terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

OS 70 ANOS DO GRANDE MESTRE







26 de Fevereiro de 2013 é uma data especial para o Conversa Piaba. Há 70 anos nascia o criador do Blog, o jornalista Wilson Ibiapina. E para homenagear o grande mestre, começamos apresentando Wilson Ibiapina por ele mesmo. 



Se você quer saber, sou um jornalista do tempo da máquina de escrever mecânica. A mesma que minha neta de 12 anos viu no escritório lá em casa e perguntou se era nosso primeiro computador. Era sim. Que prazer martelar as teclas nas redações, fazendo aquele barulho que se misturava às vozes dos repórteres, redatores, apuradores, todos falando alto, ao mesmo tempo. Tudo era escrito com cópia em papel carbono. Logo ao lado, as oficinas. As linotipos gemiam nas mãos de hábeis gráficos que tomavam leite para evitar a intoxicação do chumbo. Quem não sujava as mãos na hora da prova com aquele rolinho preto? Quem não deu palpite na prancheta do diagramador?

Vi o rádio que recebia as notícias da UPI em código Morse ser substituído pelo telex, a radiofoto ceder lugar à telefoto e o gravador com fio ser trocado pelo portátil. Se olhar para trás a gente vai contabilizado os anos nas redações de O Estado, Rádio Iracema, Dragão do Mar, Ceará Rádio Clube, TV Ceará, jornal Unitário, TV Manchete, Rede Globo, SBT, Correio do Povo de Porto Alegre, Radio Tupi, Sistema Verdes Mares, assessorias de imprensa, jornais alternativos. Satélite era coisa da Nasa e telefone sem fio instrumento de trabalho das forças armadas.

A silenciosa redação de hoje não tem nada a ver com as do século passado. Até as manchetes com o crime , que ajudavam a vender jornal, desapareceram. O jornal que servia à comunidade, defendia o interesse público, hoje virou empresa, negócio. A propalada liberdade de imprensa é do patrão.

O satélite, o computador , o celular nos colocam no centro da aldeia global que tanto o canadense Marshal Mcluhan falava. Hoje, além da Edilma minha mulher, tenho o filho Fábio que se fez jornalista já na era da informática e domina o computador com a mesma precisão que dominei as pretinhas da Olivetti. Quando me pergunto o que ainda estou fazendo nesse meio, fico imaginando que deve ser a minha curiosidade de repórter, louco para saber onde vai dar tudo isso.

IBIAPINA, O POETA DA AMIZADE



AYRTON ROCHA

Conhecer o Wilson Ibiapina é coisa fácil.

Basta o primeiro olhar. É amor a primeira vista.

Ibiapina é, como, a madrugada, que vai chegando de mansinho e vai tomando conta da noite.

Ibiapina é uma manhã de Sol, onde os raios de sua luz é a certeza dos nossos caminhos iluminados.

Ibiapina é a mão sempre entendida, para levantar um amigo. É o ombro forte, para um amigo chorar. É a palavra doce para o amigo sorrir.

Amizade para o Ibiapina, não tem tempo. Não tem anos, não tem décadas, ela tem apenas vida.

A transparência do seu rosto e do seu olhar é cristalina como as águas dos Rios.

É como o brilho da lua, numa linda noite de luar.

È como um sorriso de criança na hora de acordar.

É como a alegria do mar, ao ver uma gaivota voar.

Seu amor tem sabor de amizade. E sua amizade tem gosto de amor.

Ibiapina, não se gosta, se ama.

Sua importância é tão grande, e o seu jeito de ser, é tão simples que nos leva a conhecer a verdadeira grandeza humana.

No seu peito, bate forte um coração generoso. E na sua alma, o sentimento da poesia.

Sua capacidade de amar é tão grande, que por onde passou nestes Setenta Anos, tão vigorosamente vividos, deixou seu rastro de amizades, de luz e de amor.

Ibiapina é uma noite de boemia pura, onde as madrugadas viram crianças, e os seresteiros com seus violões sonoros nos leva a felicidade da musica.

Ibiapina é como a poesia de Neruda: “OS POETAS ODEIAM O ÓDIO E FAZEM GUERRA A GUERRA”.

Eu sou uma testemunha viva, da pureza da amizade do grande Ibiapina.

Eu faço parte da vida deste semeador de amizades, tudo porque, eu também sou seu amigo.

