,   produzindo, na maioria das vezes, murmúrios, assombros, ou largas risadas. Digo diligente, porque nem sempre se pode dizer da presteza ou da disponibilidade profissional. Meu pai que era jornalista, certa vez, mandou o fotógrafo Edson Pio à Escola Normal, pois ali os professores estavam em greve, meio a diversas manifestações de pais, mestres e alunos. Chegou tarde. E fez as imagens de um colégio com portas cerradas. Advertido por meu velho, o tarimbado fotográfo poderia arrebatar um prêmio, a foto da semana. Volvendo ao laboratório, Edson fez uma montagem.  As portas abertas de uma catedral serviram na medida exata, na mesma proporção que apagaria o seu atraso, e a Escola Normal, devido a um truque que nunca ninguém desconfiou,  ganhou uma certa opulência e respeito. Foi a primeira página da velha Gazeta de Notícias, um jornal vespertino que foi responsável por uma geração de bons jornalistas.

A missão de Evilásio naquela manhã era rotineira: realizar uma cobertura sobre um movimento contra a privatização do Banco do Estado do Ceará, promovido pela associação dos seus  servidores e o sindicato dos bancários. Para o evento,  o então presidente da entidade mandou distribuir abacaxis para os participantes. Isso para expressar justamente o imbróglio, a situação de vexame por que passavam os bancários estaduais. Pois bem: no local, juntamente com os manifestantes, o experiente profissional encontrou dois soldados, Aldemir e Fabiane, escalados certamente para oferecer segurança à população, no caso, os transeuntes, e,  igualmente, tinham o dever de zelar pela coisa pública, evitar excessos e badernas. Mas, logo verificando o clima de paz, os próprios fardados relaxaram e resolveram aderir a manifestação, quando inadvertidamente começaram a degustação da fruta tropical, após a distribuição de centenas deles, todos fatiados, segundo a notícia que acompanhou as imagens.

Naquela ocasião, a cena captada pela lentes imparciais revela que os policiais agiram como se estivessem em lazer, em pleno sábado de feijoada, apesar de fardados. Evilásio não contou pipocas: "click". Não deu outra:  no dia seguinte, a foto dos folgados soldados, comendo e saboreando abacaxis, foi a primeira página do matutino.  Ainda naquele mesmo dia, o click da máquina fotográfica, além de gerar informação impressa, faria pequenos estragos. Os soldados sofreriam punição  por parte de seus superiores, pois teriam faltado a ordem, a hierarquia e a disciplina. 

O chargista Clayton, no outro dia,  brincou: reproduziu o casal, enquanto um deles dizia: "êta abacaxizinho azedo!". E, em revista do próprio impresso diário, foi a foto da semana: dois singelos militares comendo abacaxis no descuidado dia de uma quinta-feira, do mês de outubro do  recuado ano de 1997.




Acontece que, segundo informou a dupla, em termos de dissabores,  não ficou somente na exposição da imagem e prisão disciplinar. Na caserna, pelo comportamento desprevenido, Aldemir logo recebeu o apelido de "soldado abacaxi". Retaliações também receberam no âmbito mais particular, sendo ambos ridicularizados pelos amigos e parentes próximos e remotos. Daí procuraram um advogado e este causídico ingressou, naquela mesma época,  com uma Ação de Indenização por Dano Moral, alegando, em benefício dos postulantes, o direito constitucional a imagem e a privacidade. Assim, o Jornal, por sua graça,  teria que reparar o estrago causado no âmbito subjetivo, devido a divulgação desautorizada. Muitos anos depois, em grau de recurso, após indas e vindas, atos e ritos, o processo estacionou no meu gabinete e, sobre ele, fui informado de que se tratava de "meta dois", feitos atrasados que, conforme estatísticas do CNJ, deveriam ter sido julgados desde 2009.


Depressa, instado ao julgamento da peça processual, li e reli o conteúdo do apelo que não me comoveu, nem mesmo com a alegação séria de pisoteamento ao texto constitucional, antes me colocou dentro de uma moldura de riso e de puro relaxamento. Momentos depois, restabelecido da comoção hilária, soltei o seguinte, no dia de seu julgamento em plenário: "Fatos insignficantes que não gera dano indenizável, ainda mais quando os promoventes deram causa para o evento. A jurisprudência nacional tem admitido que fatos dessa natureza não têm o potencial para responsabilizar a empresa jornalística que não extrapolou, que não adulterou imagem colhida em local público, em manifestação coletiva, por agente público em pura distração. Foto publicada em jornal que não teve qualquer propósito de exposição do autores de forma ofensiva, senão a busca pelo "furo" jornalístico.

O Presidente da Câmara, desembargador Ernani Barreira Porto, sorriu, fez algumas considerações de estilo, até porque naquela sessão, sua excelência, havia julgado uma ação semelhante e, ao finalizar, me agradeceu efusivamente, de modo afetivo e alegre, como se estivesse a comemorar alguma coisa. Sorriu ao dizer "obrigado pelo dia". Era mais um dia comum de trabalho e igual a tantos outros, mas com uma pequena singularidade, daí o motivo do agradecimento. E, aí, eu compreendi como o cotidiano das pessoas é muito rico; como é interessante a nossa vida privada, com certeza, uma matéria prima que permeia a tantas esferas, e, normalmente, conduz a surpreendentes efeitos e a  desconsertantes resultados.
 
