Wilson Ibiapina
Ando feito aquelas pessoas que esquecem as coisas com
facilidade. Pensei até em Alzheimer. Na
fase inicial da doença o velho ”alemão” provoca perda de memória. Mas um médico
garantiu-me que com Alzheimer você esquece e não lembra nunca mais. O que não é
meu caso.
Ainda lembro, perfeitamente,
do dia que entrei num restaurante pra almoçar e dei de cara com um amigo que
foi logo reclamando do meu atraso. Como esquecera que tinha marcado com ele,
chamara uma outra pessoa. Ainda bem que
foi no mesmo lugar. Almoçamos os três.
Passando férias num apartamento que
tinha na praia do Icaraí, Caucaia,
fiquei no bar da piscina até no começo da noite. Quem diz que lembrei o andar
do apartamento. Subi em uma outra entrada, bati em algumas portas e nada. Desci
e sentei num degrau à espera de alguém conhecido. Achei que tinham saído. Fui
acordado de um cochilo pela Vânia e o
Divaldo, sobrinhos da Edilma, minha mulher, que estavam dando uma volta pela
superquadra. O apartamento ficava em outra entrada.
Numa viagem a Parnaíba,
acompanhando o ministro Vicente Fialho,
esqueci no guarda roupa do hotel um terno que só vestira uma vez. Guarda
chuva só serve para ser abandonado em qualquer lugar. É como chapéu. Tirei da
cabeça é sinal que nunca mais vou encontrá-lo.
Caneta tem que ser a mais barata, pois esqueço com a mesma
facilidade com que compro outra. Uma vez, passeando com a família pelos parques da Disney, em Orlando, resolvi
proteger uma máquina fotográfica que a Flavinha, minha filha, havia comprado
por uma grana preta e carregava displicentemente. - Deixa que eu levo, tô vendo
a hora você esquecer num brinquedo desses. Advinha se eu sei onde a deixei.
Estou que nem o cara da música de Milionário e José Rico: “Rudemente me pediu
que esquecesse de você/ Mas eu sou tão
esquecido que esqueci de lhe esquecer”.
Ou feito o sujeito da piada que estava tomando um remédio
muito bom pra memória. Um amigo quis saber o nome, pois também não andava
lembrando das coisas. Aí o sujeito
perguntou: - Como é o nome daquela coisa que a gente planta em jardim e tem um
perfume? – Flôr? – Não parecido. Ah, rosa? – Exatamente. Rosa, minha filha,
como é mesmo o nome do remédio que o médico passou pra mim?
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