Wilson Ibiapina
O pernambucano de Recife, Nelson Rodrigues, é tido como o
mais influente dramaturgo do Brasil. Jornalista policial durante anos, adquiriu
experiência para escrever suas peças sobre a sociedade.
A vida como ela é, Vestida de Noiva, Mulher sem Pecado, Beijo
no Asfalto são algumas de suas peças que ajudaram a modernizar o teatro
brasileiro.
Nelson Rodrigues é autor de frases inesquecíveis como:
"Tarado é toda pessoa normal pega em flagrante."
No Brasil, quem não é canalha na véspera é canalha no dia
seguinte.”
"Deus só frequenta as igrejas vazias.”
"Copacabana vive, por semana, sete domingos."
"Não reparem que eu misture os tratamentos de tu e
você. Não acredito em brasileiro sem erro de concordância.
"Não há ninguém mais vago, mais irrelevante, mais
contínuo do que o ex-ministro".
"O Natal já foi festa, já foi um profundo gesto de
amor. Hoje, o Natal é um orçamento."
"Toda a unanimidade é burra."
Numa entrevista à repórter Luciane Louzeiro, do Jornal do
Brasil, Nelson falou sobre seu livro o Reacionário. Já doente , conversou mais
de uma hora com a jornalista sobre o livro. Editado pela Record, O Reacionário é uma autobiografia. Reúne confissões e
memórias. Disse pra Luciane: "O sujeito que ler o livro poderá me ver por
dentro. Recordo quando, aos 13 anos de idade, entrei para o jornalismo como
repórter de polícia. Esta opção eu explico: eu tinha muita curiosidade pelas
adúlteras, as adúlteras que o marido mata ou que se mata ou nem uma coisa nem
outra e continua traíndo". Na verdade, trata-se de uma coletânea de
crônicas que ele publicou no jornal O Globo e no Correio da Manhã, no período
de 1969 a 1974.
Nelson é convidado por uma livraria para lançar o livro em
Florianópolis. Como ele detestava viajar de avião, resolve ir de carro. Com a
saúde abalada, decide levar a irmã para cuidar dele. Foram 17 horas de viagem
do Rio até Florianópolis . Na capital catarinense vai direto pra livraria
carregando uma montanha de livros. Cansado, mas resistente. Ficou das 19 horas
até às 23 horas sentado em uma cadeira à espera de compradores. Não apareceu um
só catarinense para comprar seu livro O Reacionário. O jornalista Carlos
Henrique de Almeida Santos tem quase certeza que foi lá, naquele noite sem autógrafo, que ele cunhou a frase: "Se Deus não gostasse dos
idiotas não teria feito tantos."
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