Brasília nasceu generosa.
Generosa com quem aqui
chegou antes mesmo de existir brasilienses.
Generosamente terra das
oportunidades.
Não exagero!
Brasília foi generosa com
quem veio a cavalo, caminhão, avião, a pé
Para fincar a Estaca Zero.
Brasília tem generosidade
camaleoa. Noite e dia.
Com ou sem censura,
Brasília foi generosa com a ditadura e com a Democracia.
Generosa com os partidos e
partidários.
Com os honestos e
salafrários.
Brasília é generosíssima
com quem explora seu espaço sagrado:
construtores, invasores,
corretores e especuladores.
Brasília acolhe cineastas,
fotógrafos e cinegrafistas.
É generosa em megapixel.
Vindo de onde vier,
Brasília seduz pelo céu.
E se entrega
escandalosamente em luz, sua matéria prima:
paisagem em azul – mar de
cabeça prá cima.
Brasília é generosa com
artistas, repentistas e desportistas.
Com a diversidade e com a
arte por toda parte.
Brasília hospeda
generosamente todas as diplomacias, credos e famílias.
Brasília é generosíssima
com servidores públicos e privados.
Com os bem e os mal amados.
Para jornalistas, Brasília
é generosa vedete.
Os fatos são eloquentes,
as informações são fartas,
com ou sem cassetete,
Tem sempre notícia para
salvar a manchete.
Brasília é generosa com
escritores e com o arquiteto
Com os poetas do concreto e
do afeto.
Generosa com os humildes e
os sem-destino,
Com o ateu e o divino.
Também é generosa com quem
busca seu endereço
Para ter poder a qualquer
preço.
Brasília só quer justiça
Com os que fazem da força
Um jogo de barganha,
ganância e cobiça.
Brasília é, sobretudo,
generosa com os governantes.
Com os amantes e os
flutuantes.
Com os bélicos e angélicos.
Generosa com aventureiros,
grileiros, trapaceiros e curandeiros.
Generosa com os místicos,
políticos, causídicos e com tantos críticos.
Brasília é generosa com as
cores, os sabores e os beija-flores.
Brasília é generosa com quem
ganhou e com quem perdeu...
Com quem busca um chão para
chamar de seu
E até com aquele que cospe
no prato que comeu.
Oh! Deus, até quando vai
durar tanta generosidade?
Brasília é um sorriso, um
abraço e um olhar
À espera de reciprocidade.
Silvestre Gorgulho
Nenhum comentário:
Postar um comentário