Liguei o rádio do carro bem na hora que o
jornalista Rui Castro dava uma entrevista. Falava sobre o disco de vinil, o
velho e saudoso Long Play. Fiquei sabendo que Rui é colecionador de LP, o
disco que surgiu em 1948 nos Estados Unidos mas só chegou ao Brasil nos
anos 50, mesma época em que apareceu a televisão.
Lembro quando meu pai comprou a primeira
eletrola, um móvel com um rádio e um toca-discos. Ficava na sala de nossa
casa na avenida padre Ibiapina, em Fortaleza. Só que nossos primeiros discos
eram de cera e em 78 rotações. Uma música de cada lado.
O LP de vinil chegou cheio de novidades.
A capa era uma grande atração. Feita por artistas gráficos selecionados
pelas gravadoras, era um verdadeiro chamariz, ajudava a vender as músicas,
atraindo os compradores. A outra novidade era a quantidade de músicas, seis de
cada lado. Comodidade, dois, três LPs no suporte do toca-discos e lá se
iam alguns minutos de prazer.
Lá na nossa casa, só depois de algum tempo é
que a eletrola pode ser substituída por uma radiola, com toca disco em 33
rotações, sem precisar ficar, todo tempo, mudando a agulha e o disco.
O primeiro LP feito no Brasil pela
Capitol foi Carnaval, gravado pelos Cariocas só com sambas e marchinhas. São
preciosidades da música popular brasileira que levam o jornalista Rui Castro a
sair à procura de sebos de LPs. Quando encontra aqueles caras vendendo os
bolachões que ficam espalhados nas calçadas, Rui, de cócoras, seleciona
durante um bom tempo os que ainda não tem. O prazer dele não acaba aí.
Em casa, lava o LP com sabão e bucha para tirar
manchas de gordura. Depois, enquanto o disco seca, ele prepara invólucro de
plástico para proteção do LP do jeito que vem de fábrica. Na
discoteca, nem parece que ele comprou na rua.
O LP dominou o mercado durante uns 40 anos,
quando foi substituído pelo Compact Disc. Hora, também, de todo mundo
trocar os aparelhos de som. Aqui em casa, não fiz como meu pai que se
livrou da primeira eletrola. Guardamos o nosso modesto aparelho Sharp –Belt
Drive Stereo Turntable. Ele aceita fita de áudio tape e toca LP. Uso pouco com
medo que a agulha se desgaste e não encontre outra no mercado.
Os CDs , que ocuparam o espaço dos Lps, parecem
estar com os dias contados. Começam a ser substituídos pela música na
Internet, pelos pen drives e sabe-se lá o que vem mais por aí.
A coleção de LPs guardada no armário, já não é
disputada apenas pelos colecionadores. Deixa de ser coisa de saudosista. Muitos
artistas estão gravando de novo em vinil. Muda o perfil do comprador. A
indústria do LP volta aos poucos.
Depois dessa entrevista do Rui Castro, em
que fala do cuidado com seus discos de vinil, juro que vou tratar os
meus com mais carinho. Vou até programar um fim de semana para uma
audição à moda antiga.
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