Francês não
gosta de tomar banho, feito bode. Essa mania da maioria dos franceses a gente
sente pelo cheiro de azedo que eles exalam na rua, no trabalho, nos bares e
restaurantes, onde se divertem com pão, queijo e vinho. É comum encontra-los no
metrô com uma baguete debaixo do sovaco.
Uma matéria
feita pelo jornal Republicain Lorrain, afirma que apenas 26% dos franceses
tomam banho todos os dias.
Um
casal de médicos, meus amigos, conta que “na época que lá viveram,
morávam em um prédio de 4 andares, nas proximidades do hospital onde trabalhavam.
“Todos os dias, antes de irmos para o hospital, tomávamos banho - o velho
costume brasileiro. Podia estar nevando ou fazendo sol, não fazíamos diferente:
banho antes de sair do apartamento; e nunca faltava água, E aqui entra o
estranho: aos sábados só tínhamos oportunidade de tomar banho à tarde! Pela
manhã, por ser o dia do banho dos franceses (assim sempre pensamos), só
tínhamos água após o meio dia!"
No dia em
que chegaram a Paris, os meus amigos foram para um hotel enquanto procuravam apartamento. Olha só o
depoimento deles: “ E neste hotel, uma pocilga, na verdade, duas coisas me
chamaram a atenção: no quarto, junto com as camas etc., havia um bidé...
portátil. De plástico e transportável para qualquer lugar do quarto. Porém,
exigia que se apanhasse água na pia, também existente no quarto, e a colocasse
no bidé. Assim, no caso de se querer usá-lo..., só na base do tcheco-tcheco!! O
outro detalhe era o WC, só havia o coletivo para o andar, mas que ficava ao
lado de uma escada em caracol, entre os andares. Claro que saímos no dia
seguinte.”
Até hoje é muito comum encontrar prédios
antigos com um único vaso sanitário que é compartilhado por mais de um
apartamento. Normalmente, ele se encontra estrategicamente junto à escada entre
dois pavimentos, servindo aos habitantes do andar de cima e aos de baixo. Mas
vamos continuar lendo o depoimento do doutor: “Outro fato que chamou a atenção
foi a nossa descoberta, no mesmo hotel, das "luvas para banho!", convenientemente
colocadas ao lado do bidé; ocasião em que ficamos sabendo da fórmula francesa
para os banhos. Vestia-se uma da luvas, molhava-se a danada e passava-se nas
partes intimas mais sujas. ..
pronto; o banho estava tomado! Os mais sofisticados e cuidadosos, soubemos,
recorriam aos perfumes. Até porque o banho de luva era uma porcaria, não tirava
o azedo dos corpos e das roupas; os grossos sobretudos, jamais eram lavados e
fediam a mofo e outros miasmas pestilentos. Bastava pegar o metrô para
comprovar o resultado.
Por volta
de 1600 o banho era tomado numa única tina enorme, cheia de água quente. O
chefe da família era o primeiro a entrar na água limpa. Depois, com a mesma
água, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade. Em seguida as
mulheres, também por ordem de idade e por fim as crianças que pegavam uma água
escura de tanta sujeira. Naquele tempo os casamentos ocorriam preferencialmente
no mês de maio porque o cheiro das pessoas ainda estava suportável. As noivas
usavam o buquê de flores junto ao corpo para disfarçar o odor que exalava de
suas partes intimas. Dizem que foi essa a origem do buquê.
Quando visitei em
Granada, Espanha, o palácio real que os árabes construíram em Alhambra por
volta de 1300, com técnicas e formas da arquitetura islâmica, eu vi vasos
sanitários com água corrente. Pois em 1700 não existia privada nas residências
da Europa. Nem o quarto do rei tinha banheiro. Não existia escova de dentes,
desodorantes ou papel higiênico. Usavam penicos e os excrementos eram jogados
pelas janelas. São Luís do Maranhão, cidade fundada pelos franceses, tem uma
rua, chamada de beco da merda, onde a cidade, todas as manhãs despejava fezes e
urinas.
Dom João VI quando estava no Rio foi aconselhado pelos médicos a tomar
um banho para curar umas bolhas que lhe cobriam a pele que há anos não via
água. Construíram um banheiro especial que ele só foi usar meses depois quando
não agüentava mais a coceira pelo corpo.
Na França as pessoas eram abanadas,
mesmo no inverno, para espantar o mau cheiro que exalavam. O perfume só entrou
na vida deles muito depois, embora o uso no Oriente de essências aromáticas
seja muito antigo, aparece até em relatos bíblicos. Os nossos ancestrais
queimavam madeira e folhas de cedro e pinheiro e outras árvores com troncos
odoríficos para sentir o aroma que vinha pela fumaça. “Per Fumum” é palavra
latina que significa pela fumaça. Catarina de Médicis, quando partiu de
Florença para casar com Henrique de Valois, futuro Rei da França, em 1522,
levou com ela dois perfumistas
incumbidos de procurar durante a viagem uma vegetação similar a de Toscana.
Encontraram, no sul da França, na região de Provence, a aldeia de Grasse, com
suas colinas, rosas e jasmins. Foi assim que nasceu a cidade dos perfumes. Logo
a reputação dos perfumes de Grasse conquistou Paris e, depois, toda a Europa.
Em 1850 a cidade já contava com 50 perfumarias. A década de 20 foi uma das mais
criativas na área da perfumaria. Viu surgir o Chanel número Cinco, o primeiro
feito com materiais sintéticos. A partir dele, o perfume passou a ser associado
ao jogo da sedução, que ganhou fora nos anos 50 quando a atriz Marilyn Monroe
que para dormir usava apenas uma gotinha de Chanel nº 5.
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