 
* Durval Aires é desembargador do TJC

quinta-feira, 17 de maio de 2012

LÚCIO PACO BRASILEIRO NO ESPAÇO E NO TEMPO



Lúcio Paco Brasileiro

Wilson Ibiapina

As pessoas estão vivendo muito mais e melhor. Os idosos de hoje nem imitam os nossos avós, que aos 50 já se penduravam em bengalas. Os velhos de hoje trocaram os agasalhos por roupas esportivas, tênis e exercitam um cuidado especial com a saúde. É como diz Roberto Carlos na canção: “É preciso saber viver.”

O jornalista Francisco Newton Cavalcante, que desde 1955 assina colunas na imprensa cearense sob o pseudônimo de Lúcio Brasileiro, adotou agora, também, o apelido de Paco para bater pernas pela Europa. Há quem ache que ele sofre de nosomania. Paco, apenas se sente preocupado com a saúde. Em entrevista que deu a João Soares Neto, ele revela que cuida do ácido úrico, do coração e dos ossos, e afirma: “ se eu tiver qualquer doença, será injusto, pois me cuido até dormindo.” Leve, trêfego e saltitante, lá se vai ele Europa à fora, feito um jovem. Foi preciso um incidente, na França, para que caísse na real e, com amargura, se descobrisse um menino em folha por dentro,já que por fora..., bem ele mesmo conta:

“'Para evitar o taxi, que cobra 60 euros, tomei um trem em Nice, para baixar em Villefrance-Sur-Mer, que custa dois. Vagão superlotado, tive vontade de morrer, quando moça de uns 20 anos me concedeu o seu lugar e ficou de pé.
Quer dizer que exteriormente de nada adiantaram as caminhadas matinais, a bicicleta, a academia, a dieta do alho, carne vermelha só uma vez por semana e nenhum doce. Minha terceira idade era evidente. Em compensação, dias depois no hotel Don Toni de Ibiza, um cidadão inglês de nome Alex perguntou que idade eu tinha e respondi incontinente: 51. Parece bem menos, foi sua gaudiante afirmação.”

Hoje, ciente de que tem mais passado do que futuro, o setentão segue lépido, procurando viver cada momento, sem se importar com o que os outros achem dele.

HO CHI MINH “CONHECEU” MULHER NO RIO DE JANEIRO






Wilson Ibiapina


Todo mundo já ouviu falar no líder revolucionário Ho Chi Minh. Ele se tornou um dos maiores dirigentes históricos do movimento comunista internacional. Comandou até morrer, em 1969, a luta do povo vietnamita pela sua emancipação nacional e social contra o colonialismo francês e contra os agressores japoneses e norte-americanos. 


O que poucos sabem é que o herói do Vietnam foi conhecer mulher no Rio de Janeiro. Foi uma cearense, que fazia ponto num cabaré carioca quem tirou a virgindade do grande homem.
Essa história foi contada por um velho marinheiro no café de um hotel da cidade de Saigon, hoje Ho Chi Minh, e foi ouvida pelo jornalista Macário Batista que, por uma dessas coincidências da vida estava numa mesa ao lado.

Ainda jovem, Ho Chi Minh percorreu o mundo,trabalhando como marinheiro, padeiro, cozinheiro e outros ofícios, em países como França, Inglaterra e EUA.Em 1911, depois de ter ensinado francês em uma pequena escola em Hue, Ho chi Minh (que nesta época se chamava Nguyen Tat Thanh) parte para Saigon onde se matricula em uma escola profissional de marinheiros.

Em fins deste ano, Ho Chi Minh (que se intitulava Ba) embarca, como auxiliar de cozinheiro, no navio La-Touche-Tréville. Passou anos a bordo e assim pode conhecer os principais portos mediterrâneos e africanos. Há relatos que nesta época (1912-1914) veio a conhecer o Brasil e, em 1915, os EUA onde encerrou seu trabalho como marinheiro. Foi neste período que pôde observar as semelhanças do sofrimento destes povos e dos seus irmãos vietnamitas, sempre tomando o lado dos explorados na luta pela libertação.

Na passagem pelo Rio de Janeiro, ouviu o Macário, Ho Chi Minh estava com apenas 21 anos de idade. Era cozinheiro do tal navio francês. O velho marinheiro, em tom de confidência, revelou que naquela viagem, Minh foi levado por um grupo de jovens trotkistas para uma casa de meretrício, na Rua das Marreca. Para quem não conhece o Rio, essa rua fica no centro da cidade e recebeu esse nome por causa das aves de bronze de cujos bicos jorrava água num pequeno chafariz.

