Wilson Ibiapina
Na manhã de um sábado de setembro, às vésperas da
primavera, fui até à Feira da Torre de Televisão. Aproveitei para conversar com
os feirantes sobre a onda de turistas que invadiu o local nos dias de jogos no
Mané Garrincha, que fica bem ao lado.
Os argentinos eram os primeiros a chegar.
Às seis e meia da manhã eles já estavam por lá bebendo cerveja e reclamando dos
preços. Os colombianos, também, encrenqueiros, só pagavam depois de muita
reclamação. Os dois, oriundos de países de moeda fraca. Os europeus pagavam 10
reais por uma lata de cerveja. Achavam tudo barato. Um feirante foi multado ao
ser flagrado vendendo um copo de caipirinha por 99 reais.
Os mais de dez mil
turistas, principalmente os estrangeiros, comiam pouco, bebiam muito. Os suíços
provaram o acarajé da Mainha. Pediram pimenta, pagaram sem reclamar. Os
asiáticos e africanos também encararam a comida baiana. Para evitar protestos
ou brigas, tudo tinha que fechar às 10 da noite, para revolta dos argentinos
que arrumaram uma confusão com policiais. Para acabar com qualquer resistência,
a Polícia passou a espalhar gás de pimenta na praça de alimentação. Não ficava
ninguém depois das dez. Nem os argentinos bêbados, que saiam reclamando da
"falta de liberdade". Foi na Feira que a Polícia Federal prendeu um
colombiano, cambista, que estava com o bolso cheio de dinheiro e de ingressos
para os jogos.
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