Ferros, no interior de Minas Gerais, que já deu muita gente séria como este seu amigo que é abstêmio ou quase, quer queira, quer não, sempre foi terra de cachaceiros. E aonde há cachaceiros nunca falta quem implique com eles.
Abel gostava de cachaça, mas via-se muito tolhido em seu salutar hábito de ficar bêbado. Em sua casa portas da rua trancadas. Ele vigiado, quase amarrado.
Abel é um assombro porque mesmo assim, mostra-se compreensivo. Cordato com todas essas injúrias conforma-se com a prisão...
Os dias passam. Agora ele, sem gritos, sem rancores, sem alarde, consegue mais de uma vez embriagar-se. Para espanto e indignação de seus algozes. Ele foge? Como? A bebida só pode estar escondida, concluem. Reviram a casa, os armários, as gavetas, as prateleiras, o inferno. E nada. Aonde fica escondida essa maldita pinga?
Abel está agora ressabiado. De soslaio, caladinho observa a revolução que aprontam em sua casa. A mulher, os filhos, as
empregadas, seus cunhados, seus vizinhos, todos desesperados para encontrar as bebidas.
Um dia rindo, gozando, debochando-se de todos, contou (num botequim - é evidente) a sua mágica: no vasto quintal de sua casa havia cajueiros carregados. Ardiloso, paciente e previdente, injetara, com todo capricho, umas dezenas doses de pinga em cada fruto quase maduro. Passava os dias... Comendo e bebendo.
Caju - é claro.
Salute!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário