Se você me pedisse um conselho sobre um livro, eu ia sugerir Paris é
uma Festa. Pequeno, de leitura fácil e agradável. Ernest Hemingway fala dos
escritores e artistas com quem conviveu num tempo de dificuldade financeira,
mas nem por isso triste.
Betty Milan diz que o livro foi escrito por causa de um acontecimento
inesperado. Em 1957 Hemingway volta a Paris e se hospeda no Hotel Ritz. Para
sua surpresa, os encarregados das bagagens lhe devolvem duas malas esquecidas
num quarto do hotel 30 anos antes. Estavam lá cadernos com anotações sobre o
cotidiano de Paris entre 1921 e 1926. Com esses dados ele partiu para o livro
que fala dos tumultos e beleza dos anos 20. Foi publicado em 1964, depois da
morte do autor, que ocorreu em 1961.
Entre as personalidades do circulo de amizade do autor estava Scott
Fitzgerald. Casado com Zelda Sayre, louca, Scott fazia tudo para agradá-la.
Um dia Ernest foi encontrá-lo numa oficina cortando com maçarico o teto de um
carro, último modelo que havia custado uma grana. Explicou que Zelda não
gostara do carro porque não podia ver o por do Sol.
De outra feita, Hemingway o encontrou num bar, aos prantos.
Queixou-se que sua mulher não gostava mais dele e tinha certeza que era porque
tinha o pênis pequeno. Hemingway levou Scott ao Louvre e pediu para que
olhasse as estátuas dos deuses.
Scott, que tinha sido alcoólatra nos tempos da faculdade, continuava
tomando todas. Ele ganhava muito dinheiro e fama com seus livros. Alugava
aqueles príncipes desempregados pela revolução russa para fazer as honras nas
festas monumentais que promovia em Paris. Segundo Hemingway, um dia ele
escreveu na porta da adega: “Não arrombe a adega, mesmo com ordem do dono da
casa!”. Scott morreu aos 44 anos de ataque cardíaco. A bebida lhe acompanhou
por toda vida Ele tinha consciência do perigo: “Primeiro você toma um
drinque, então um drinque toma um drinque, e aí o drinque toma você.” Tem
muitas outras histórias que retratam uma época em que Paris já era uma festa.
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