Um beijo, amigo Ibiapina.




HOMENAGEM DO JORNAL DA CASA DO CEARÁ

















HOMENAGEM DO AMIGO ARI COELHO



WILSON IBIAPINA, CIDADÃO DO MUNDO

Quando se quer fazer homenagem a alguém, melhor fazê-lo em vida. Coração generoso, mente inquieta, papo envolvente, falo aqui do jornalista José Wilson Ibiapina, memória viva do rádio cearense, e que mora bem pertinho da gente, no Lago Norte.

Conheci José Wilson Ibiapina roubando, como sempre, a cena em roda de amigos. Fluente, com seu humor refinado, de tiradas céleres, enche o recinto de alegria com sua inconteste habilidade de conversador.

A generosidade para com os amigos e a sua trajetória na imprensa fazem com que José Wilson colecione amizades, não só relacionadas a rádio, jornal e televisão, mas ao mundo cultural. Foi em sua casa que pude estar com Ednardo (de Pavão Mysteriozo e tantas outras obras-primas), Luís Melodia etc. Já foi dito que não se sabe como o Piabinha — apelido carinhoso que tinha na época do rádio — abriga num corpo tão pequeno um coração tão grande.

Consegui emprestado o DVD “Wilson Ibiapina, cidadão do mundo” (2009) com o João Carlos Fonseca. As primeiras imagens me levaram a dar pause e sair da sala. Queria me preparar para um momento prazeroso que se enunciava. Peguei a cerveja espanhola Estrela Galícia que comprara no Pão de Açúcar.

Não que eu quisesse ser coerente com a internacionalidade do cearense José Wilson — achei que era um momento especial. Só então dei play.

José Wilson veio emprestar sua competência a Brasília em 7 de setembro de 1970, em plena vigência dos “anos de chumbo”, onde foram fechadas emissoras de rádio, dentre elas a Dragão do Mar, de que fala o documentário em DVD.

José Wilson menciona as ruas desertas do feriado no Planalto Central. Tenho impressão de que Brasília o auscultava em silêncio, pressentindo que a partir daquela data a cidade não seria a mesma. Chegava à cidade um cara irrequieto, fluente, instigante, que durante a vida toda só saberia fazer jornalismo. Talvez seja essa a receita para bem fazer jornalismo.

O portfólio de Ibiapina — assim poderíamos chamar o documentário bem elaborado, sem pretensões de propaganda curricular, já que ele não precisa — traz detalhes da vida de um cidadão do mundo que emocionam.

O lenço que José Wilson ostenta no depoimento leve e solto parece querer dizer da sua própria emoção, ao relatar suas ricas experiências. Mas quem assiste também se emociona com os caminhos palmilhados por esse profissional de peso. Revela-se impossível abarcar tanta jornada em apenas 42 minutos de vídeo.

Registro dois casos engraçados relatados por amigos de José Wilson no vídeo. Num deles, nosso amigo jornalista pega o jeep de Gamaliel emprestado. Chega tarde da noite sem o jeep, que havia “ficado no prego”, sem gasolina. Tradução inevitável: quem empresta um carro deveria fazê-lo de forma completa, com tanque cheio. Tradução complementar: são patentes as dificuldades financeiras por que passou Ibiapina, um emérito lutador. Lutador que venceu exclusivamente pelo trabalho, haja vista as amizades granjeadas, as realizações como profissional e pai de família.

Outro caso divertido — este prima pela bizarria — foi Ibiapina e seus amigos descobrirem que o local onde se obtinha a cerveja mais gelada de Fortaleza era o IML, com suas geladeiras sombrias mas eficazes.

A menção, no bem cuidado vídeo, ao desastre com o avião da VASP que se espatifou na serra da Aratanha em 8 de junho de 1982 me despertou lembranças daquele dia em que também cheguei a Fortaleza a trabalho, sobrevoando de forma panorâmica o local do acidente. O áudio que Ibiapina conseguiu amplificar da estupefação do piloto sensibiliza qualquer um.

Ao final das falas de tantas pessoas sobre Ibiapina, traz-se a convicção de que estamos aqui no Lago Norte bem pertinho — e isso é um privilégio — de uma pessoa que é memória viva da história do rádio e da tevê.

