domingo, 21 de novembro de 2010

Ouça aí um dos primeiros anúncios do Lifebuoy no rádio, no século passado:

ELE ESTÁ DE VOLTA







Wilson Ibiapina

Compramos aqui em Brasília caixas de sabão em pó OMO. Para nossa surpresa estavam lá, pregados nas caixas, sabonetes Lifebuoy. Os mais velhos lembram dele. É dos mais antigos no mundo e está sendo relançado no Brasil pela Unilever.

Antes da globalização, o Lifebuoy já era vendido em tudo quanto é país. O sabonete surgiu em 1894 na Inglaterra, mas só chegou ao Brasil nos anos 30. A propaganda do sabonete garantia que ele acabava com o mau Cheiro do Corpo. Foi daí que nasceu o termo cecê, nos anos 50. – o seu CC está vencido, use Lifebuoy. A propaganda explorava o poder anti-séptico e bactericida do produto. Hoje, continua garantindo que ele é total antibacteriano e promove cem por cento melhor proteção.

Falar em sabonete que desapareceu, lembro agora de dois. Um é o Viol , fabricado pela Kanitz Ltda, uma perfumaria que ficava na rua Washington Luiz, 117, no Rio de Janeiro. Tinha um perfume inconfundível. Tomava-se banho pela manhã e passava o resto do dia com o seu cheiro agradável. Engraçado é que só conseguia encontrá-lo no mercado de Fortaleza. Nunca nem no Rio.

Até hoje guardo uma caixinha amarela com um sabonete Viol que dona Antonita, mãe da Regina Benevides me deu de presente. Fabricado em 1994. De tão velho já está perdendo o cheiro. O outro sabonete que lembrei era fabricado no Ceará. Acho que o primeiro e único sabonete cearense. A fábrica ficava no bairro de Otávio Bonfim, em Fortaleza. Era o Sigel, produzido pela Siqueira Gurgel, que parece não existir mais. Essa fábrica que produzia o óleo de cozinha Pajeu, o mais consumido, tinha também o sabão Pavão. “Uma mão lava a outra com perfeição. As duas lavam roupas com sabão Pavão”.




domingo, 14 de novembro de 2010

DENÚNCIA É ESSENCIAL EM CASOS DE AGRESSÃO A CRIANÇAS E IDOSOS.


Uma reportagem mostra claramente que, ao ver uma coisa errada acontecendo, ninguém deve ficar calado. Atitudes como a da pedagoga Ana Paula de Souza é que levam a justiça a punir quem maltrata crianças e idosos.


ONTEM É HISTORIA. O AMANHÃ É MISTÉRIO. O HOJE É UMA DÁDIVA. POR ISSO O NOME É PRESENTE

RODOLFO ESPÍNOLA


Egidio Serpa

Perdeu o jornalismo cearense um dos seus melhores profissionais – Rodolfo Espínola Neto, que é visto na foto (da esquerda para a direita Rangel Cavalcante, Egidio Serpa, Wilson Ibiapina e Rodolfo).

Repórter por vocação, herdou do pai, o inesquecível Hildebrando Espínola, o talento que o tornou correspondente – por 32 anos – de O Estado de S. Paulo, no Ceará.

Mais recentemente, antes mesmo de tornar-se sexagenário, seu espírito irrequieto levou-o aos bancos universitários que o graduaram historiador. De canudo na mão, foi atrás da história. Mergulhou na pesquisa e viajou pela Península Ibérica, onde se internou à procura de alfarrábios para provar – e provou – que foi o espanhol Pinzón e não o português Cabral o descobridor do Brasil. Publicou dois livros e deixou três concluídos, prontos para publicação.

Ao morrer em Fortaleza, aos 62 anos, vítima de um acidente automobilístico na Avenida Santos Dumont, Rodolfo juntou todas as suas forças para esperar – ainda dentro do carro acidentado, de onde só foi retirado por uma equipe do Samu – a chegada de sua mulher, Nilda, e de dois de seus três filhos João Paulo e Carol, com os quais trocou as últimas.

Ele teve a alegria de ver, há menos de 60 dias, em Recife, o rosto de sua neta Mila, presente da filha mais velha, Melina. Rodolfo, homem de fé, só semeou a amizade. Que Deus lhe dê a vida eterna. Ele merece.

CEARENSE: A CARA DO BRASIL





Wilson Ibiapina


A coisa mais facíl é você identificar um estrangeiro, já que a maioria possuiu um biotipo imediatamente reconhecido. Hoje, em qualquer país, o passaporte brasileiro tem um grande valor no mundo do crime. É que nós não temos uma cara, um tipo físico definido. Tem brasileiro com cara de japonês, árabe, índio, europeu, alto, baixo, preto, louro, de tudo quando é jeito. Qualquer um pode se passar por brasileiro.

A nossa miscigenação entre portugueses, índios e africanos tem pouco mais de 500 anos. Essa mistura chegou a preocupar os europeus, influenciados na época pelas teorias raciais. Achavam que a miscigenação era uma ameaça de degeneração de todas as raças. Nos séculos passados chegaram os ingleses, alemães, italianos e japoneses.

E nós fomos surgindo dessa mistura de raças, aumentando as interpretações dos estudiosos sobre o que é o brasileiro. Estamos todos nesse caldeirão cultural efervescente. É a carga genética de nossos antepassados europeus que se relacionaram com indias e negras, procurando o nosso biotipo. Deve sair dessa mistura um sujeito criativo, indiscreto, malandro, cordial, extrovertido, corruptível, com todos os defeitos e qualidades que já temos, mas com traços comuns que vão nos identificar em meio a multidão.

O pernambucano Gilberto Freyre, que tentou responder a pergunta sobre o que é o brasileiro no seu livro Casa-Grande & Senzala, afirmou em 1980 numa conferência no Teatro José de Alencar, em Fortaleza, que a raça brasileira, sendo feita de imigrantes, não tem um biotipo próprio e que quando viesse a tê-lo, deveria ser parecido com o do cearense.

Essa revelação, fabulosa para mim, foi feita pelo bibliófilo José Augusto Bezerra no discurso que fez quando recebia a Sereia de Ouro, comenda outorgada pelo Sistema Verdes Mares, na noite de 24 de setembro passado.

José Augusto Bezerra disse que ouviu Gilberto Freyre assegurar que foi o cearense quem dera a grande contribuição étnica por estado à nação, ao emigrar para todos os recantos do País e miscigenar-se em todas as camadas sociais. Bezerra ressalta que, nas palavras de Gilberto Freyre, “ o cearense é o modelo para que o tempo pinte, numa tela, um biotipo para o Brasil.”

Homenagem 80 anos Wilson Ibiapina