sexta-feira, 19 de junho de 2015

POEMA DA TARDE CHUVOSA


 
Sávio Roberto Moreira Gomes
                                       
Solene, se inunda a tarde,
com tão abundante chuva,
e o ar transpira o odor
da terra molhada,
enquanto me mantém recluso
no oco da solidão escolhida.
Agitam-se afoitos relâmpagos
por entre venezianas, frestas,
e desvãos da alma,
escorrendo pela folha
o árido poema.
Ponho-me quieto,
Respeitoso, perante lampejos
e lembranças de tempestades,
tantas, ao longo do caminho.
Discreto, um fio dágua
desce pela vidraça,
numa lágrima possível.
Do telhado, grossos veios
transformam-se no chão
em loucos bailarinos,
que engraçados, dançam
num perfeito ritmo.
A chuva agora aumenta,
mas logo se aquieta,
vai se afinando, lentamente.
Como mágica, uma poeira dágua
se transluz e enfeita a tarde
num perfeito mini arco-íris,
entre o telhado e a janela.
Toda a solenidade se dispersa,
A tarde volta a sorrir.

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