Alguns ligam José Wilson a rabo de foguete, pelo seu dinamismo. Podemos dizer, de maneira carinhosa, que esse cidadão do mundo tem mesmo é “fogo no rabo”, pela sua impetuosidade e brilho de cometa. E de todas as montagens fotográficas que foram feitas de José Wilson com Barack Obama, com o papa, com Che Guevara, ao lado de Neil Armstrong, só não acredito em uma — não resta a menor dúvida, José Wilson pisou na Lua, sim!

domingo, 24 de fevereiro de 2013

GENTE QUE NUNCA MORREU NEM TEM INVEJA DE QUEM MORRE




Wilson Ibiapina


Acho que só mesmo os seguidores da religião islâmica não temem a morte. Aos que morrem em nome de Alah, a religião assegura 72 virgens. O Alcorão revela que  o paraíso islâmico é sensual mas não fixa esse numero de virgens para cada fiel. A Necrofobia – medo da morte ou coisas mortas - é doença antiga. Tem a Tanatofobia,  a fobia do medo da morte. A palavra Tanatofobia vem do mito grego de Tanatos, divindade grega da morte. Tá lá no Google: "para o filósofo Jacques Choron existem três tipos de medo da morte: medo do que vem depois da morte (ligado as religiões, castigos, solidões, sentimento de culpa, etc.), medo do evento ou do processo de morrer (sofrimento prolongado, fraqueza, dependência, estar exposto e vulnerável, etc.) e medo do "deixar de ser" (é o mais terrível, é conflito entre o nada versus a continuidade após a morte, o não ser).”

Mas tem gente que não está nem aí, leva tudo na brincadeira, sem a menor prudência frente a perigos que possam prejudicar a vida. Em Fortaleza, um comerciante abriu um bar em frente ao cemitério Parque da Paz. E se diverte com o nome que escolheu para o seu negócio: "Olhando para o Futuro". 

Isso lembra a história que o Jorge Ferreira gosta de contar. Lá em Cruzilha, interior de Minas, tem um bar no caminho do cemitério, onde uma turma antiga assina o ponto. Um dia, Pernaiada não compareceu ao bar do Tiaozinho. Quando reclamavam sua presença, Pernaiada aparece num pequeno cortejo fúnebre, passando bem em frente ao bar. Uma das mãos segurando uma das alças do caixão, com a outra sinaliza pra  turma da Opa: “pessoal vou levar a titia alí, mas volto já, já.” 

Tem gente que não teme a morte, pensa que nem Jay Gatsby, de Scott Fitzgerald, que a vida é uma festa sem fim, em que todos continuamos jovens e ricos para sempre. Mas há os que se pelam de medo da morte. Em Mossoró, no Rio Grande o Norte, um monsenhor moribundo, recebe a visita de um jovem padre. Na ânsia de confortar o velho sacerdote, o jovem padre ensaia um mini sermão: “que bom! Finalmente, o senhor vai sair desse mundo pervertido, desigual, cheio de miséria, traições... Ainda bem que está chegando a hora do senhor partir para o lado de Jesus..” E antes que o padreco concluísse sua ladainha, o velho monsenhor suspirou: “Mas meu filho, acho Mossoró tão bonzinho!!! O monsenhor potiguar sabia que mesmo que a Bíblia nos estimule a perseguir a vida eterna, as escrituras revelam que só Deus possui a imortalidade. Ciente dessa nossa transitoriedade, não existe machão que não afine quando dá de cara com a morte. 

Em Brasília, um funcionário do Senado, Cláudio Júlio Freitas Carneiro, levava a vida com muita displicência até que um dia o coração deu sinal de que precisava de cirurgia. Cláudio entrou em pânico, mas transformou o medo numa brincadeira. Mandou fazer uma laje tumular. Caso não fosse bem sucedida a tal cirurgia, estava lá a sua pedra de mármore, que ele passou a carregar no porta mala do carro. Exibiu tanto a sua lápide no restaurante Piantella que o jornalista  Carlos Henrique de Almeida Santos decorou: “Sob a fria lousa/ Cláudio Júlio repousa/ Aliás em sua vida/ Nunca fez outra coisa.” 