Rua das Marrecas
A rua era cheia de pensões de francesas, polonesas e judias, fugidas de sua terra e colhidas pelas malhas dos exploradores de escravas brancas. Foi lá que foi parar essa cearense foragida da seca. Foi lá, também, que surgiu a palavra encrenca. Quando os malandros e valentões da época invadiam a rua, as moças se escondiam e recusavam-nos, mandando dizer que tinham ein Kranke (uma doença, em iídiche, língua dos judeus).

Pois bem, numa dessas pensões o futuro líder perdeu a virgindade na cama da fogosa prostituta cearense que morreu sem saber que aquele garoto a quem se entregou viria a ser o grande homem que botou pra correr de seu país franceses, japoneses e americanos. 

domingo, 13 de maio de 2012

LEI DO CÃO




Nem no tempo do Lampião havia tanta insegurança. O homem simples, trabalhador na roça, anda morrendo de medo, como conta o jornalista Nelson Faheina nesta mensagem que enviou para o Conversa Piaba:

"Meu caro Ibiapina: aumenta a falta de segurança na zona rural do Ceará. Os bandidos continuam assaltando Igrejas, escolas, ônibus, velhos, crianças e até agricultores que não têm onde cair mortos.

Zé Lopes da Silva, 72 anos, estava apanhando rama de batata, num pequeno terreno, encravado na serra de Palmácia, para alimentar uma cabra leiteira, quando foi surpreendido por dois bandidos. Armados de revólver, eles espancaram o agricultor porque ele não tinha um só tostão e nenhum objeto. Em seguida mandaram que ele corresse, sem olhar para trás e dispararam vários tiros.

Veja o depoimento de Zé na Delegacia de Polícia: "Seu delegado, com esses dois zói que a terra vai comer, eu vi a morte de perto. Eu corri, com tanta velocidade e medo, que as perna batia na bunda. As balas passava zunindo no meu zuvido. Parecia um inxame de abeia. Acho que foi Deus que butô um tôco na minha frente, prá me livrar das bala.

Dei uma topada e cai de cara no chão. Fiquei muito tempo, sem bater uma só pestana. De repente senti uma coisa lambendo minha zureia. Abri os zói, morto de medo e vi que era Tupy, meu cachorro. Me abracei com ele e comecei a chorar. Fui prá casa, rezando e me tremendo do pé a cabeça.

Quando abracei Zefinha, minha muié, ela disse: Zé que diabo de catinga é essa, home de Deus? Passei a mão no fundo da calça e vi que tava todo borrado. Num tive vergonha do que aconteceu, de ter sujado as calça, aos 72 anos de idade. Tô feliz. Juro pela sete chaga de Cristo que ESCAPEI FEDENDO DA MORTE, FEDENDO MESMO".

Esse fato foi divulgado, com destaque, pelas emissoras de rádio do Maciço de Baturité, no Ceará. Zefinhha, revoltada com a falta de segurança, afirmou: Hoje em dia, quando a polícia chega prá nos proteger, vem sempre acompanhada do rabecão prá levar o morto" Um grande abraço. Nelson Faheina.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A PROMETIDA




Parece um conto das Mil e uma Noites, livro descoberto pelo Ocidente no século XVIII, quando foi traduzido por Antoine Galland, embaixador de Luís XIV junto à corte de Constantinopla. 

A história da Jordaniana Najla Rox Uzeiz Marar bem que podia ter sido retirada do imaginário dos contadores árabes. Essa senhora mora no interior de São Paulo e um de seus filhos é o meu amigo Charles Marar. Veja o resumo da história dela, publicada na revita da Folha por Paulo Sampaio:


“O vestido de noiva do primeiro casamento, marcado para logo depois da Páscoa de 1947, na Jordânia, foi engavetado. O noivo morreu de véspera, depois de passar a tarde lendo sob o inclemente Sol desértico: a insolação evoluiu para uma meningite seguida de infecção hospitalar fatal. Najla Rox, a “viúva”, morava em Jerusalém e tinha então 15 anos, mas desde os 12 anos já sabia com quem iria se casar na igreja católica.

O escolhido pela família era seu tio-avô, o irmão mais novo de seu avô, filho caçula do quinto casamento de seu bisavô. Graças à profusa disposição do bisavô para o casamento, o morto não era tão velho quanto supõe o parentesco: tinha 21 anos.

“Apesar de nunca ter beijado meu noivo, nem no rosto, eu estava achando ótimo me casar, porque não gostava de estudar”, conta a bem humorada Najla, que hoje tem 81 anos, nove filhos, 13 netos, três bisnetos e vive na cidade paulista de Bauru.

O pai dessa prole, que inclue meu amigo Charles, vem a ser o irmão mais velho do noivo que morreu. Comerciante, estava morando no Brasil quando teve que voltar para a Jordânia para cuidar da mãe, que estava sozinha.

“Ela conta que nos primeiros meses ele adorou. Era matança de carneiro todo dia, farra, mas logo ele enjoou e arranjou um motivo para voltar para o Brasil.

O motivo era..Najla. Ele escreveu uma carta para o pai dela, pedindo a mão da jovem em casamento, e em 15 dias os dois estavam vivendo juntos no Brasil.”


Clique para ampliar

Clique para ampliar

Homenagem 80 anos Wilson Ibiapina