João Soares Neto
O Governador Camilo Santana deseja reunir os ex-governadores
do Ceará. É medida de bom senso e demonstra que os saberes de pessoas como Cid
Gomes, Lúcio Alcântara, Tasso Jereissati, Ciro Gomes, Gonzaga Mota e Adauto
Bezerra não podem/devem ficar deslembrados no momento de crise que o Ceará e o
Brasil atravessam.
Cada um dos citados tem história pessoal como chefe do poder
executivo e deve oferecer contribuições significativas nas áreas mais afetadas
e as sucessivas secas. São todos cientes da falsa promessa da refinaria
“Premium” e do estratagema montado pela FIFA, por ocasião da promessa que foi a
Copa do Mundo do ano passado, de triste memória, que nos deixou encargos a
solver e obras ainda pendentes.
A atitude de Camilo Santana, deve partir da premissa de que
somos um Estado pobre, com máquina administrativa pesada, cara e de baixa
resposta de gestão. Acredito que, serenados os óbices das diferenças naturais
dos seres humanos e as desavenças de partidos e alianças políticas, há muito
que agregar.
Esses ex-governadores, além das relações com diferentes
administrações federais, tiveram convivência com secretários de áreas
fundamentais, como saúde, educação, fazenda, desenvolvimento agrário e
econômico, combate às secas e planejamento para ficar apenas nas ações e carências
mais visíveis.
O orçamento do Ceará para 2015 prevê uma arrecadação de 23,6
bilhões de reais, o que corresponde a 1,91 % do orçamento da União, que chega a
1,235 trilhão. Ora, se somos menos de 2% da renda ou da receita bruta nacional,
entre 27 Estados, é porque não atingimos o patamar de desenvolvimento que se
esperava desde a primeira administração do governador Virgílio Távora, quando a
energia da Chesf chegou a Fortaleza e acreditou-se, através de um Plano de
Metas Governamentais - Plameg, que sairíamos do patamar baixo em que nos
encontrávamos como ente federativo.
O Ceará é ainda carente de infraestrutura básica que possa
atrair grandes projetos. Há deficiências indesculpáveis - a causar doenças - de
saneamento básico, de habitações populares, de estradas para escoamento da
produção, de indústrias estruturantes e de turismo não predatório.
Dessa análise superficial, emerge a certeza de que há
urgência em reunir a inteligência cearense para dar um fim ao que se tomou,
durante muito tempo, como conformação e destino de ser pobre e subdesenvolvido.
Não como fogueira da vaidade, mas para fumar, mesmo que em termos, o cachimbo
da paz necessária.
Os ex-governantes têm
experiência comprovada e cabedal para dar, ao aberto e ainda iniciante governo
Camilo Santana, suporte de ideias e de atos consequentes que nos façam sair
dessa desfavorável posição do Ceará no ranking brasileiro.
O Ceará gastou com desapropriações, projetos, terraplenagem
e propaganda intensiva um valor significativo, talvez algo como dois bilhões de
reais, e nada recebeu, afora promessas em sucessivas pedras fundamentais da tal
refinaria que, na verdade, parece nunca ter sido objeto de compromisso formal
da Petrobras, tal a forma fria com que os dois últimos ex-presidentesda empresa
tratavam do assunto, quando questionados aqui, na Assembleia Legislativa, em
Brasília e no Rio, onde fica sua sede.
Em dezembro de 2014, exato nos dias 2, 3 e 4, pouco antes de
assumirem, Camilo Santana e Izolda Cela planejaram e realizaram Seminário, com
conteúdo e didática, para elaborar propostas a um plano de governo. Esse
documento foi enfeixado no livro “Os 7 Cearás – propostas para o plano de
governo”. Na capa amarela desse opúsculo, encimando o seu nome, há sete
palavras, sem vírgulas entre elas: “Conhecimento Democrático Pacífico Saudável
Acolhedor Oportunidade Sustentável”.
Camilo Santana tomou-o como compromisso básico e formal, com
uma visão participativa de 1.300 pessoas entre técnicos, professores,
acadêmicos, políticos e outros profissionais experientes reunidos no Centro de
Eventos do Ceará, entre os quais cito, não por falta de merecimento dos demais,
Eudoro Santana, Élcio Batista, Joaquim Cartaxo e Roberto Cláudio Bezerra.
O Ceará deve ser muito maior do que as divergências
pessoais/partidárias de seus representantes no Congresso Nacional, as marcações
de posições dos que ficaram na oposição e a defesa dos que integram a situação
na Assembleia Legislativa. O momento brasileiro pede reflexão e ação dos que
podem modificar o ‘status quo’ que emperra o nosso desenvolvimento sustentável.
Os deputados federais eos senadores Pimentel, Eunício e Tasso devem ouvir,
opinar e ajudar.
A atitude de Camilo Santana não parece jogo de cena, mas
gesto voluntário para um concerto dos que, de formas antagônicas ou não
complementares, são corresponsáveis pela gestão do Ceará. É preciso acreditar e
agir.
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