Como menciona Joanna de Angelis em várias de suas obras, o medo da morte resulta do instinto de conservação que trabalha a favor da manutenção da existência. Mas tem hora que a fraqueza da carne fala mais alto. É o Jorge Ferreira que volta à Cruzilha para lembrar o que aconteceu com dona Nicota, mulher do seu Geraldo Rôla. Era o ano de 1959. Dona Nicota andava sentindo dores esquisitas no pé da barriga. Em Belo Horizonte o médico descobriu um tumor no útero, não podia ter mais filho. Até ser submetida a uma cirurgia, nada de sexo. Naquele tempo, camisinha era roupinha de bebê; Não tinham inventado a pílula. Para evitar filho só mesmo a abstinência sexual. Transar naquela situação podia significar a morte. Seu Geraldo passou a se virar com as meninas do beco do Quebra-mole. Mas dona Nicota, que tinha a sensibilidade à flor da pele, não resistiu ao fogo da paixão que ardia dentro dela, dissolvendo sua racionalidade. Uma noite, bateu desesperada na porta do quarto do marido, que já se preparava para dormir. Bateu forte, que seu Geraldo se espantou: - que foi Nicota, que aconteceu, mulher? E ela, com o corpo formigando de desejo, só conseguiu sussurrar: “Eu quero morrer, quero morrer!!

KURT PESSEK




Cel. Rui Pinheiro Silva

Fomos contemporâneos na Escola de Estado-Maior, ele duas turmas na minha frente. Na manhã de 18 de julho de 1972, a Direção de Ensino programara uma Conferência em homenagem ao Presidente Castello Branco, morto há cinco anos e ex-Comandante  daquela Casa. O auditório repleto acomodava todos os Instrutores e alunos, alguns  generais e os docentes civis, dentre os quais Mário Henrique Simonsen. Silêncio... Expectativa sobre o Conferencista. A presença de renomados generais dificultava o palpite. Abrem-se as cortinas e, para surpresa geral, junto ao púlpito está um aluno do 3º ano, jovem Major de Artilharia, paraquedista Kurt Pessek. Foi uma conferência inesquecível e ao terminar, aplaudido de pé, em que pese a discrição militar que é normal nesses atos. 

No decorrer daquele ano, vez ou outra, cumprimentávamo-nos ao cruzar os corredores, ele sempre simpático, não demonstrando a vasta cultura de que era possuidor. Dificilmente era visto usando a boina vermelha e os “red boots”, característicos dos audazes paraquedistas, porém orgulhava-se em sê-lo. Terminou o curso com brilhantismo e seguiu destino. Alguns anos depois, já tenente-coronel, é Assistente-Secretário do General Hugo Abreu, Chefe da Casa Militar do Presidente Geisel. Qual general não gostaria de tê-lo como Assistente? Dentre suas tarefas coordena os jornalistas políticos que trabalham no Planalto, onde faz muitos amigos. 

Porém, em 1978, problemas sérios ocorrem entre o Governo e a Cúpula Militar e, dessa forma, o Kurt é transferido para  o Estado-Maior da 10ª  Região Militar, onde me encontrava. Exerce sua função com proficiência e estreita relações com a área cultural e jornalística. 

Discreto, certa vez, o novo governador, Virgílio Távora, durante uma palestra no Quartel, surpreso, diz do seu contentamento em vê-lo no Ceará e põe-se à sua disposição. Um ano depois, KP já está transferido para a 18ª CSM - Ilhéus-BA e, logo mais para o RS. Consegue retificação para o Rio, e daí, para Brasília, onde pede reserva. Vai ser Diretor-Presidente do jornal Última Hora, onde se houve muito bem.  Até o fim da vida, dedicou-se à cultura, sempre com artigos primorosos e por último publica um dicionário com 800 mil palavras interligadas pela Editora Thesaurus.  Inesperadamente, Deus o convocou para o seu séquito de Heróis.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

EDILMA NEIVA LANÇA O LIVRO "CICLOS DA VIDA"



Vicente Limongi Netto

Tem romance novo em Brasília. É o "Ciclos da Vida". Escrito pela competente e valorosa amiga, a jornalista Edilma Neiva Ibiapina, o livro é ficção que fala da vida das pessoas, com suas lutas, dramas, ilusões e desilusões, de realidades conhecidas por muitos. Obra de leitura rápida, mas que toca fundo em questões essenciais do cotidiano. 

