Segundo Leonardo Mota, folclorista, jornalista, advogado e
escritor, foram os piauienses e maranhenses que nos batizaram assim durante a
guerra pela independência, que é por onde vou começar essa história.
Dia 13 de março completa 191 anos da batalha do Jenipapo.
Poucos sabem dessa briga que foi decisiva para a independência do Brasil. Ela
ocorreu às margens do riacho Jenipapo, no Piauí. Piauienses, maranhenses e
cearenses enfrentaram as tropas do major João José da Cunha Fidié, comandante
das tropas portuguesas
encarregadas de manter o norte da ex-colônia fiel ao reino de Portugal. Dom
João VI, de volta a Portugal, reconheceu que a independência do Brasil era difícil
de conter-se. Aí achou de preservar o norte, reunindo Pará, Maranhão e Piauí
como colônia portuguesa. Enviou então para Oeiras, capital do Piauí, o major
Fidié. Os brasileiros sem armas de guerra e sem experiência, perderam a
batalha mas ajudaram a mudar o
destino da tropa portuguesa que foi aquartelar-se em Caxias, no Maranhão. Lá,
piauienses e cearenses fizeram um cerco obrigando ao major Fidié a se render preservando a unidade nacional.
Para
que a independência se fizesse em terras piauienses foi preciso a ajuda dos
cearenses. Eram homens simples, vaqueiros e roceiros humildes praticamente com
a coragem e a cara. Receberam uns bonés, achatados, grandes que, segundo Leonardo Mota, deram origem ao apelido
de Cabeças-Chatas, alcunha que nunca mais nos largou. Há quem diga que temos a
cabeça chata porque dormimos em rede.
Leota lembra que em São Paulo
acham que o achatamento de
nossas cabeças vem do fato de, desde criancinha, nossas mães dão pancadinhas na
cabeça, estimulando-nos: “Cresça, meu filho, cresça para ir ganhar dinheiro em
São Paulo”... Leonardo Mota dizia que temos um consolo, o mal é de muitos. “Na
Europa, os alsacianos são os cabeças-quadradas (têtes carrées) e os naturais de
Calais são os cabeças-de-areia (têtes sableuses). Essa história está no livro
Cabeças-Chatas, de Leonardo Mota, editado pela Casa do Ceará em Brasilia, onde
traça o perfil de alguns cabeças-chatas como Paula Nei, Capistrano de Abreu,
Quintino Cunha e jangadeiro Francisco José Nascimento, o Dragão do Mar, um dos
líderes da abolição dos escravos no Ceará que se antecipou ao Brasil em mais de
quatro anos.
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