Entre as suas obras mais famosas estão “Viva o povo
brasileiro”, “A arte de roubar as galinhas”,“Sargento Getúlio”, “O sorriso dos
lagartos” e “A casa dos budas ditosos”.Em 2008, o escritor ganhou o prêmio
Camões, considerado o mais importante da literatura brasileira. Além de
escritor, era jornalista, roteirista, advogado e professor.
João Ubaldo achava Fernando Henrique Cardoso um sociólogo
mediocre: “Porque ele é um sociólogo medíocre. Eu sou do campo. Eu sou... eu
fui professor de ciência política, li os livros dele, e você não tem nos livros
dele nenhuma contribuição significativa para o pensamento sociológico
brasileiro. É um sociólogo medíocre”.
O VÍCIO
João Ubaldo tinha sérios problemas com o álcool. O escritor,
que começou a beber aos 53 anos, chegou a frequentar o grupo Alcoólicos
Anônimos e conseguiu superar o vício com ajuda da religião. “Foi uma luta de
oito anos, complicadíssima. Tudo começou com uma depressão, em 1994, quando
voltei da Copa do Mundo dos Estados Unidos. Uma depressão sem motivo, mas eu
caí de cama, só não quis me suicidar. Tomei todos os remédios possíveis. Eu,
que já bebia bastante, tentei curar a depressão com álcool, que é a pior
burrice que alguém pode fazer”, contou em entrevista à revista Veja. Ele era o
7º ocupante da cadeira número 34 da Academia Brasileira de Letras desde 1993,
quando se tornou sucessor do piauiense Carlos Castello Branco.Candidato à
Academia Brasileira de Letras teve que visitar os imortais em busca de voto.
Certo dia, já na terceira visita, doido pra tomar uma e só lhe ofereciam chá,
café. E aí ele armou. Ao chegar ao apartamento de um imortal foi logo dizendo:
- O Thómas pediu-me para lhe dar um abraço. - Que Thómas? - Ah, eu tomo uísque
com gelo.
Dizia ele : “ Bebida não é tratamento para nada. E isso eu
comprovei através do estado a que eu cheguei, fiquei inchado, fiquei... praticamente
imprestável alguns meses. E procurei ajuda." Em entrevista ao Roda Viva, Marcelo Rubens Paiva:
perguntou se ele já escreveu de porre e percebeu que é melhor do que
lucidamente?
João Ubaldo Ribeiro: “Não, eu acho escrever de porre
absolutamente impossível. Quer dizer, possível, fisicamente, é. Mas só sai
porcaria. [apontando para si] Na minha experiência. Eu já escrevi de porre
pouquíssimas vezes, porque acabei desistindo logo quando vi o resultado. É... A
ponto de chorar de emoção com a beleza e a grandeza literária do texto que eu
estava fazendo, para no dia seguinte, descobrir que se tratava de um delírio de
bêbado, uma besteirada completamente asnática.
CIGARRO
Ele conta que começou a fumar por causa de uma namorada. Ele
tinha 15 anos e ela 16. Na época ele detestava cigarro. Um dia, ela falou para
uma amiga: “"Você tem um cigarro aí?" - eu me lembro do nome das
duas, mas não vou citar, evidentemente. Disse a outra: "Você tem um
cigarro aí?". A outra disse: "Tenho.". Ela fez "É, porque
aqui é ao contrário: o homem não fuma e a mulher fuma.". Eu achei que ela
estava agredindo minha... minha masculinidade, e achei que estava realmente,
que eu era um efeminado... .. e comprei uma carteira de Columbia, um maço de Columbia,
ao sair da casa dela, nesse mesmo dia. E passei cerca de uns dois meses me
forçando a fumar, até que me viciei. Até hoje. João Ubaldo Osório Pimentel
Ribeiro, baiano da Ilha de Itaparica,estava em casa no Leblon, Zona Sul do Rio
de Janeiro, no momento em que teve
uma embolia pulmonar. Foi na madrugada da sexta feira, 18 de julho de 2014 que
ele morreu aos 73 anos.
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