quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O DESEMBARGADOR E O REPÓRTER


Durval Filho

Semana passada, depois de anos sem conversarmos , recebi um telefonema especial, de um jornalista muito querido. Edmundo de Castro. Nome que tem a cara da reportagem. Do jornalismo romântico. Autor de texto espirituoso, pena leve, sutil, sempre defendendo o interesse público. Dedé, um sujeito diferente, uma contradição por ser bom demais para este mundo esquisito e sem criatividade. Falo de uma pessoa humana engraçadíssima, generosa, pura, profundamente desnuda das coisas materiais.

Motivo da ligação: desculpava em não ter ido a minha posse. Nem carecia. Ora, quem tem 90 anos não precisa de escusas. A idade, por si só, já é uma construção, uma casa construída de muitas estradas e memórias, um peso que se acopla e se conduz com dificuldade. Aí me lembrei do Moacir C. Lopes.Havia dois anos distantes, liguei para o grande romancista cearense, radicado no Rio de Janeiro, também com a mesma idade do Dedé. Na hora de falar com o autor da "Ostra e o Vento", fiquei reticente, um pouco encabulado, mudo. Afinal fazia voltas que não conversávamos. Do outro lado da linha, ouvi dele sem nenhuma amargura: "homem, sou eu mesmo, homem. A cabeça vai muito bem. Só que abaixo dela, tudo se acaba, tudo se desintegra..."

Bom, pela comunicação do Dedé, otimismo. Ele me falou de uma coisa interessantíssima. Disse mais ou menos assim: a tua posse de desembargador, Durvalzinho, seria um dia para comemoração. Teu pai usaria um paletó branco. Começaríamos uma andança. Lá pelo Bar da Divina. Terminaríamos no fim da madrugada. Cedo da manhã. Tomando banho de Lagoa. Depois do Pici. Sítio do Papai.Lá nas Casas Populares, hoje, Bairro Henrique Jorge.
Invariavelmente, dizia o Dedé, era sempre da mesma forma: comemoração, com paletó branco, aguardente e lagoa de águas límpidas. Coisas do Durval. Sentimento de poeta.Podia ser a celebração de um filho que nascera na semana anterior. Uma nova linotipo que jornal adquirira.

Simplesmente, um texto bem escrito, um poema, uma notícia boa que rendesse manchete, a queda de um ditador. Em 1970: a morte do Rei Hassan do Egipto. Agora, Mubarak. Certamente, outros tragos, muitos banhos. Festa da democracia. A tua posse, Durvalzinho, então... Onde ficou Wilson Ibiapina o nosso humanismo?

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

PADRE PORTUGUÊS FEZ 299 FILHOS



Sentença de 1587 - Trancoso, Portugal

Arquivo Nacional da Torre do Tombo

(Torre do Tombo é o local onde se guardam todos os documentos do país, está situada em Lisboa, junto à Cidade Universitária. Corresponde, no Brasil, ao Arquivo Nacional)

SENTENÇA PROFERIDA EM 1587 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO (Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5, maço 7)

"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas. Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres". Não satisfeito tal apetite, o malfadado prior, dormia ainda com um escravo adolescente de nome Joaquim Bento, que o acusou de abusar em seu vaso nefando noites seguidas quando não lá estavam as mulheres. Acusam-lhe ainda dois ajudantes de missa, infantes menores que lhe foram obrigados a servir de pecados orais, completos e nefandos, pelos quais se culpam em defeso de seus vasos intocados, apesar da malícia exigente do malfadado prior.

agora vem o melhor:

"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou pôr em liberdade aos dezassete dias do mês de Março de 1587, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e, em proveito de sua real fazenda, o condena ao degredo em terras de Santa Cruz, para onde segue a viver na vila da Baía de Salvador como colaborador de povoamento português. El-rei ordena ainda guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo".

Assustado com a pressão da torcida, Ronaldo foge para o Egito

Onde está Ronaldo?





Homenagem 80 anos Wilson Ibiapina