domingo, 27 de julho de 2014

UMA INVASÃO INÉDITA




Wilson ibiapina

Foi graças a Copa que o brasileiro tomou conhecimento dos nossos vizinhos. Como se não bastassem as barreiras da língua, dos Andes e da selva amazônica para nos afastar, as nossas cidades estão na beira dos oceanos: lá no pacifico e aqui no atlântico. 

O brasileiro tem paixão pelos colonizadores europeus, o que nos leva a agendar viagens ao velho continente, deixando a América do Sul quase no esquecimento. A Copa fez com que todos esquecessem as rivalidades regionais e marcassem encontro no Brasil, país que eles também não conheciam. Mais de 450 mil latino-americanos bateram pernas de norte a sul. Comeram e beberam com tanta desenvoltura que pareciam nativos, Curtiram as cidades, as pessoas,a comida, a música, com tanta intensidade que nem a língua atrapalhou a integração. Muitos se apaixonaram e prometem voltar. O portunhol falado fez lembrar que desde o surgimento do Mercosul nós devíamos estar aprendendo espanhol. 

Muita gente não sabia que a Colômbia tem a segunda maior população da América do Sul, só perde para o Brasil. Que lá é a terra do café, das esmeraldas, da coca, da guerrilha e que é a pátria de Gabriel Garcia Marques, prêmio nobel de literatura. São de lá também a cantora Shakira, o atacante James Rodriguez e o lateral Zuñiga, que fraturou uma vértebra de Neymar. Não fosse essa Copa, não teria ficado sabendo que a pequena Costa Rica, com sua surpreendente seleção, na América Latina só perde para o México na competitividade em viagens e turismo. É o único país da América Latina incluso na lista das 22 democracias mais antigas do mundo e que lá, desde 1948 não existe exército. 

Olha só o exemplo que o presidente da Costa Rica nos passa: Luís Guillermo Solís baixou decreto acabando com o culto a personalidade. Proibiu que coloquem o nome dele em placas de inauguração de obras públicas. Pontes, rodovias e edifícios entregues em seu mandato não terão o seu nome. Ele veta também o uso do seu retrato em repartições do governo. Diz que o culto da imagem do Presidente acabou na Costa Rica, pelo menos no seu governo.

Foi uma troca geral de informações, conhecimentos. Os encontros amistosos em bares, praias, praças e no comércio pareciam que todos não estavam aqui como rivais para torcer por seus times. As barreiras geográficas sumiram. Como disse o sociólogo inglês David Goldblatt, a “Copa do Mundo virou uma festa de debutante para a classe média latino-americana.” 

Foi o futebol que fez toda essa gente descobrir o Brasil.  Os argentinos, depois dos mexicanos e colombianos,  foram os que mais se sentiram à vontade. Ocuparam os estádios, nossas cidades, as ruas e as praias, Tomaram banho de sol, de mar e pegaram nossas garotas. Como se achassem pouco ainda tentaram levar a Taça. A Copa trouxe também africanos, asiáticos, europeus e norte americanos que, com os brasileiros e latino americanos, transformaram o país num ponto de encontro de culturas de todo mundo, numa grande confraternização. Acho que todos se sentiram em casa.

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