quarta-feira, 30 de abril de 2014

LÁ NO CEARÁ: CAMPANHA PELAS VÍTIMAS DO ORÓS


Eu estava começando em rádio, em 1960, quando veio a notícia. Por causa de uma grande chuva, o rio Jaguaribe começou a transbordar, provocando uma enchente que ameaçou o açude Orós. A população ribeirinha passou a viver momentos dramáticos. O arrombamento do Orós iria  inundar o médio e o baixo Jaguaribe. Cidades como Russas, Aracati, Itaiçaba, Jaguaribe, Limoeiro do Norte e Icó começaram a retirar a população com o auxílio do Exército. 

A Ceará Rádio Clube, a mais importante emissora dos Associados, deslocou logo o repórter Nogueira Saraiva para o local. A Rádio Dragão, que despontava em audiência com suas radionovelas, mobilizou imediatamente o cast e foi pra rua pedir  ajuda para as pessoas ameaçadas. Os artistas do radioteatro, como Oliveira Filho, Mário Santos, João Falcão, Glauria Farias, Consuelo Ferreira, Haroldo Serra, Cleide Holanda e outros que não lembro agora os nomes saíram em procissão pedindo ajuda para as vítimas do Orós. Um lençol branco, com os artistas segurando nas pontas, era levado bem na frente pela rua Guilherme Rocha, no trecho entre as praças do Ferreira e José de Alencar. Uma bandinha tocando dobrados e o diretor de radioteatro Jota Oliveira, com um megafone, pedindo a a colaboração:  “Vamos ajudar as vítimas do Orós. O açude vai arrombar. Precisamos de sua ajuda.” E todo mundo colaborando, jogando dinheiro no lençol. Quando o cortejo passava em frente ao café Ritz, na verdade um bar lotado de papudinhos, jornalistas, poetas e artistas, um bêbado, com uma cédula de  mil cruzeiros na mão, parou em frente ao lençol e perguntou ao Jota Oliveira: "E se não arrombar?"

O chefe do radioteatro respondeu no megafone, no mesmo instante em que tomava o dinheiro das mãos do cidadão e  jogava no lençol: Arromba! Arromba, sim!!!

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