Vamos exibir nossa cultura, sem vergonha.
wilson ibiapina
wilson ibiapina
O jornalista Macário Batista contou-me que ao passar recentemente por Lisboa teve uma surpresa agradável. Ao visitar uma feira internacional de livros que estava acontecendo na capital lusa, ouviu o serviço de som da feira tocar, durante horas, músicas nordestinas na voz de Luiz Gonzaga. Uma coisa realmente surpreendente, já que no Ceará você dificilmente vai ter a oportunidade de ouvir a boa música regional em feiras, bares, restaurantes da orla, nos hotéis, parques, seja lá onde for. Parece que temos vergonha de exibir o que é nosso.
Não tem sentido a música internacional que os cearenses exibem aos visitantes. Também música baiana é coisa dos baianos, como samba é dos cariocas. O aeroporto internacional de Fortaleza não tem um só CD do Fagner, do Fausto Nilo, Belchior, Ednardo, ou de qualquer um outro cantor da terra ou da região. Se tem, não toca. Os Cds dos artistas da terra sumiram até da loja de discos do Pinto Martins.
Quando a gente chega a uma cidade quer conhecer a comida, a música, os costumes, o sotaque, enfim penetrar naquela comunidade, sentir sua força cultural.
Lustosa da Costa conta em seu livro “Crônicas para o entardecer” que um cidadão, no interior, ao se confessar numa igreja, diz ao padre que seu pecado é ser orgulhoso. O padre quer saber se ele é culto: "Não? Então você não tem nada de orgulhoso, você é um besta!”
Meu Deus como tem gente besta nesse nosso Ceará. Pessoas que se envergonham do lugar em que nasceu, escondem os pais por serem humildes. Quando melhoram de vida, esquecem os amigos de infância como se quisessem apagar o passado. E passam a desprezar tudo que é da terra, valorizando coisas banais de outras praças, como se aquele comportamento desse status de pessoa nobre, sábia.
Vamos valorizar o que é nosso. O turista precisa saber o que somos, como somos. Aposto que ele vai gostar e muito. Vamos deixar de ser orgulhosos, ou melhor, chega de ser besta!
Bibi, gostei muito do seu texto!!!
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