Morreu em
Fortaleza, sábado passado, dia 08 de março, aos 71 anos, o jornalista Wanderley Pereira, um dos maiores nomes
do jornalismo brasileiro e, seguramente, um dos gigantes de sua geração.
Seu
Wanderley, como era chamado pelos colegas, era grande na competência, no
talento e no coração, como lembra Luís Joca. Wanderley foi da Gazeta de Notícias. Começou lá depois de
passar no teste da Muriçoca, como conta o jornalista Rangel Cavalcante, seu
primeiro chefe de reportagem: “Era
como um irmão para mim. Desde que o submeti ao "teste da
muriçoca" para ele entrar na
Gazeta. O teste era escrever 15 linhas sobre muriçoca. A maioria levava pau
logo quando não sabia que o nome do inseto se escrevia com Ç. Nesse teste foram
submetidos, com êxito, ele e o Vander Silvio, que se tornaram meus repórteres.
Quem inventou esse teste besta foi o Telmo Freitas".
Wanderley era
autoditada. Morava no interior e só aprendeu a ler e escrever aos 15 anos de
idade. Querido e
respeitado por todos, Wanderley Pereira era a voz da experiência e da sensatez
que se alimentava na sua sólida formação espiritual. Quando morou em Brasilia,
ele desenvolveu um trabalho de ajuda a velhinhos através de um centro espírita.
O jornalista paraibano Bartolomeu Rodrigues relembra com saudade do Wanderley
e, em sua homenagem, relembra essa história: " No final dos anos 70,
recem-chegado a Brasília, fui ter com Wanderley em seu apartamento. Ele, no JB
e eu dando os primeiros passos no JBr. Ele me ofereceu uma boa história, que fui buscar num centro
espírita no Núcleo Bandeirante. Escrevi a matéria a mão, em folhas de papel de
carta, durante a madrugada no quarto da pensão em que eu morava na 704 Sul.
Minha mala servia de escrivaninha. No dia seguinte datilografei-a na redação.
Onze laudas. Foi manchete a história de um velhinho que tinha servido na FEB e
vivia da caridade dos outros. Foi minha primeira grande reportagem. Presente de
Wanderley".
Poeta, repentista, um dia, aqui em
Brasília, viu o seu pedido de entrevista ao ministro da Justiça ser negado. Não
teve dúvida, em verso de cordel, renovou o pedido que o ministro Armando
Falcão, seu conterrâneo, não teve como negar.
Wanderley exerceu cargos de
destaque e passou pelos principais veículos de comunicação do país. Foi
repórter da revista Veja, do jornal do Brasil, do jornal O Dia, no Piauí, e do
jornal O Povo. Voltou para o Ceará para ser porta-voz do primeiro governo de Tasso Jereissati. Depois
foi presidente da TVC e, há cerca
de duas décadas, trabalhava na TV Jangadeiro, onde foi editor de opinião.
Ultimamente, já doente, com problemas no pulmão, dedicava-se a um centro
espírita, onde trabalhava para aliviar as dores das pessoas, como se ele mesmo
não estivesse morrendo corroído
por um câncer.
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