Edilma é veterana e querida por todos. Sempre pertenceu ao lado saudável da imprensa. Vive em Brasília desde 1970, quando veio de Goiânia para cursar Comunicação na Universidade de Brasília. Bacharelou-se em duas habilitações, Jornalismo e Áudio Visual. Deu seus primeiros passos na profissão através da TV Nacional e depois na então recém inaugurada Rede Globo de Televisão, onde ficou por quinze anos. Passou por outras emissoras, como Bandeirantes e a extinta Manchete, sempre admirada e querida pelos colegas. Ainda realizou trabalhos no Executivo e no Judiciário. 

É casada há 41 anos com o também jornalista Wilson Ibiapina. Grande figura. Tem dois filhos e uma neta. Afastada há dois anos da corrida diária das redações, está começando esta nova jornada com este seu primeiro romance. 

O lançamento será no dia 7 de fevereiro próximo, a partir das 18h00, no Restaurante Carpe Diem. Pessoas do bem, com certeza, estarão presentes. Eu recomendo. Segue abaixo o convite. 





MORRE EM BRASÍLIA KURT PESSEK




O CORONEL QUE GOSTAVA DE POLÍTICA E LITERATURA

Wilson Ibiapina

Um oficial do Exército brasileiro que foi para a reserva com todos os cursos exigidos na carreira. Foi Assistente-secretário do Chefe do Gabinete Militar e membro do Gabinete da Chefia Militar no governo Geisel. Nasceu no Rio. no dia 7 de outubro de 1934 . Deixa viuva, filhos , muitos livros e amigos. Fiquei sabendo de sua morte através do convite missa de sétimo dia que a Academia Brasiliense de Letras publicou no Correio Braziliense.

Pessek ficou conhecido por ter elaborado um plano de fuga para Tancredo Neves diante da ameaça de golpe. Tancredo  lançou candidatura ao colégio eleitoral das eleições indiretas em junho de 1984, dois meses após a derrota da emenda que restabeleceria as eleições diretas para presidente. Ele era considerado por diversos setores da esquerda e por parte significativa dos militares como um candidato de consenso. Nem todos, no entanto, concordavam com isso.

"Nas cúpulas dos quartéis, havia quem dissesse que Tancredo era um homem fraco e que, se vencesse, os comunistas iriam tomar conta de tudo", avalia hoje o senador José Sarney.

Conta a revista Veja que entre todos, o mais temido por Tancredo era Newton Cruz. Os relatórios diziam que ele planejava fazer algo – criar o tal "fato novo" – entre 10 e 20 de novembro, um período em que Tancredo já se considerava virtualmente eleito.  Ao responder a uma pergunta sobre que "fato novo" poderia propiciar um golpe contra a abertura democrática, um dos militares espionados pelos informantes de Tancredo, o brigadeiro Murillo Santos, já falecido, foi claro: "O desaparecimento (morte) do candidato do governo ou do próprio presidente".

O  general mais identificado com o político mineiro era o comandante do III Exército, Leônidas Pires Gonçalves, cuja jurisdição era o Sul do país. Era para lá que Tancredo seria levado em caso de golpe. De acordo com Pessek,  o plano de fuga seria utilizado no caso de um golpe para impedir a posse. Disfarçado, Tancredo fugiria de Brasília num caminhão de mudanças, pegaria um avião teco-teco até Uberlândia – onde o comandante da Polícia Militar era aliado – e, de lá, tomaria um jatinho até Porto Alegre. Ali ficaria sob a guarda de Leônidas. 

Tancredo ouviu detalhadamente o plano de Pessek e disse na ocasião: "O golpe é realmente uma possibilidade, mas tenho fé que esse problema não ocorrerá e, sendo assim, não precisaremos usar o plano". Tancredo Neves se valeu de militares amigos para espionar e neutralizar os radicais .

Kurt Pessek morou em Fortaleza em 1978, para onde foi mandado em represália a sua  atuação em favor da candidatura do general Euler Bentes à presidência do país . Depois foi novamente transferido, desta vez, para Ilhéus, acusado de conversar muito com políticos e jornalistas.

Pessek passou seus últimos anos em Brasília, onde foi diretor presidente do jornal Última Hora de Brasília, diretor Presidente da United International Investigative Services do Brasil Vigilância e Segurança Ltda, diretor da Staff Serviços Técnicos Ltda e presidente do Mutirão Nacional Contra a Violência do Ministério da Justiça, no governo Sarney.

Dedicou-se à literatura. Escreveu vários livros e era membro da Academia Brasiliense de Letras e membro Correspondente da Academia Cearense de Letras.


Homenagem 80 anos Wilson Ibiapina