Não podia
deixar passar em branco o
aniversário do jornalista Sebastião Nery. Não é todo dia que
atravessamos os 80 anos. O grande
Sebastião Nery nasceu tão magrinho
que o "defuntinho" quase que foi enterrado vivo. Desde então, vive sob a proteção de uma
Nuvem. O trem apitou quando ele saiu de Jaguaquara, na Bahia, para ganhar o
mundo. Antes do jornalismo passou pelo seminário. Aprendeu latim, português , filosofia
e história Vários de seus colegas de seminário viraram bispo ou cardeal. E é
ele que pergunta e responde: “Você sabe por que os cardeais todos passam dos 80
anos?
São cinco razões:
1) Comem
devagar.
2) Tomam
vinho no almoço.
3) Dormem
depois do almoço.
4) Se tiver
dívida, manda para o papa.
5) Se tiver
dúvida, manda para Deus.
Sebastião,
sem ser cardeal, também passou dos 80 anos, naturalmente, sem mandar as dívidas
para o Papa, mas bebendo vinho, comendo devagar e mandando as dúvidas pra Deus.
Duas
histórias contadas por ele. A primeira sobre a origem do folclore político na
imprensa :
“No dia do aniversário de Juscelino
Kubitschek (12 de setembro), eu fui fazer um artigo para o jornal Tribuna da
Imprensa, contando umas histórias simples dele, mas o major Douglas, censor do
Tribuna, me disse: “Nery, isso aqui não pode sair”. Acrescentou que Juscelino,
Brizola e Dom Hélder não sairiam nem se fosse a morte da mãe. Aí eu disse para
o Dílson Lages, que era o editor do jornal, para ele colocar uma coisa
qualquer. Mas ele disse: “O jornal não roda. Com sinal de censura, o jornal não
sai. Você tem que escrever alguma coisa”. Eu fui para a máquina e escrevi
assim: “Alquimia das sete histórias de um gênio da raça”, sobre o José Maria.
Acontece que, para testar, botei o Juscelino em uma das histórias. No outro
dia, conferi: tinha sido tudo publicado. Aí o Abelardo Jurema, ex-ministro de
Jango, disse: “Nery, que sacada fantástica a sua! Já que tem censura, você pode
falar da política através do folclore político”.
Ele na TV
Globo: “Depois que eu deixei
São Paulo, fui para o Rio, onde fui editor político da TV Globo e, mais uma
vez, troquei Deus pelo Diabo. Naquela época, a Globo estava nascendo, e eu
tinha feito um cursinho de televisão, em Paris, por conta do Partido Comunista.
Comecei na Globo antes do Walter
Clark, antes do Boni (José Bonifácio Sobrinho), antes desse povo todo. Mauro
Sales era o diretor geral e Eraldo Cardim era o diretor do departamento de
jornalismo. Eu era repórter, apurador, redator e editor de política. Naquela
época, só tinha um sujeito em cada editoria, nós éramos oito e fazíamos o
jornal.
No início,
o jornal era chamando de Ultra Notícias, mas nos negamos a manter aquele nome e
fomos até Roberto Marinho e definimos que seria Jornal da Globo, que era
transmitido às 20h. O Jornal Nacional só passou a existir depois que eles
fizeram a rede, em 1972.
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